sábado, 30 de abril de 2011

CEBs - Diocese de Barra Mansa

COMEÇA PROJETO DE INCLUSÃO DIGITAL EM 18 CEBs








Um salto qualitativo e quantitativo a Pastoral da Comunicação (PASCOM) acaba de dar! Foi lançado no dia 8 de abril o Projeto de Inclusão Digital Missionária (IDIM), na CEB São João Evangelista, bairro Piteiras, Paróquia São Sebastião, Barra Mansa, contando com a presença de 60 pessoas, além do bispo diocesano Dom João Maria Messi (OSM).
Num clima de oração, foi rezado Ofício Divino das Comunidades em ação de graças pelo êxito da iniciativa que teve oito meses de campanha, adesão de 18 CEBs, sendo seis delas: São João Evangelista, São Francisco de Assis, Maria de Nazaré, São Pedro, São Judas Tadeu e São Pedro/Cotiara, todas da Paróquia São Sebastião.
Contará também com Setor Centro/ VR CEB NS Aparecida, bairro São João e CEB São Geraldo. Setor 3 Conforto, CEB São Miguel Arcanjo, Morada da Granja. Setor 2 Conforto, CEB Santa Rita, Dutra. Setor NS da Anunciação, CEB Santo Agostinho. Área Norte, CEB João XXIII, Siderlândia e CEB NS da União, Retiro. Paróquia Santo Antônio, CEB Sagrado Coração de Jesus, Bocaininha. Paróquia Santa Cruz, CEB NS da Boa Morte, Vila Coringa. Setor I Conforto, CEB Sta Teresa de Ávila, Rústico. Paróquia NS das Dores, CEB São Vicente, Floriano e Setor Pinheiral, CEB NS da Conceição.
A equipe de orientadores do Projeto IDIM apresentou os equipamentos novos e explicou com detalhes o objetivo, ressaltando que visa criar a consciência digital em âmbito eclesial; mostrou as etapas de cada encontro e os temas específicos que se complementam e compartilham, esclarecendo que não será apenas um curso de informática, porque vai mais além e pretende agregar novos agentes da PASCOM. Tudo de acordo com as diretrizes diocesanas da PASCOM e os documentos do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, que falam da ética na comunicação e na internet.
Serão quatro meses de encontros de formação, atingindo 90 pessoas, com noções de jornalismo, criação de e-mail, internet, articulação da equipe comunitária da PASCOM e produção da agenda da CEB, que oportunizará duas horas por semana, em quatro encontros, totalizando oito horas de atividades práticas e teóricas.
“Hoje é um dia especial para a PASCOM, que comungo com vocês e sei o quanto se esforçaram para que fosse concretizado um projeto missionário de comunicação, ousado e corajoso. Parabenizo e gostaria que todos tivessem esta mesma consciência de vocês! O que não me agrada é ver a resistência e a indiferença das pessoas ao mundo digital, tão necessitado da presença cristã, o qual o Papa Bento XVI, sempre descreve em suas Cartas anuais pelo Dia Mundial da Comunicação, que este ano completa 45 anos em 5 de junho”, afirmou Dom João, completando que o Projeto IDIM não é um luxo, nem algo descartável e opcional, mas valioso e comprometido com a causa do Evangelho e que abrirá a cabeça dos diocesanos para algo que hoje é mais do que prioritário: a informatização e a digitalização.
Túlio Costa, um jovem de 15 anos e cheio de vitalidade e dinamismo, é da CEB São João Evangelista e coordenador da PASCOM; ele agradeceu a gentileza de abrir o projeto nas Piteiras e colocou toda a estrutura da CEB em sintonia com as demais CEBs da paróquia para que conheçam o trabalho e passem a fazer parte da mesma.

Fonte: PASCOM Diocese de Barra Mansa


Paróquia São Sebastião

SEIS CEBS DA PARÓQUIA SEDIARÃO PROJETO DE INCLUSÃO DIGITAL




A Pastoral da Comunicação Diocesana começou a desenvolver o Projeto de Inclusão Digital Missionária (IDIM), capacitando a Equipe de Orientadores. A partir do dia 8 de abril, às 19h, será lançado o projeto na CEB São João Evangelista, Paróquia São Sebastião, Barra Mansa, semanalmente, durante três meses, com carga horária de oito horas, duas em cada CEB, totalizando 18, sendo que seis delas são da Paróquia São Sebastião: 1-São João Evangelista, Piteiras; 2-São Pedro, bairro São Pedro; 3-São Pedro, Cotiara; 4-São Judas Tadeu, 5- São Francisco de Assis, Nova Esperança; 6-Maria de Nazaré). Essas CEBs da paróquia, inscreveram-se no projeto e atenderam aos critérios estabelecidos no segundo semestre de 2010.
A Inclusão Digital Missionária vai avançar a comunicação da própria CEB, porque inicialmente cinco pessoas serão capacitadas para se tornarem agentes da PASCOM, os quais contribuirão para anunciar a CEB nas mídias da Igreja, de acordo com a realidade da mesma. Nesse primeiro momento, nas reuniões da PASCOM, será detalhada a programação do projeto e serão distribuídas fichas de inscrição para as pessoas que serão contempladas a participarem da iniciativa.
Além das CEBs da Paróquia São Sebastião de Barra Mansa, sediarão o projeto são: (1- Santo Agostinho; 2- Santa Teresa de Ávila, Rústico; 3- São Geraldo, 4- NS da Conceição; Pinheiral; 5- João XXIII, Siderlândia, 6- NS Aparecida, São João; 7- NS da União, Retiro; 8- Santa Rita, Dutra; 9- Sagrado Coração de Jesus, Bocaininha; 10- NS da Boa Morte, Vila Coringa; 11- São Vicente, Floriano; 12- São Miguel Arcanjo, Morada da Granja).

Vagner Mattos
jornalista e especialista em comunicação jornalística

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Guatemala inaugura as Jornadas Teológicas em preparação ao Congresso Continental de Teologia

De 26 a 29 de abril, na Guatemala, será realizada a primeira de quatro Jornadas Teológicas, que têm como objetivo preparar e mobilizar teólogos da América Latina e Caribe para o Congresso Continental de Teologia (CCT), em outubro de 2012. O CCT tem como principal finalidade pensar sobre os desafios e tarefas futuras da teologia da libertação na América Latina.

*

Além da Guatemala, as Jornadas Teológicas acontecerão na Cidade do México, para os mexicanos e os hispanos dos Estados Unidos; em Bogotá, para os países andinos e em Santiago do Chile, para o Cone Sul e o Brasil. A proposta é que as Jornadas se realizem dentro dos mesmos objetivos e metodologia do Congresso Continental e se constituam num momento privilegiado de preparação.

Nesse sentido, o primeiro dia de Jornada (26), será marcado por homenagens ao Monsenhor Juan Gerardi, sacerdote de trajetória de luta junto às comunidades excluídas da Guatemala, em especial os indígenas. Monsenhor Gerardi foi cruelmente assassinado em 1998, dias depois de apresentar o relatório "Guatemala: nunca mais", que expunha o trabalho feito por meio do Projeto "Recuperação da Memória Histórica". Neste dia, os participantes assistirão a um filme que retrata a história do sacerdote, bem como visitarão a cripta do Monsenhor.

No segundo dia (27), a proposta será perceber a realidade na América Central e Caribe, o que será feito por meio de testemunhos de desastres naturais e sociais na região. Serão compartilhadas as experiências de uma pessoa indígena, da Guatemala; um migrante, de Honduras; uma pessoa que tenham vivenciado o terremoto, no Haiti; e uma mulher da República Dominicana para falar sobre as questões de gênero na região. Haverá, ainda, apresentação de análises da realidade sócio-política da América Central, do Caribe e da realidade sócio-religiosa e eclesial nessas regiões. À tarde, os participantes se distribuirão em oficinas para discutir os temas já apresentados.

O dia 28 de abril terá como tema central as teologias do Vaticano II e da Libertação. Na ocasião, irão participar das Jornadas representantes de experiências de fé, como espiritualidade afro-americana (Honduras); das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), do Brasil; espiritualidade maia e grupos de leitura bíblica popular, do Caribe. O impacto do Concílio Vaticano II e da Teologia da Libertação na América Central e Caribe será tema de palestra. Ao final do dia, os participantes estarão em atividade no centro da Cidade em comemoração ao aniversário de martírio de Monsenhor Gerardi.

O último dia de Jornada na Guatemala propõe uma reflexão sobre como regressar à realidade da América Central e Caribe e atual sobre ela, "transformando-a a partir de uma nova inspiração teológica", descreve o documento da organização.


Camila Maciel


Fonte Adital

CEBs Diocese de Araçatuba-SP

Representantes das equipes de CEBs de várias paróquias da Diocese de Araçatuba/SP se reuniram na Paróquia de São Brás e Nossa Senhora Das Graças, em Birigui, no último dia 09 de abril.

A Equipe de CEBs da Paróquia Imaculada Conceição de Guararapes se uniu aos irmãos e irmãs das paróquias de Andradina, Araçatuba, Mirandópolis, Brejo Alegre e São Pedro Apostolo, de Guararapes. Também estiveram presentes os padres Gilmar, de Andradina, Sidnei e João.

Durante o encontro, vários temas foram discutidos: a caminhada das CEBs pelo Brasil, os Encontros Intereclesiais de CEBs e a Campanha da Fraternidade, que interessa a todos.

“’CEBs, um novo jeito de ser Igreja’. Gente simples, fazendo coisas pequenas em lugares não importantes, realizam mudanças extraordinárias".


Fonte: Pascom Paróquia Imaculada Conceição - Diocese de Araçatuba.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

EUS-SP: Retrocesso Social

A ALAL, Associação Latino-Americana de Advogados Laboralistas (www.alal.com.br), com sede no Brasil, Distrito Federal, SAS-Quadra 05- Bloco N, Lote 02, Centro Cultural Evandro Lins e Silva, 1 andar, Ed. OAB, Brasília, cep 70438-900, apóia luta dos trabalhadores terceirizados, que ao arrepio dos princípios fundantes da Carta da República, que assegurando a prevalência do social e o primado do trabalho digno e de qualidade, impõe ao empregador responsabilidade social no atendimento dos preceitos constitucionais por assegurar aos trabalhadores o cumprimento de seu dever para com a prevalência do social, assegurando a seus trabalhadores, sem distinção/exclusão a empregabilidade digna e de qualidade, em meio ambiente laboral equilibrado, sem riscos de acidentes e ou de adoecimentos ocupacionais.

Não obstante isso, por uma visão patrimonialística e voltada à prevalência dos interesses do "deus mercado" que impõem novas regras nas relações laborais, flexibilizando e precarizando direitos, por construção jurídica-juisprudencial, permite-se no Brasil a implantação e crescimento das contratações por empresas intermediárias de mão de obra (terceirizações), negando-se viência aos princípios protetores que norteiam o direito do trabalho, flexibilizando e precarizando direitos, sem acolher, sequer responsabilidade social da empresa tomadora, através de contratações terceirizadas, permitindo que empresas inidôneas, sem capacidade financeira para arcar com os ônus trabalhistas da contratação, passem a fornecer mão de obra barata aos tomadores, incluindo o poder público, sem aplicação sequer ao tomador da responsabilidade subsidiária que em lugar da solidária foi adotada pelo inciso IV do Enunciado 331 do TST, que dispõe:

"O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica na responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, inclusive quanto aos órgãos da Administração direta, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas, da sociedade de economia mista, desde que este tenha participado da relação processual e conste também do título executivo judicial."

Em nosso enxergar, tal permissibilidade que decorre de recente decisão do C. STF caracteriza verdadeiro retrocesso social, pois deixa desprotegidos os trabalhadores que ficam sem garantia de recebimento até mesmo de seus créditos trabalhistas alimentares e tidos como irrenunciáveis, que não pode ser tutelado pela cultura e legislação dos povos civilizados, como se extrai em nosso país, inclusive pelo exame do disposto no artigo Art. 7º, que ao assegurar numericamente os direitos fundamentais insertos nos incisos, de I a XXIX, não excluem outros, legislados e ou negociados, como plus, visando à melhoria de sua condição social.

Sempre defendemos os avanços contra o retrocesso social, pugnando pelo cumprimento e respeito aos direitos dos cidadãos tutelados em lei, em especial dos trabalhadores e por isso, criticávamos o TST por ter adotado no Enunciado 331 a responsabilidade subsidiária ao invés da solidária, instituto esse que agora faz parte do projeto em curso no Congresso Nacional, subscrito pelas Centrais Sindicais, defendendo a responsabilidade solidária do tomador, bem como proibindo o diferencial salarial, pelo direito constitucional à igualdade.

O Poder Público não pode se reger pelos mesmos interesses e ideologia da iniciativa privada, devendo obediência, cumprimento e respeito aos princípios norteadoras da administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, obedecendo aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

Com a criação da permissibilidade das terceirizações, no geral flexibilizadoras e precarizadoras dos direitos assegurados aos trabalhadores contratados diretamente, sem responsabilidade até mesmo da defasada subsidiariedade adotada pelo Enunciado 331 do TST, a administração pública começa a fazer licitações para que servidores seus passem a ser contratados pelo regime das terceirizações, como está, a exemplo ocorrendo, com USP, em que servidores seus estão perdendo a qualidade de servidores diretamente contratados para trabalharem como terceirizados, com seus direitos flexibilizados e precarizados, como muito bem expõe o festejado Professor e magistrado do Trabalho, Jorge Souto Maior, em que analisando esse quadro de verdadeiro retrocesso social, em sua carta aberta à nação, conclui:

"Do ponto de vista dos trabalhadores terceirizados as conseqüências dessa situação vão muito além da mera precarização das garantias do trabalho, significando mesmo uma forma de precarização da sua própria condição humana, vez que são desalojados do contexto da unidade em que prestam serviços. Os "terceirizados”, assim, tornam-se em objetos de contratos e do ponto de vista da realidade, transformam-se em seres invisíveis. E isso não é mera figura de retórica, pois a maior forma de alguém ver reduzida a sua condição de cidadão é lhe retirar a possibilidade concreta de lutar pelo seu direito e é isso, exatamente, o que faz a terceirização... Resumo da ópera: os cerca de 400 trabalhadores terceirizados da USP não receberão seus salários e perderão seus empregos sem o conseqüente recebimento das verbas rescisórias, isto sem falar em outros direitos que possam não lhes ter sido pagos no curso das respectivas relações de emprego. Essa situação, que, ademais, representa a história de milhões de trabalhadores terceirizados brasileiros, não agride a consciência de ninguém que não se sinta inserido nela"

Leia mais.
Carta Aberta aos "Terceirizados” e à Comunidade Jurídica

Notas:

[1]. Não há precisão quanto a este número, dada a absoluta falta de transparência quantos aos termos do contrato firmado entre a USP e a Empreza Limpadora União (pela internet só se consegue saber que o contrato foi firmado no PROCESSO: TC-016602/026/06).
[2]. Nota do Gabinete da PGDF. In: http://www.apdf.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=68:vitoria-da-pgdf-na-adc-16-afasta-a-responsabilidade-do-estado-pelo-pagamento-de-debitos-de-empresas-terceirizadoras-de-mao-de-obra&catid=18:noticias&Itemid=36, acesso: em 14/04/11.
[3]. Maria Sylvia Zanella di Pietro, Parcerias na Administração Pública, Atlas, São Paulo, 1999, p. 168.
[4] Curso de Direito Administrativo, Malheiros, São Paulo, 2006, p. 634.
Por Professor Livre-Docente, de Direito do Trabalho, da Faculdade de Direito da USP, juiz do trabalho, titular da 3ª. Vara do Trabalho de Jundiaí e membro da Associação Juízes para a Democracia.

[Luiz Salvador é advogado trabalhista e previdenciarista em Curitiba-Pr, Ex-Presidente da ABRAT (www.abrat.adv.br), Presidente da ALAL (www.alal.com.br), Diretor do Depto. de Saúde do Trabalhador da JUTRA (www.jutra.org), assessor jurídico de entidades de trabalhadores, membro integrante, do corpo técnico do Diap, do corpo de jurados do TILS – Tribunal Internacional de Liberdade Sindical (México), da Comissão Nacional de Relações internacionais do CF da OAB Nacional e da Comissão de "juristas” responsável pela elaboração de propostas de aprimoramento e modernização da legislação trabalhista instituídas pelas Portarias-MJ 840, 1.787, 2.522/08 E 3105/09, E-mail: luizsalv@terra.com.br, site: www.defesadotrabalhador.com.br].

Luiz Salvador
Advogado trabalhista e previdenciarista, Ex-Presidente da ABRAT, Pres. da ALAL, Repres. Bras. no Depto. de Saúde do Trabalhador da JUTRA, assessor jurídico de entidades de trabalhadores, membro do DIAP e do corpo de jurados do TILS (México)

Fonte: Adital

27/04 - Dia Nacional das Empregadas Domésticas



Ministra apresenta relatório sobre Trabalho Doméstico em Brasília

A ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), Iriny Lopes, apresenta 27/04, - Dia Nacional das trabalhadoras Domésticas, o relatório final do Grupo de Trabalho (GT) sobre Trabalho Doméstico.

O Grupo realizou estudos sobre os ‘impactos sócio-econômicos de uma proposta de ampliação dos direitos assegurados aos trabalhadores e trabalhadoras domésticas previstos na Constituição Federal'.

O estudo que será apresentado na Esplanada dos Ministérios, às 16h, traz subsídios para o debate sobre a necessidade de eliminar a desigualdade de direitos, vivida por mulheres trabalhadoras domésticas.

Fonte: Adital


Santa Zita: A protetora das domésticas
Ela não está entre os santos mais conhecidos dos brasileiros e pouca gente sabe que é graças a essa santa que 27 de abril passou a ser o Dia Nacional das Empregadas Domésticas.
A comemoração acontece no dia em que ela morreu, ainda no século XIII, na Itália.
Desde menina, Santa Zita trabalhou como empregada.
Teve uma vida marcada pelas virtudes, a compaixão e a dedicação aos mais necessitados, fama que a tornou padroeira das empregadas domésticas.


No ano de 1580 foi aberto o túmulo e o corpo encontrado intacto. O túmulo, em Lucca, conserva até hoje o seu corpo, que repousa intacto, como foi constatado na última exumação, em 1652.
Tornou-se um lugar de graças e de muitos milagres comprovados e aceitos.
Acontecimentos que serviram para confirmar sua canonização em 05 de setembro de 1696, pelo papa Inocêncio XI






terça-feira, 26 de abril de 2011

Comunidade da Boa Vista do Pixaim, sem coragem de gritar pela Liberdade!!!


A luta pelos Direitos da Comunidade do Cipó ainda não terminou, e ja inicia uma outra luta ainda maior, libertade ha 1000 escravos, temos uma outra comunidade, Comunidade da Boa Vista do Pixaim.

Ali tem 1000 negros, cercados por um ganacioso fazendeiro
que nem sabe quantas fazendas tem, terras estas, roubadas dos pobres.

Um verdadeiro reduto de quilombos refugiados da escravidão do Vale do São Francisco.

Cercados como animais, e com muito medo não tem coragem de gritar pela Libertdade.

Ja estou nesta luta há anos.

Será que temos que esperar mais 300 anos para libertar esta comunidade da escravidão????

Favor colocar esta denuncia na comunidade, para que mais pessoas saibam o que acontece
neste sertão da Bahia.

Parece que vou morrer 10 anos antes do previsto, pois estas lutas ocupa 80% da minha vida,
e eu tanto desejava findar minha vida com 100 anos de idade, sei que vou morrer esmagado por estas lutas, mas é preciso avansar para as águas mais profundas e em busca do que é mais sagrado, a vida e a liberdade do nosso povo excluido de tudo.

Vejam a foto da Escrava Anastacia, para ela não gritar pela liberdade do seu povo , lhe
deram uma mortaça na boca.

E os moradores desta comunidade não gritam por medo, em pleno 2011.

Rezem e divulguem esta notícia vinda do sertão da Bahia.

Obrigada.

Saudações em Cristo
Mons.Bertolomeu Gorges.

Paróquia Santa Luzia - Muquem BA.


Noticia, por email de Graça Ribeiro

segunda-feira, 25 de abril de 2011

CEBs da Diocese de Sobral realizam rifa solidária

A Coordenação Diocesana de CEBs realizou no dia 08 de abril, na sala de reuniões da Cáritas Diocesana o sorteio da rifa solidária em prol das CEBs da Diocese de Sobral. A rifa solidária foi realizada buscando a auto-sustentação das CEBs e contou com o apoio de diversas lideranças das comunidades eclesiais.
Segue abaixo
a lista dos premiados:
1º prêmio: 01 ventilador – Sorteado: Renato Antonio – Comunidade Eclesial de Base de Acaraú
2º prêmio: 01 ferro elétrico – Sorteado: Cailon Costa Paiva – Comunidade Eclesial de Base do Cristo Rei (Junco)
3º prêmio: 01 DVD – Sorteada: Dra. Rosana – Comunidade Eclesial de Base de Santa Quitéria.
A Coordenação agradece a todas as pessoas que colaboraram com a rifa solidária para manter viva o nosso jeito de ser Igreja.

Fonte: Correio da Semana

Jesus não morre...ele vive

“Por que procuram entre os mortos aquele que vive?” (Lc. 24,5)

Jesus foi assassinado, mas é imortal. Continua sendo memorizado por seus seguidores/as.
Jesus não foi assassinado por acaso ou por engano, nem por destino e muito menos por “vontade de Deus”: Deus não é sádico para fazer sofrer e se alegrar com o assassinato de alguém.
Jesus foi assassinado por aquilo que disse e fez, pelas atitudes e posicionamentos que tomou.
O seu assassinato foi consequência do confronto com adversários ideológicos, teológicos, religiosos e políticos que se sentiram ameaçados com a nova proposta teológica, política e social de Jesus.
Jesus percebeu o conflito, deu-se conta da conspiração e foi vislumbrando a hora decisiva. Teve várias tentações. Podia se omitir, demitir, fugir ou simplesmente abandonar o “Projeto de Deus”.
A mística da fidelidade/paixão pelo “Pai” e a compaixão pelo “povo sofrido como ovelhas sem pastor” deram a Jesus toda a força/convicção para assumir até as últimas consequências.
Como Jesus muitos outros assumiram a vida pelo “Ideal de Deus”. São Oscar Romero dizia: “Se me matarem ressuscitarei nas lutas de meu povo”.
Deus ressuscitou Jesus na união, comunhão e lutas dos cristãos. Os/as discípulos/as, primeiro amedrontados/as de portas fechadas, abriram as mentes e os corações, no “partir do pão”, reabraçaram a caminhada de Jesus e fizeram ressurgir Jesus em várias partes do mundo.
Fizeram memória histórica e eucarística de Jesus e concluíram: Jesus tinha razão, passou fazendo o bem e nós somos e seremos testemunhas de tudo isso.
Para além de lamentar e contemplar o assassinato doloroso de Jesus e seu sepultamento é preciso fazê-lo ressuscitar na sociedade atual, tornar visível e atuante sua vida apaixonada pelo Projeto Deus e pelo povo sofrido.

Feliz Ressurreição de Jesus entre nós

Zé Teixeira

Fonte: Se Avexe não!

domingo, 24 de abril de 2011

Mensagem de Páscoa

Perguntaram para Deus...
- O que mais te intriga nos seres humanos?
Deus respondeu:
- Eles fartam-se de ser criança e tem pressa de crescer,
depois suspiram por voltar a ser criança.
Primeiro perdem a saúde para ter dinheiro e,
logo em seguida perdem o dinheiro para ter saúde.
Pensam tão ansiosos no futuro que descuidam do presente e assim,
não vivem o presente e nem o futuro...
Vivem como se fosse morrer e morrem como se não tivessem vivido...

Reflita sobre isso, pois você ainda tem tempo para acertar sua vida, todos os dias quando você
acordar receba o mais belo de todos os presentes...

A dadiva da vida...

Deus lhe deu e você à administra, faça com que realmente valha a pena...

Monge Tibetano - Dalai Lama

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Antiga Bênção Celta


Que o caminho venha ao teu encontro.
Que o vento sempre sopre às tuas costas
e a chuva caia suave sobre teus campos.

E até que voltemos a nos encontrar,
que Deus te sustente suavemente na palma de sua mão.

Que vivas todo o tempo que quiseres
e que sempre possas viver plenamente.

Lembra sempre de esquecer as coisas que te entristeceram,
porém nunca esqueças de lembrar aquelas que te alegraram.

Lembra sempre de esquecer os amigos que se revelaram falsos,
porém nunca esqueças de lembrar aqueles que permaneceram fiéis.

Lembra sempre de esquecer os problemas que já passaram,
porém nunca esqueças de lembrar as bênçãos de cada dia.

Que o dia mais triste de teu futuro
não seja pior que o dia mais feliz de teu passado.

Que o teto nunca caia sobre ti
e que os amigos reunidos debaixo dele nunca partam.

Que sempre tenhas palavras cálidas em um anoitecer frio,
uma lua cheia em uma noite escura,
e que o caminho sempre se abra à tua porta.

Que vivas cem anos,
Que o Senhor te guarde em sua mão,
e não aperte muito seus dedos.

Com um ano extra para arrepender-te.
Que teus vizinhos te respeitem,
os problemas te abandonem,
os anjos te protejam,
e o céu te acolha.

E que a sorte das colinas Celtas te abrace.

Que as bênçãos de São Patrício te contemplem.

Que teus bolsos estejam pesados e teu coração leve.

Que a boa sorte te persiga, e a cada dia
e cada noite tenhas muros contra o vento,
um teto para la chuva, bebidas junto ao fogo,
risadas que consolem aqueles a quem amas,
e que teu coração se preencha com tudo o que desejas.

Que Deus esteja contigo e te abençoe,
que vejas os filhos de teus filhos,
que o infortúnio te seja breve
e te deixe rico de bênçãos.

Que não conheças nada além da felicidade,
deste dia em diante.

Que Deus te conceda muitos anos de vida;
com certeza Ele sabe que a terra
não tem anjos suficientes…

...e assim seja a cada ano, para sempre!

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Páscoa à vista!

Passadas as efervescentes brincadeiras do Carnaval,

nossos olhos se voltam para o Oriente,

porque daqui a uns 40 dias,

vai renascer o Sol da Justiça.

É a festa das festas que vem aí:

a Festa da PÁSCOA!

A palavra “páscoa”,

de origem hebraica,

é irmã da portuguesa “passagem”.

E páscoa quer dizer “a passagem de Deus”!

Sim, porque Deus passa, está sempre passando na história da Humanidade,

na vida da gente...

Mas a gente não se dá conta.

Foi preciso, então, que Deus passasse de maneira espetacular, escandalosa até,

para que, pelo menos uma porção de gente se tocasse.

E foi assim:

JESUS DE NAZARÉ, um carpinteiro,

que, mais de 2000 anos atrás, nascera de um casal pobre

e vivera num lugarejo do interior da Palestina,

aos 30 anos de idade,

começou a anunciar o Reino de Deus!

Para pertencer a este Reino,

as pessoas precisavam mudar de vida:

quem tinha conhecimentos, devia partilhar com os desenformados...

quem tinha dinheiro, devia repartir com os necessitados...

quem tinha poder, devia colocar-se a serviço dos excluídos...

Era como se o mundo tivesse que virar de cabeça para baixo!

Uma revolução, sim, mas que deveria começar no coração de cada um, de cada uma.

Para os pobres, era uma BOA NOTÍCIA,

aquilo que eles mais gostariam de ver acontecer.

E é isso que quer dizer “evangelho”,

palavra grega, sinônimo de “boa nova”, boa novidade.

Mas para os ricos era subversão, perturbação da ordem,

ou, como muita gente hoje em dia ainda diz,

isso era “comunismo”!

Até os pobres, iludidos pela conversa mole dos ricos e poderosos,

foram na onda deles e ficaram contra Jesus.

Só sei que, por conta dessa história,

Jesus terminou preso, foi condenado e morreu crucificado entre dois marginais.

Mas, quando os poderosos menos imaginavam,

os poucos seguidores de Jesus de Nazaré foram perdendo o medo

e fizeram o maior reboliço na cidade:

saíram anunciando que Deus havia ressuscitado seu Mestre!

Jesus vivia, isto é, Deus deu razão a ele!

Ele morreu pela causa do povo, sobretudo dos pobres,

seu sangue foi derramado para que uma nova Humanidade começasse a se organizar,

os entendidos se colocassem a serviço dos sem instrução,

os ricos se colocassem a serviço dos empobrecidos,

os poderosos se colocassem a serviço do povo,

e todos se juntassem numa grande irmandade,

uma família de irmãos e irmãs, simples como as crianças.

E como a causa pela qual Jesus morrera

era justamente a causa de Deus, o que Deus mais queria que acontecesse,

por esse motivo, Deus passou no túmulo onde Jesus foi sepultado,

e o arrancou do poder da morte.

Deus aprovou a vida e a mensagem de Jesus!

Portanto, pregavam seus discípulos,

está na hora de aceitar sua mensagem libertadora,

de fazer parte do Reino por ele anunciado...

Chegou o momento de cada um, de cada uma, deixar Deus passar na sua vida.

PÁSCOA é isso: Deus passando na história de Jesus de Nazaré,

e o reconhecendo como seu Filho!

Deus querendo passar na vida de cada um da gente,

na medida em que a gente entrar na jogada de Jesus,

e se tornar assim um filho, uma filha de Deus.

Só sei que, quem ia acreditando em Jesus, através da mensagem dos discípulos,

tomava um banho, para mostrar que estava começando uma vida nova,

limpa de todas as maldades e sujeiras.

E esse banho passou a chamar-se de Batismo.

Os discípulos (seguidores), agora chamados “apóstolos”, quer dizer “enviados”,

colocavam as mãos sobre a cabeça dos que se “batizavam”

e eles e elas recebiam uma nova energia, um espírito novo,

que chamavam de ESPÍRITO SANTO!

Na força dessa nova energia,

é que o pessoal continuava se reunindo,

escutando a mensagem dos Apóstolos sobre Jesus,

repartindo, entre todos, os seus bens,

de tal forma que ninguém passava necessidade entre eles e elas.

E esse ajuntamento de gente, convocada pela Palavra de Deus,

chamou-se de IGREJA.

O que mais chamava a atenção do povo era a alegria

com que eles comiam a Ceia do Pão e do Vinho, em memória de Jesus:

era o jeito de eles se sentirem em comunhão de vida com seu Mestre.

Era como se o corpo de Jesus passasse a se manifestar na carne deles e delas...

Era como se o sangue de Jesus passasse a correr nas veias deles e delas...

Era Jesus que passava a viver neles e nelas..

Era o Reino de Deus que começava a acontecer “assim na terra como céu!”

E essa Igreja era, assim, o ensaio, a amostra de um MUNDO NOVO!

É por causa dessa história, que os cristãos e cristãs de todos os tempos,

todo ano, a certa altura do mês de abril,

celebram a Festa da Páscoa.

Valeria a pena a gente pensar numa “Festa da Páscoa”

entre nós aqui?...

Que sentido teria?...

Apenas recordar o que aconteceu há mais de 2000 anos atrás?...

Será que a Páscoa, de alguma maneira,

estará acontecendo na vida da gente, hoje, aqui e agora,

e, por isso, vale a pena celebrá-la?...

Talvez seja questão de ter olhos de ver, olhos capazes de enxergar Deus passando na vida de cada um, de cada uma da gente... na vida do povo...

- Quando alguém de nós sai da solidão, do isolamento, e tem oportunidade de se encontrar com outras pessoas, de conversar suas coisas, de sentir-se escutado(a), levado(a) em conta... de poder descobrir seus valores e suas potencialidades... começa a gostar de si mesmo(a), a gostar da vida, a levantar a cabeça, a encantar-se com o que é belo, a querer o que é bom, a sonhar com um mundo diferente, de amor, alegria e felicidade... Não é como se nascesse de novo?...

- Quando a gente tem oportunidade de partilhar idéias, sugestões e iniciativas entre a gente... de brincar e jogar juntos... de aprender coisas juntos... de cantar, tocar e dançar juntos,,, de praticar algum tipo de arte ou desporto... de organizar passeios e festas... superando, aos poucos, o individualismo ou a desesperança... dando uma finalidade construtiva à própria agressividade... canalizando suas energias para o que nos dignifica como seres humanos e nos faz felizes ... desenvolvendo um novo jeito de conviver, crescendo em amizade e companheirismo... não é uma nova convivência que está desabrochando?...

- Quando a gente tem oportunidade de conhecer a história e as tradições do povo da gente, as riquezas e belezas do folclore, as coisa bonitas que o povo do bairro faz, o jeito característico do povo desta cidade viver e festejar... e vai trocando as coisas que vêm de fora pelas coisas nossas... e vai começando a gostar da nossa música de raiz... e vai passando a preferir um suco das nossas frutas a coca-cola, uma comida tradicional da gente a um mac-burger qualquer... e por aí vai crescendo no amor a esta cidade, a começar pelo seu bairro... Não é isso uma identidade perdida que está se resgatando?...

- Quando a gente tem oportunidade de encarar o seu ambiente de vida, com novas informações e inquietações sobre higiene, limpeza pública, reciclagem de lixo, importância do verde, da mata, do mangue, da água, do ar, do silêncio, da preservação ambiental... e começa a tomar cuidados e iniciativas em casa, na escola ou quando vai pela rua... e começa a preocupar-se com arborização e jardinagem... com reciclagem de plástico e papel, com coleta seletiva... com a limpeza das canaletas e canais... com o volume do som das radiolas e televisões... com tudo quanto incomoda e prejudica o ambiente em que se vive... e passa a ser multiplicador(a) de uma nova mentalidade a respeito dessas coisas no dia-a-dia das pessoas... Não é isso um mundo diferente que está surgindo?...

- Quando a gente tem oportunidade de perceber que a cidade é feita por todos os que nela habitam... que ser cidadão, cidadã, é querer bem a seu pedaço e se responsabilizar por ele, para que seja o melhor lugar do mundo, a cidade mais bonita e feliz... onde todos, de mãos dadas, vivem num mutirão sem fim, cuidando de tudo, para que tudo dê certo, para o bem de todos... onde o prazer maior é poder, no fim de semana, festejar com canto e dança a fraternidade cidadã exercida ao longo de toda a semana... Não é isso um mundo novo que está despontando?...

Para quem tem olhos de ver,

é por aí, quem sabe, que Deus está passando,

nos arrancando da morte para a Vida...

é por aí que o Sangue de Jesus está circulando

e o Espírito de Deus está soprando

e tudo vai se transformando nos indivíduos e na sociedade,

e a Páscoa vai acontecendo

e o mundo se salvando.

Se for assim,

se assim estiver sendo,

será que não vale a pena celebrar a Páscoa,

a passagem de Deus em nossas vidas,

na vida da gente e do povo?...

E agora José, e agora Maria,

como vamos fazer para que nossos Grupos, Movimentos, Organizações e Comunidades

cheguem à gostosa descoberta deste “Mistério” maravilhoso

que se esconde em suas vidas,

mas que precisa se manifestar aos olhos deles e delas, aos olhos de todos?...

Como fazer para que esta descoberta

se torne motivo de festa

e desencadeie toda uma criatividade,

no sentido de todos se darem as mãos

na preparação de um evento capaz de fazer brilhar

esta vida nova, este mundo novo,

que está acontecendo no dia-a-dia da gente e do povo,

como Festa da Vida,

como um grande louvor ao Deus da Vida

que, assim como passou na história de Jesus,

está passando nas histórias bonitas da gente, hoje, aqui e agora?...

A Páscoa está à vista!

Como vamos fazer?

Feliz Páscoa!


Reginaldo Veloso

*Presbítero das CEBs - Morro da Conceição – Recife – PE

email: Reginaldoveloso@uol.com.br


Dom Helder, força e habilidade



Dom Helder Pessoa Câmara, por sua simplicidade, humilde e estatura franzina, nos faz lembrar o jumentinho que Jesus escolheu para montar, na sua entrada em Jerusalém, animal sem aparente beleza, mas de uma importância, força e resistência extraordinária (cf. Mt 21, 2-8).

O pastor dos empobrecidos foi assim, no seu temperamento e na sua audácia sem limites, isto acontecia quando tinha que defender seus pontos de vistas, com um profundo desejo, usando de todos os meios possíveis, para que a Igreja se engajasse na causa dos empobrecidos, que fosse mais servidora e mais fiel a vontade daquele que a instaurou e menos "senhora e rica".

Falamos de uma criatura humana extremamente habilidosa e com uma desenvoltura, que se tornou o mais influente bispo brasileiro no Concílio Vaticano II (1962-1965), a ponto de decisivamente contribuir para que a Igreja, no nosso continente latino americano, nos anos que se seguia, fizesse a sua "opção profética e preferencial pelos pobres".

Segundo o grande teólogo José Comblin, falecido recentemente, aos 88 anos, que conviveu muito de perto com o querido arcebispo de Olinda e Recife, dizia: "Ele era um articulador de primeira grandeza, com noção de que, às vezes, sua influência seria maior se ficasse calado e não se manifestasse". Muitas vezes os próprios colegas ignoravam de onde vinham as excelentes propostas contribuições que estavam votando, narra José Combiln.

Já bem antes do Concílio, as vésperas da inauguração de Brasília, Juscelino Kubitschek chamou Dom Helder e o convidou para ser o prefeito da nova capital federal, sendo insistente. Afirmou que tinha o parecer favorável de todos os líderes partidários, depois de consultá-los.

Dom Helder recusou polidamente, dizendo: "Hoje, senhor presidente, eu estou aqui, frente a frente, debatendo com o senhor pontos de vista com absoluta liberdade e sem condionamentos de qualquer ordem. No dia em que me incorporar ao seu grupo de comando, dentro das injunções concretas das práticas políticas, eu estarei amarrado, balançando a cabeça para concordar com o que o senhor disser, deixando de lhe trazer a colaboração original e independente da Igreja. Eu quero ter sempre um canal de diálogo livre e respeitoso com o Estado para cobrar o seu dever. Quero fazê-lo em nome de Deus e do povo. Quero ser a boca dos que não têm vez nem voz".

Compreendemos a força e a habilidade de Dom Helder, a partir daquilo que é belo e maravilhoso no poeta ou escritor, ao externar o que tem dentro de si: suas fantasias e suas ideias. Aquilo que ele tem na mente e no coração, releva-a e manifesta-a. Assim, também, foi o que aconteceu com os autores sagrados, ao redigirem as Sagradas Escrituras. Há tanta coisa bonita e surpreendente, muitas vezes, com tanto exagero, que se tem a impressão de se ir além do sagrado.

No último versículo do Evangelho de São João o autor sagrado afirma que o que Jesus realizou, neste mundo, é belíssimo e maravilhoso e, se tudo fosse escrito, livro algum caberia. O milagre da multiplicação dos pães (Mt 14, 13-21), finda dizendo: Os que comeram dos cinco pães e dos dois peixes eram cinco mil homens sem contar mulheres e crianças. Estudiosos e especialistas da Palavra de Deus, sem negar, evidentemente, a divindade do Filho de Deus, acham um exagero, para aquele tempo, o grande número de pessoas.

Deus fez o homem com uma imaginação fértil e criadora, chamando-o para participar da sua natureza divina. Aí está sua grandeza. A terra tornou-se pequena para caber a criatura humana, grandiosa na sua capacidade de imaginar e realizar, em todos os sentidos.

Padre Manfredo Oliveira, cearense de Limoeiro do Norte, grande figura humana e um dos maiores filósofos da atualidade, na sua mente dadivosa, foi extremamente feliz, ao afirmar que Dom Helder não cabia dentro da Igreja. Certamente ele quis enaltecer sua força imaginadora, talentos, sensibilidade e a inteligência privilegiada do pastor dos empobrecidos, que habilidade soube perceber todas as novidades e desafios do século XX e colocá-los no seu coração, procurando dar-lhes uma resposta.

Já o Cardeal Aloísio Lorscheider falava de Dom Helder, assim: "Foi um corifeu, com uma visão de futuro e com grande influência, muito respeitado e inquieto como uma barata tonta: Sua tribuna foi sua sabedoria em agir e articular nos bastidores, com uma oratória vibrante e com gestos rasgados que sensibilizavam e arrebatavam as multidões.

Tudo isso ele realizava, numa atitude de oração e na fidelidade ao Pai, no seu amor acendrado à Igreja. Ele mesmo dizia: Abandonar a Igreja seria o mesmo que abandonar o seu próprio corpo. Por isso devemos acolher tudo o que se disse e o que, ainda, irão dizer deste homem tão amado por Deus. Ele, por tudo que fez na sua força e habilidade invencível, é grande demais! De fato, a Igreja é pequena para caber Dom Helder.

Geovane Saraiva

* Sacerdote da arquidiocese de Fortaleza -CE, pároco da paróquia Santo Afonso. E-mail: pegeeovane@paroquiasantoafonso.org.br
http://twitter.com/pegeovane
Livros de sua autoria: O Peregrino da Paz e Nascido para as Coisas Maiores (centenário de Dom Helder Câmara), A Ternura de um Pastor (homenagem ao Cardeal Lorscheider) e A Esperança Tem Nome (espiritualidade e compromisso).


Fonte: Missões, a missão no plural

Uma Via Sacra que parece não ter fim: da Candelária ao Realengo

A chacina que aconteceu dia 07 de abril, na Escola Municipal Tasso da Silveira em Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro, infelizmente não é a primeira do gênero no Brasil como muitos andam dizendo por aí.

Dezoito anos atrás, precisamente na madrugada do dia 23 de julho de 1993 um grupo de extermínio abriu o fogo contra 70 crianças e adolescentes de rua que dormiam ao relento nas imediações da Igreja da Candelária matando oito pessoas, entre as quais seis menores de 18 anos.

Não dá para esquecer isso porque, apesar das diferenças quanto às circunstancias, o movente e o perfil dos assassinos, as duas chacinas têm algo em comum: a idade de suas vítimas, entre 11 e 17 anos, e o fato de terem sido mortas com armas de fogo sem chance de defesa. Na Candelária morreram Paulo Roberto de Oliveira, de 11 anos; Anderson de Oliveira Pereira, de 13 anos: Marcelo Cândido de Jesus, de 14 anos: Valdevino Miguel de Almeida, de 14 anos; "Gambazinho", de 17 anos e Leandro Santos da Conceição, de 17 anos. No Realengo faleceram Milena dos Santos Nascimento, de 14 anos; Mariana Rocha de Souza, de 12 anos; Larissa dos Santos Atanásio, de 13 anos; Bianca Rocha Tavares, de 13 anos; Luiza Paula da Silveira Machado, de 14 anos; Laryssa Silva Martins, de 13 anos; Géssica Guedes Pereira, de idade não divulgada; Samira Pires Ribeiro, de 13 anos; Ana Carolina Pacheco da Silva, de 13 anos e Igor Moraes da Silva, de 13 anos.

Estes meninos e meninas, apesar de terem histórias diferentes, ficaram irmanados num trágico destino. Suas vidas foram prematuramente ceifadas pela violência. Nesse momento pouco importa se uns eram meninos de rua e outros estudantes. O que interessa mesmo é que todos eles eram crianças e adolescentes. Os meninos da Candelária morreram enquanto sonhavam. Os do Realengo encontraram a morte enquanto estudavam. Os meninos da Candelária estavam na rua. Mas os do Realengo estavam na escola. Os meninos da Candelária morreram no meio da noite. Os do Realengo em pleno dia. Todos eles tiveram seus sonhos abortados. De noite ou de dia, na rua ou na escola, em casa ou na praça, pouco importa: ficaram a mercê da violência. Nós não estamos dando conta de proteger nossas crianças.

Diante da gravidade destes fatos não dá para surfar nas ondas do sensacionalismo, mas é preciso mergulhar nos fatos para aprofundar a reflexão e encontrar respostas que ajudem a derrotar a violência.

Retomar o mais rápido possível a campanha do desarmamento, desarmar os corpos e os espíritos, boicotar os programas televisivos e os jogos eletrônicos que incentivam a violência, derrotar a prática do bullying, educar à solução não violenta dos conflitos, intensificar os programas de tratamento destinados aos portadores de psicopatologias, promover a solidariedade, incentivar a cultura do cuidado pela vida, do respeito pelas diferenças e da atenção à pessoa são passos imprescindíveis para evitar estas tragédias e construir a cultura da paz. Comportamentos como aquele do autor da chacina poderiam ser previstos e evitados se houvesse uma atenção especial para com as pessoas, sobretudo com aquelas que, desde pequenas, apresentam transtornos e dustúrbios psicóticos.

Espero que estas tragédias, além de provocar nossa comoção, nos convoquem a um compromisso firme em defesa da vida. Sugiro, enfim, que as famílias das vítimas, a quem manifestamos a nossa solidariedade, estudem a oportunidade de uma ação indenizatória contra a empresa responsável pela fabricação das balas e das armas que foram utilizadas para assassinar estas crianças na mesma linha das ações impetradas por doentes de câncer contra as empresas produtoras de cigarro. Quem sabe que tal artifício não contribua a diminuir a produção e a comercialização de armas e de munição.


Saverio Paolillo

* Saverio Paolillo (Pe. Xavier)da Pastoral do Menor Arquidiocese de Vitória - ES., Rede Aica - Atendimento Integral á Criança e ao Adolescente.


Fonte: Revista Missões

Dia do Índio. Qual sociedade é composta por selvagens?

Criança branca pintada de índio em escola de classe média alta é hype.

Criança índia desterrada esmolando no semáforo é kitsch.

Dia do Índio.

Qual sociedade é composta por selvagens?

Índio só é fofo se vem embalado para consumo.

Hoje, 19 de abril, é Dia do Índio.

Data boa para lembrar qual sociedade é, de fato, composta por selvagens.

Vamos celebrar:

Dia do Índio se tornar escravo em fazenda de cana no Mato Grosso do Sul.

Dia do Índio ser convencido que precisa dar sua cota de sacrifício pelo PAC e não questionar quando chega a nota de despejo em nome de hidrelétricas com estudo de impacto ambiental meia-boca.

Dia do Índio armar um barraco de lona na beira da estrada porque foi expulso de sua terra por um grileiro.

Dia do Índio ver seus filhos desnutridos passarem fome porque a área em que seu povo produziria alimentos foi entregue a um fazendeiro amigo do rei.

Dia do Índio ser queimado em banco de ponto de ônibus porque foi confundido com um mendigo.

Dia do Índio ser chamado de indolente.

Dia do Índio ter ignorado o direito sobre seu território porque não produz para exportação.

Dia do Índio ter negado o corpo de filhos assassinados em conflitos pela terra porque o Estado não faz seu trabalho.

Dia do Índio se tornar exposição no Zoológico da maior cidade do país como se fosse bichinho.

Dia do Índio ser retratado como praga em outdoor no Sul da Bahia por atravancar o progresso

Dia do Índio tomar porrada na Bolívia, no Paraguai, na Colômbia, no Peru, no Equador, no Chile, na Argentina, na Venezuela porque é índio.

Dia do Índio ser motivo de medo de atriz de TV, que acha que um direito de propriedade fraudulento está acima de qualquer coisa.

Dia do Índio entender que a invasão de nossas fronteiras é iminente e, por isso, ele precisa deixar suas terras para dar lugar a fazendas.

Dia do Índio sofrer preconceito por seus olhos amendoados, sua pele morena, sua cultura, suas crenças e tradições.

Enfim, Dia do Índio se lembrar quem manda e quem obedece e parar com esses protestos idiotas que pipocam aqui e ali. Ou será que nós, os homens de bem, vamos precisar de outros 511 anos para catequisar e amansar esse povo?


Leonardo Sakamoto

Jornalista e doutor em Ciência Política. Cobriu conflitos armados e o desrespeito aos direitos humanos em Timor Leste, Angola e no Paquistão. Já foi professor de jornalismo na USP e, hoje, ministra aulas na pós-graduação da PUC-SP. Trabalhou em diversos veículos de comunicação, cobrindo os problemas sociais brasileiros. É coordenador da ONG Repórter Brasil e seu representante na Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Via Sacra contra o empobrecimento - CEBs Ceará


As cruzes não eram de madeira, mas simbolizavam o sofrimento pelo qual Jesus Cristo passou no percurso até o calvário. A caminhada silenciosa teve como companheiro o sol forte e como espectadores todos os que passavam pelo Centro, na tarde de ontem.

Na Via Sacra simbólica promovida pelas pastorais sociais, Comunidades Eclesiais de Base e entidades da Arquidiocese de Fortaleza, os carregadores das cruzes eram diversos Cristos da atualidade, que buscam mais atenção e respeito social.

A Semana Santa é o motivador da caminhada, que saiu da Catedral Metropolitana, seguiu até a Praça Castro Carreira (conhecida como Praça da Estação) pela rua Doutor João Moreira e, de lá, voltou para a Catedral pela rua Castro e Silva. Segundo a organização, cerca de 200 pessoas fizeram o percurso. A Via Sacra das pastorais acontece há sete anos. Pela primeira vez, porém, reuniu grande parte das entidades arquidiocesanas.

O padre Marco Passerini, da Pastoral Carcerária, destaca que o evento pretende chamar a atenção da sociedade para os atendidos pelas pastorais. “Queremos despertar, fazer com que a cidade não se acostume com o menor de rua, com o catador de lixo. Queremos renovar o nosso compromisso. Nos esforçamos para sermos a expressão de caridade e solidariedade com os pobres”, comenta o religioso.

Interpretando Jesus Cristo, o estudante Pedro Henrique da Silva Souza, 13, vinha à frente da passeata. “Participo há três anos. Sempre sou Jesus. Somos do grupo de teatro da paróquia”, cita, ao lado dos amigos da Paróquia Nossa Senhora das Graças.

Direitos humanos

Além da cruz, cada Jesus carregava um cartaz indicando os sofrimentos dos grupos. Preconceito, discriminação e anonimato estão entre as atitudes vividas cotidianamente. De acordo com Tita Nobre, uma das coordenadoras da Pastoral do Menor, a caminhada promove, acima de tudo, uma reflexão. “As pastorais trabalham com um público vulnerável. Queremos trazer todos esses rostos sofridos. Nosso objetivo é ampliar o olhar sobre os direitos humanos violados”, diz.



O objetivo era de chamar atenção da sociedade para a situação em que vivem os empobrecidos da Capital, denunciar situações de risco. Dar cara e voz aos excluídos .

"Estamos aqui, junto com a população, para dar um grito contra todos os tipos de exclusão da sociedade", afirmou o assessor da pastoral da criança, Benimar Oliveira. Ele explicou que espera neste momento de força seja feito um debate que possa sensibilizar a todos.

Com essa sensibilização ele acredita que a população e também o poder público fiquem mais atentos ao problemas dos mais empobrecidos. "Hoje, em Fortaleza, temos pouca visibilidade das pessoas menos favorecidas. Além disso o apoio também não é grande. Com isso temos bastante dificuldade em ajudar", acrescentou.

O assessor da pastoral acredita que a melhor forma para resolver essas situações é a criação de politicas publicas, com base nas experiencias realizadas pela pastoral e outras entidades. "Temos resultados positivos no intuito de ajudar os menos favorecidos. Mas é preciso que esses projetos sejam expandidos através de politicas públicas", disse Oliveira.

O pequeno, Lucas de Castro, acredita que a passeata vai conseguir sensibilizar muitas pessoas. "Estamos mostrando algo muito importante aqui e as sociedade vai lutar para mudar essa situação", comentou.

A vendedora, Carmem Menezes, aprovou o objetivo da Via Sacra. Para ela é preciso que todos lutem para dar melhores condições a todos que moram em Fortaleza.

Igreja Perseguida que está em Sucumbíos, Equador - Mensagem de Solidariedade


Dom Gonzalo


Com a saida de Dom Gonzalo, por idade, a Igreja foi entregue a um grupo de grandes senhores potentes e poderosos, detentores absolutos da verdadeira verdade divina, que estão fazendo " sucumbir" a base da Igreja. A Igreja de Sucumbíos tem vivido desde então uma dura e profunda perseguição promovida por autoridades eclesiásticas.

***

"Opera os prodígios de tua bondade,
Tu, que salvas dos agressores os que se refugiam à tua direita”
(Sl 17, 7)

Nós, assessores e assessoras de Comunidades Eclesiais de Base do Brasil, reunidos na casa de retiro Nossa Senhora da Assunção, na cidade do Rio de Janeiro, para refletir sobre a ‘As CEBs frente aos desafios do mundo contemporâneo’, ficamos sabendo do profundo sofrimento que se abate sobre a Igreja em San Miguel de Sucumbíos, Equador.

Durante esses mais de 40 anos de pastoreio de Dom Gonzalo, a Igreja de Sucumbíos, tornou-se uma igreja comunitária, ministerial, laical, profética e missionária.

Encorajados pela Palavra de Deus lida, refletida e celebrada em comunidade, camponeses, indígenas, negros, mulheres e jovens aprenderam a viver o seguimento a Jesus, realizando uma infinidade de serviços sociais, como associações, cooperativas, sindicatos, e diversos grupos de cooperação e assistência aos mais necessitados. Souberam também cuidar da vida litúrgica, sacramental e catequética.

Essa comunidade eclesial conheceu também a perseguição, a calúnia e o martírio, promovidos por aqueles que se opõem à libertação dos pobres.

Como reconhecimento pelo grandioso trabalho realizado, Dom Gonzalo e a Igreja local receberam várias condecorações de organizações, universidades, da Assembleia Nacional do Equador e do presidente Rafael Correa.

A partir da renúncia de Dom Gonzalo, por ter completado 75 anos, em outubro de 2008, a Igreja de Sucumbíos tem vivido uma dura e profunda perseguição promovida por autoridades eclesiásticas.

Muitos dos padres por ele ordenados foram suspensos de seus ministérios sob alegação de nulidade de tal ato; lideranças leigas foram destituídas de seus ministérios, expulsas e até agredidas fisicamente.

Apesar de toda essa perseguição as comunidades de Sucumbíos vêm resistindo por meio de vigílias, manifestos, protestos e caminhadas. Entretanto, a situação permanece indefinida.

Diante do que assistimos, em Sucumbíos, repudiamos as medidas arbitrárias e manifestamos nosso apoio e solidariedade a essa igreja perseguida. Não concordamos com a ameaça de interrupção à caminhada dessa igreja, que está em plena comunhão com as orientações do Concilio Vaticano II e do magistério latino americano a partir de Medellín.

Façamos das pedras, caminho;
Das perdas, memória;
Da dor, oportunidade;
Da perseguição, força;
Do sonho a utopia e o horizonte no hoje da história,
sustentados pelo evangelho de Jesus Cristo.

Rio de Janeiro, 17 de abril de 2011

Assinam assessores e assessoras de Comunidades Eclesiais de Base do Brasil

O nosso DNA mais profundo é a esperança.- Entrevista com Casaldaliga


Em entrevista, dom Pedro Casaldáliga relembra a chegada ao Brasil e sua trajetória de lutas e mantém o otimismo em relação ao futuro

11.04.2011

Aos quase 80 anos de idade – a serem completados em fevereiro próximo – e 40 de moradia fixa em São Félix do Araguaia, extremo norte do Mato Grosso, dom Pedro Casaldáliga não está cansado nem pessimista, ainda que tenha o cuidado de mencionar na entrevista o mal de Parkinson que lhe traz limitações para se locomover e falar. Uma das figuras exponenciais da Teologia da Libertação, o agora bispo emérito de São Félix recorda, nesta entrevista, a sua chegada ao Brasil e também fala de suas lutas pela redistribuição da terra e as causas indígenas no Brasil.

A conversa, que aconteceu na casa de chão batido onde mora, na avenida que leva seu nome na pequena São Félix, Casaldáliga faz uma espécie de balanço das transformações sociais brasileiras, problemas gerados pela globalização, violência e ausência da reforma agrária. Também comenta o pontificado do atual papa, Joseph Ratzinger, que o questionou, em Roma, na década de 1980, por ter inserido novos elementos numa liturgia que optou pelos pobres...

Fórum – Como foi a sua chegada ao país, há quase 40 anos?

Dom Pedro Casaldáliga – Havia 600 pessoas em São Félix naquela época. Era uma área nova, que tinha retirantes, imigrantes, em plena ditadura militar. O conflito do nosso trabalho se deu sempre envolvendo posseiros, peões, índios e os donos das fazendas. Sabíamos que a política oficial amparava o latifúndio, como agora o regime oficial ampara o agronegócio. Não havia preparo suficiente para saber o que íamos encontrar. Foi realizado um curso em Petrópolis para formar missionários do exterior. Eram quatro meses para saber a história do país, referências culturais, lemos Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto. Lía¬mos as entrelinhas dos jornais. Nós víamos que não teríamos possibilidade de fazer nenhuma pastoral se não fosse contando com uma equipe. As comunicações eram difíceis. A estrada que levava para Barra do Garças estava começando, as pontes, as pinguelas. Precisávamos descobrir a realidade, ocupar a área com equipes e aí realizar um trabalho educacional, formar e informar.

Fórum – O senhor se sentia preparado para assumir sua missão no país?

Casaldáliga – O curso foi providencial para mim. A gente vinha sabendo que estava se expandindo o latifúndio, que as distâncias eram infinitas, que não havia possibilidade de denúncia, de constatação. Por isso, só lancei a Carta Pastoral no dia em que fui sagrado bispo. Se fosse um simples padre, leigo ou leiga, me cortavam o pescoço. A Carta Pastoral de 1971 foi impressa em uma gráfica clandestina comunista em São Paulo. Não havia outros editores para isso, e foi feito secretamente. Vieram vários exemplares em um avião da FAB, porque nesse avião tinha algumas irmãs e uma delas era parente de um oficial da FAB. Então vinha material de missa e, debaixo disso, a Carta Pastoral. Outros exemplares ficaram em São Paulo para serem espalhados.

Fórum – Como foi acolhido um estrangeiro que chegava ao Brasil em 1968, quando se iniciava o período mais duro do regime militar?

Casaldáliga – Cheguei no final de janeiro ao Brasil e a São Félix em julho. O povo é muito acessível, muito acolhedor. Eles viram nossa postura, que não tínhamos amizades com ricos, poderosos. Alguns davam depoimentos em condição de sigilo. Inclusive na própria Carta Pastoral está incluído um documento que eu escrevi em 1970 que, dizem, foi o primeiro sobre o trabalho escravo no Brasil. Quando escrevi isso, o núncio, representante do papa, a quem enviei uma cópia, pediu que não publicasse no exterior porque ia criar confusão.

Fórum – Como foi a decisão de se tornar padre?

Casaldáliga – Tornei-me padre em 1958, no estádio de Montjuic, onde ocorreram as Olimpíadas, em Barcelona. Vivi o período da Guerra Civil Espanhola. Um tio meu, irmão de minha mãe, tinha 33 anos e foi morto pelo regime. Ele e seus colegas estavam se escondendo quando estourou a revolução. Suspeitaram que era padre, avisaram a polícia e o mataram. Minha família era de direita. Ser católico e de direita era o normal, ser de esquerda era ser marxista.

Fórum – Viver durante a Guerra Civil Espanhola influenciou nessa decisão?

Casaldáliga – A Revolução Espanhola teve várias características. Era uma revolução ideológica, socialista contra a direita. Em algumas áreas, era também regional, técnica. Também anti-religiosa e religiosa, a religião era utilizada para atender interesses. Foi na minha juventude. Descobri que queria ser padre na morte do meu tio. Não sei dizer o momento. Minha avó falava que eu devia ser padre, eu dizia que não. Com a morte do meu tio, eu disse que queria. Trabalhei em Barcelona e cidades próximas logo que fui sagrado padre.

Fórum – Como foi o encontro com o então cardeal Joseph Ratzinger e como o senhor avalia seu pontificado?

Casaldáliga – A Congregação da Doutrina da Fé, que substitui de alguma forma a inquisição com o objetivo de regular – o que já não é uma coisa boa –, me questionou por duas vezes. Tive dois encontros com o atual papa quando ele presidia a Congregação. Questionava o uso da liturgia para causas políticas e lhe disse que nosso referencial era a fé. Fomos acusados de ser marxistas, mas lhe falei que nossas categorias eram universais, humanas. Ocorre que quem melhor falou da pobreza e das mazelas do capitalismo foi Marx. O papa tem cuidado de fortalecer os dogmas da Igreja, mas é preciso proximidade com o povo.

Fórum – O senhor vê perspectivas de mudança para a questão do latifúndio?

Casaldáliga – O problema do latifúndio é o problema do Brasil e da América Latina, a acumulação da terra nas mãos de uns poucos, no campo e na cidade. Às vezes nos esquecemos da terra na cidade. Mudaram algumas coisas com os governos recentes. Agora se pode falar, antes não podia. Você pode exigir, mostrar documentos, se será reconhecido não se sabe, mas alguns são. Nos últimos anos, a partir de denúncias, a Polícia Federal está trabalhando mais, mas pára.

Fórum – Como o senhor avalia o atual governo?

Casaldáliga – O Brasil continuará uma sociedade arcaica enquanto houver proteção ao latifúndio. E temos todas as possibilidades de organizar uma reforma agrária. Não vai ser fácil, não é de um dia para o outro, mas não se imaginava o MST na década de 1960, por exemplo. O governo Lula sempre reconheceu o movimento, apesar de não ter feito o que deveria em matéria de terra, porque é um governo de alianças, de concessões. Em nome da governabilidade se pode tudo.

Fórum – Mas hoje há um fortalecimento da sociedade civil.

Casaldáliga – Há fóruns, debates globais. Não podemos pedir de Lula que da noite para o dia transforme tudo, mas ele poderia ter avançado mais. Contudo, se vamos ver agora essa espécie de guinada para a esquerda no continente, apesar de não ser uma virada totalmente homogênea, é um outro mundo. Com quem podíamos contar dez anos atrás? Que governo podia falar mal do capitalismo? Como hoje tudo é mundializado, não posso sonhar com um país socialista nesse mundo em que nos intercomunicamos. Mas é bom que nos encontremos, nos respeitemos e acrescentemos mutuamente, preservando nossas identidades. O único modo de você ter um diálogo adulto com o outro é você ser adulto e ser adulto é viver a própria identidade, com segurança e liberdade. Isso também na religião, posso conviver com outras religiões, mas vivendo a minha. Cada religião, como cada regime e cada país, vai ter que se acrescentar.

Fórum – Em um cenário de globalização, como convivem o global e o local?

Casaldáliga – Estão sendo criados laços cooperativos, uns anos atrás só podíamos contar com a contestação, partido e sindicato. Agora que estes perderam hegemonia, podemos contar com vários atores, global e localmente. Quem quer aportar alguma coisa, deve agir global e localmente. Não posso me fechar para os problemas do meu bairro, se não me preocupo com água, saúde, escola, saneamento do meu bairro, como posso me preocupar com os problemas da África? Os territórios vão ser rachados, mesmo no Brasil. A igualdade é a maior pretensão de humanismo sincero. Se não ficarmos a favor de uma certa igualdade, não avançamos. Justiça exige não só distribuição, mas igualdade, é um processo. No entanto, não podemos pedir igualdade total.

Fórum – E a questão dos imigrantes?

Casaldáliga – É preciso trabalhar a situação dos imigrantes nos países de saída e de chegada. A Espanha se viu obrigada a editar algumas leis por exigência da União Européia. Se não pensamos em transformar os países de origem, com emprego, saúde, educação, moradia, a imensa maioria dos que migram não deixariam seus países. Na Europa, é preciso ter um processo de formação. Por outro lado, a Europa tem também muita generosidade, nós mesmos vivemos e trabalhamos graças à ajuda européia. A solidariedade é de ida e de volta, é uma inter-solidariedade. Eu tenho fé e posso apelar ao Deus da vida. Quem não tem fé, apela ao humanismo. Apelo aos dois.

Fórum – A violência hoje assusta o senhor?

Casaldáliga – Acredito que a humanidade não é suicida, comete suicídios, mas não é suicida. O nosso DNA mais profundo é a esperança. A partir daí, para que a minha esperança seja crível, preciso agir. Esperar e fazer, criar e acolher. Porque a esperança cristã é comprometida. O reino de Deus de que falamos é o reino de Deus já, aqui. O verdadeiro catolicismo, o cristianismo evangélico, tem como objetivo o projeto de Deus para a humanidade. Se não penso nesse objetivo máximo do próprio Jesus, não vou entender o cristianismo e cairei nesse pecado da passividade, acomodação. Você tem que viver sua identidade com dignidade. Se não viver isso, não vai reconhecer a dignidade do outro.

Fórum – A questão indígena ainda é uma dívida?

Casaldáliga – Durante muito tempo, índios e ecologistas pareciam entraves ao progresso. O ministro do Interior Cavalcante – o responsável pelo Incra na década de 70 – dizia que os índios não poderiam atrapalhar. Mas a teoria é outra. Não adianta apelar para o fato de que os índios são poucos e as terras são muitas, se se discute nesses termos, o índio vira somente um posseiro. Quando eu cheguei, havia no Brasil 150 mil índios. Quando chegaram os conquistadores havia 5 milhões, pelo menos. No continente, uns 70 milhões.

Nos últimos anos, têm-se criado vários debates sobre os povos indígenas. Fazer de um rio uma fronteira é um absurdo para os índios, o rio nunca é uma fronteira, um rio é uma estrada. Mas tudo é muito demorado. Um conflito que foi denunciado em 1971 entre a empresa Suiá Missu e os índios xavantes pela posse da terra teve um princípio de definição agora em 2007, maio passado, 36 anos depois. O juiz federal José Pires da Cunha decidiu que a fazenda Suiá Missu, no município de São Félix do Araguaia, pertence aos índios do povo xavante. A decisão judicial resulta de uma ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal, mas isso foi denunciado em 1971. F

Projeto Tapirapé preserva a língua

Com o apoio da prelazia de São Félix do Araguaia, os índios tapirapés, da reserva Urubu Branco, a 30 km de Confresa, no Mato Grosso, têm conseguido preservar a língua da comunidade.

Os professores são os próprios tapirapés e o público-alvo são as crianças. Elas só aprendem português quando chegam à juventude. Antes disso, passam por aulas baseadas na pedagogia orientada pelo casal de estudiosos Luiz e Nice, que tem como base a junção de antigos vocábulos tapirapés com percepções do que interessa a eles – muitas vezes o que existe na natureza. Conversando com os mais velhos, eles acharam algumas raízes para formar palavras que poderiam substituir o português dominante.

Para criar palavras, foram usados os recursos da significação ou pela forma do objeto. Por exemplo, para criar a palavra yãkopy, que é bicicleta, fizeram assim: yã – tirada da palavra yãra, que significa meio de transporte –, e kopy, porque bicicleta tem dois pneus. Outros exemplos: lápis (paraxi), bola (kojapa’axiga), boné (xapewakwy), trator (tatoyãra). A cada palavra criada, os alunos começam a usar na escola e a difundir nas suas casas e na aldeia, onde foram bem recebidas.


Fonte:Agência da Notícia com Expresso MT

terça-feira, 19 de abril de 2011

Pescadores sofrem com tragédia ambiental no Golfo do México

Batalha de pescadores do Golfo do México segue contra efeitos de vazamento de óleo de plataforma da British Petroleum. Na primeira reunião de acionistas da BP depois do vazamento do ano passado, ativistas, pescadores e ambientalistas protestam contra a falta de ação e auxílio da gigante britânica. “Nossas regiões de pesca estão esvaziadas, nossas ostras estão mortas e nós não estamos recebendo os fundos necessários para nosso sustento. Pela primeira vez na vida eu vejo pescadores terem que tomar pílula para dormir”, diz pesquisador de Lousiana (EUA).

Os quase 5 milhões de barris de petróleo que se espalharam pelo Golfo do México no ano passado em decorrência da explosão em uma plataforma da gigante petrolífera britânica BP podem ter saído das pautas dos jornais, mas não das vidas das pessoas afetadas. Na quinta-feira última, menos de uma semana antes do primeiro aniversário do início do vazamento na plataforma Deepwater Horizon, ativistas aproveitaram a primeira reunião de acionistas da BP em Londres desde o acidente para verbalizar suas angústias e cobrar ações mais rápidas e profundas da companhia.

“Alguns dos nossos pescadores não tiveram mais nenhuma receita desde derramamento de petróleo”, justificou Byron Encalade, da associação dos produtores de ostras de Louisiana, que viajou para a Inglaterra especialmente para o evento. “Nossas regiões de pesca estão esvaziadas, nossas ostras estão mortas e nós não estamos recebendo os fundos necessários para nosso sustento”, afirmou o pescador norte-americano. “Pela primeira vez na vida eu vejo pescadores terem que tomar pílula para dormir”.

Alguns ativistas chegaram a adquirir ações da empresa para tentar obter acesso à reunião e poder se manifestar, mas foi do lado de fora, fazendo barulho com instrumentos de percussão e sopro, carregando cartazes e faixas, que ganharam as páginas dos jornais e minutos nos noticiários noturnos.

“Eu vim lá da região da Costa do Golfo. Minha comunidade se foi e não me deixam entrar [na reunião]”, disse Diane Wilson, uma ativista que tentou acessar a sala onde acionistas ouviam da empresa os números do ano passado, quando aproximadamente 25% do valor de mercado da BP se perdeu devido ao acidente. Apesar de ter ações da empresa, o acesso lhe foi negado sob alegação de que ela – parte da quarta geração de uma família de pescadores – poderia representar um risco para os outros acionistas. Para chamar a atenção dos fotógrafos, ela espalhou pelo rosto e nas mãos um líquido preto e viscoso, como se fosse petróleo. “É a única linguagem que eles entendem”. No ano passado, ela já havia feito um movimento semelhante, na mesma sala em que o então presidente da BP testemunhava a uma comissão do Congresso dos EUA.

Entre as pessoas que conseguiram acessar a reunião, um grupo de dez ambientalistas canadenses, cada um vestindo uma camiseta com uma letra diferente e que juntas formariam a frase “no tar sands”, uma referência à exploração de petróleo nas areias betuminosas canadenses. Espalhados em locais diferentes da sala, eles planejavam levantar-se, formar uma fila e revelar o conteúdo das camisetas de modo que a mensagem fosse passada aos acionistas. A ação de seguranças porém impediu o movimento e eles foram retirados da sala antes que pudessem completar a ação.

Um fundo de 20 bilhões de dólares foi criado pela empresa para compensar os atingidos pelo vazamento de petróleo. Uma reportagem do The Independent publicada neste sábado revela que mais de meio milhão de pedidos de compensação já chegaram ao escritório que gerencia esse fundo nos EUA.

“Temos visto dinheiro indo a todos os lugares, menos para as comunidades no centro disso tudo. E nós somos essas comunidades, os primeiros a ficar sem trabalho e seremos os últimos a ter de volta os nossos trabalhos e sustentos”, criticou Encalade.

“ Queremos ter a certeza de que o petróleo, que ainda está no fundo do oceano, e os químicos dispersantes, que ainda estão na água, não serão esquecidos”, disse Antonia Juhasz, diretora do programa de energia do Global Exchange e autora do livro “Black Tide: The Devastating Impact of the Gulf Oil Spill”.

“Essa é uma história que deve servir de alerta para outros investimentos da BP, como as areias betuminosas. Isso é o que acontece quando uma empresa de petróleo opera irresponsavelmente em um meio tecnicamente complicado e ecologicamente sensível”.

O vazamento do Golfo do México no ano passado durou quase três meses e foi o maior da história da indústria.

Wilson Sobrinho

Fonte: Carta Maior


18.04.2011

Páscoa para o mundo crucificado




Ninguém sabe exatamente a data na qual Jesus foi morto e, conforme o testemunho de seus discípulos, recebeu do Pai a vida nova da ressurreição. As celebrações da Semana Santa de cada ano têm como finalidade recordar o que aconteceu para atualizar as conseqüências salvíficas deste fato para os que hoje celebram a fé, mas também para toda a humanidade e até para o universo.

A Páscoa que começou como uma festa agrícola para festejar o inicio da primavera e celebrar a fecundidade da natureza que renasce depois de um inverno rigoroso, no decorrer do tempo, tornou-se para o povo hebraico a comemoração da passagem (daí vem o termo Páscoa) da escravidão para a libertação. Até hoje, as comunidades judaicas chamam a festa da Páscoa de “a estação de nossa liberdade”. A celebração cristã da Páscoa herdou este caráter subversivo da celebração judaica. A ceia pascal de Jesus propõe uma partilha igualitária dos bens e pede que só se reconheça como Kyrios, Senhor, a Jesus Cristo ressuscitado. Como, no mundo antigo, este título era reservado apenas ao Imperador de Roma, a própria fé pascal tem um conteúdo crítico com relação ao império romano e a todos os impérios do mundo.

De fato, para Jesus Cristo, a Páscoa não foi uma festa religiosa. O Evangelho conta que ele foi a Jerusalém entre os peregrinos para participar da festa. Entretanto, não organizou a ceia pascal no templo e sim em uma sala que escolheu gratuitamente. Logo depois, o poder político, com a subserviência das autoridades religiosas, o prendeu e o condenou à morte como os romanos condenavam os rebeldes que se levantavam contra o poder imperial. E Jesus foi morto na cruz. A proclamação de que ele recebeu do Pai uma vida nova e está presente entre os seus é uma profecia de vida e sinal de vitória para todas as vítimas do mundo.

Crer na ressurreição de Jesus é mais do que aceitar que ele reviveu. É reconhecer que no destino pessoal de Jesus a quem o Pai livrou da morte e lhe deu uma vida nova, começou um destino de vida e vitória sobre o mal para toda a humanidade e que alcança até todo ser vivo. Por sua morte e ressurreição, Jesus inaugura a vinda ao mundo do que os Evangelhos chamam de “reino de Deus”, ou seja, o projeto divino de paz, justiça e fraternidade universal que o Espírito realiza no mundo.

A Páscoa continua sendo atual. Assim como Jesus de Nazaré foi assassinado por um sistema opressor que o condenou à morte para perpetuar o seu domínio sobre o povo e a própria religião, cúmplice do Império, hoje temos um mundo inteiro crucificado no sentido de sacrificado para que os interesses dos grandes impérios e empresas continuem dominando. No plano mundial, a própria vida do planeta aparece ameaçada e os projetos aprovados pelos Estados para salvar a natureza são ainda tímidos e ambíguos. No plano político, o modelo atual de democracia parece gasto e pouco credível. Os poucos intentos de governos que procuram libertar-se dos condicionamentos do Império e servir aos mais pobres são classificados de extremistas e ditatoriais, enquanto os que, realmente, comandam as guerras e determinam as políticas de fome e miséria para continentes inteiros são considerados democratas e justos.

A mensagem da Páscoa é que, apesar de todos estes problemas, o Espírito que deu a Jesus de Nazaré uma vida nova inspira e impulsiona muitas pessoas a mudar esta realidade do mundo e ressuscitar da opressão o mundo todo. Evidentemente, este caminho não se dá de uma vez por todas, magicamente. É um processo e se realiza através da ação e do compromisso ético de todos os que crêem no futuro da humanidade e no amor divino que fecunda o universo. As Igrejas devem ser sinais disso. Em 1968, os bispos católicos da América Latina, reunidos na conferência de Medellín, Colômbia, se comprometeram a dar a Igreja um rosto de uma Igreja pascal. Uma Igreja pascal significa uma Igreja capaz de evoluir com a humanidade e que se define a si mesma como peregrina e missionária do reino de Deus ou seja deste projeto de um mundo novo. Para isso, os bispos propuseram que a Igreja se apresentasse sempre como Igreja pobre e despojada dos meios de poder, comprometida com a libertação de toda a humanidade e de cada ser humano em sua integralidade (Cf. documento de Medellín 5, 15).

No Brasil, muita gente valoriza as tradições religiosas da 6ª feira santa. Cada vez é maior o número de que celebram a Vigília Pascal, na noite do sábado, ou na madrugada do domingo. É a mais importante celebração cristã de todo o ano litúrgico. Santo Agostinho a chama de “mãe de todas as celebrações cristãs”. São ritos antigos, constituídos de beleza e profundidade poética e profética. Mas, não podem ficar só no rito. A celebração pascal deve ser a proclamação de um mundo novo que começa e toma força na esperança e no amor de toda pessoa consagrada à vida. A figura do Cristo ressuscitado é primícia deste universo renovado, ao qual todas as pessoas que amam a vida e a justiça são chamadas a aderir e defender.

Marcelo Barros