quarta-feira, 20 de abril de 2011

Via Sacra contra o empobrecimento - CEBs Ceará


As cruzes não eram de madeira, mas simbolizavam o sofrimento pelo qual Jesus Cristo passou no percurso até o calvário. A caminhada silenciosa teve como companheiro o sol forte e como espectadores todos os que passavam pelo Centro, na tarde de ontem.

Na Via Sacra simbólica promovida pelas pastorais sociais, Comunidades Eclesiais de Base e entidades da Arquidiocese de Fortaleza, os carregadores das cruzes eram diversos Cristos da atualidade, que buscam mais atenção e respeito social.

A Semana Santa é o motivador da caminhada, que saiu da Catedral Metropolitana, seguiu até a Praça Castro Carreira (conhecida como Praça da Estação) pela rua Doutor João Moreira e, de lá, voltou para a Catedral pela rua Castro e Silva. Segundo a organização, cerca de 200 pessoas fizeram o percurso. A Via Sacra das pastorais acontece há sete anos. Pela primeira vez, porém, reuniu grande parte das entidades arquidiocesanas.

O padre Marco Passerini, da Pastoral Carcerária, destaca que o evento pretende chamar a atenção da sociedade para os atendidos pelas pastorais. “Queremos despertar, fazer com que a cidade não se acostume com o menor de rua, com o catador de lixo. Queremos renovar o nosso compromisso. Nos esforçamos para sermos a expressão de caridade e solidariedade com os pobres”, comenta o religioso.

Interpretando Jesus Cristo, o estudante Pedro Henrique da Silva Souza, 13, vinha à frente da passeata. “Participo há três anos. Sempre sou Jesus. Somos do grupo de teatro da paróquia”, cita, ao lado dos amigos da Paróquia Nossa Senhora das Graças.

Direitos humanos

Além da cruz, cada Jesus carregava um cartaz indicando os sofrimentos dos grupos. Preconceito, discriminação e anonimato estão entre as atitudes vividas cotidianamente. De acordo com Tita Nobre, uma das coordenadoras da Pastoral do Menor, a caminhada promove, acima de tudo, uma reflexão. “As pastorais trabalham com um público vulnerável. Queremos trazer todos esses rostos sofridos. Nosso objetivo é ampliar o olhar sobre os direitos humanos violados”, diz.



O objetivo era de chamar atenção da sociedade para a situação em que vivem os empobrecidos da Capital, denunciar situações de risco. Dar cara e voz aos excluídos .

"Estamos aqui, junto com a população, para dar um grito contra todos os tipos de exclusão da sociedade", afirmou o assessor da pastoral da criança, Benimar Oliveira. Ele explicou que espera neste momento de força seja feito um debate que possa sensibilizar a todos.

Com essa sensibilização ele acredita que a população e também o poder público fiquem mais atentos ao problemas dos mais empobrecidos. "Hoje, em Fortaleza, temos pouca visibilidade das pessoas menos favorecidas. Além disso o apoio também não é grande. Com isso temos bastante dificuldade em ajudar", acrescentou.

O assessor da pastoral acredita que a melhor forma para resolver essas situações é a criação de politicas publicas, com base nas experiencias realizadas pela pastoral e outras entidades. "Temos resultados positivos no intuito de ajudar os menos favorecidos. Mas é preciso que esses projetos sejam expandidos através de politicas públicas", disse Oliveira.

O pequeno, Lucas de Castro, acredita que a passeata vai conseguir sensibilizar muitas pessoas. "Estamos mostrando algo muito importante aqui e as sociedade vai lutar para mudar essa situação", comentou.

A vendedora, Carmem Menezes, aprovou o objetivo da Via Sacra. Para ela é preciso que todos lutem para dar melhores condições a todos que moram em Fortaleza.

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