quinta-feira, 13 de junho de 2013

Comunidades Eclesiais de Base: novos tempos




Resenha sobre o livro de F. OROFINO, S. COUTINHO, S. RODRIGUES (orgs.): CEBs e os desafios do mundo contemporâneo; São Paulo, Paulus: 2012 (ISBN: 978-85-349-3486-2, 237 p.).



Embora tenham sido dadas como espécie em extinção, as comunidades eclesiais de base–CEBs– continuam ativas e sua existência provoca não poucos debates. O livro em apreço resulta de quatro seminários promovidos por Iser-Assessoria e a Comissão para o Laicato da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil –CNBB– em 2011, para a formação da nova geração de assessores e assessoras de CEBs, como indica o pequeno texto da parte IV. Essa contextualização é essencial para bem apreciarmos o valor da obra, uma vez que esta não é uma obra de erudição acadêmica e sim um livro que retrata o conhecimento elaborado a partir da reflexão sobre as práticas em curso nas próprias CEBs. Seu fio condutor é o fato de que muitas pessoas hoje dispostas a ajudar na formação de lideranças das comunidades pouco conhecem de sua história. Recuperar a memória – antiga e recente – para bem entender a realidade atual, é o propósito desse trabalho que é de grande utilidade a quem quer conhecer a realidade atual das CEBs em nosso País.
Ao terminar a leitura do livro redigi esses breves comentários em forma de resenha, mas de fato trata-se antes de uma reflexão pessoal provocada pela leitura do que propriamente uma apresentação do livro e seu conteúdo.

A parte I faz a memória teológica e histórica das CEBs, desde sua inspiração nos documentos do Concílio Ecumênico de 1962-65 e sua primeira formulação no Plano de Pastoral de Conjunto da CNBB (1965) até os encontros intereclesiais e o Documento de Aparecida. Ao traçar as grandes linhas de sua trajetória, os autores (J. Oscar Beozzo, Daniel Higino Menezes, Alfredo Gonçalves e Josenildo Lima) buscaram os elementos mais relevantes para o enfrentamento dos problemas atuais. Destaca-se aí a questão da eclesialidade das CEBs: são elas "um novo jeito de ser Igreja” – como bem definiu a CNBB em documento de 1982 – ou um dentre outros movimentos católicos? Essa questão é hoje crucial numa Igreja católica que ao se reclericalizar relegou seus leigos e leigas a posições subalternas.

Essa questão pode ser abordada a partir da comparação dos parágrafos referentes às CEBs nas duas versões do Documento de Aparecida, de 2008: o texto aprovado na sessão plenária ao final da Conferência e o texto oficial vindo de Roma. Fica claro que o texto original se refere às CEBs a partir da experiência latino-americana e caribenha, enquanto a versão oficial fala delas em teoria como uma possível forma de congregar os católicos sob a direção dos ministros ordenados. É como se a rica história das CEBs em Nossa América não merecesse o reconhecimento teológico da Santa Sé, para a qual só vale o modelo canônico da paróquia sob a autoridade do padre nomeado pelo bispo. Essa questão teológica está longe de ser mero debate sobre a forma mais adequada da Igreja católica nos diversos contextos em que ela se realiza historicamente. Ela tem em seu interior o debate sobre a própria missão da Igreja no mundo contemporâneo.

Esse ponto é bem ilustrado pela análise das inovações sociopolíticas correspondentes às CEBs, feita na parte III do livro. Ivo Lesbaupin, Roberto Malvezzi, Lúcia Ribeiro, Sílvia R. A. Fernandes e Fernando Altmeyer tratam questões muito atuais – como as antigas e novas formas de luta social na região semiárida do Nordeste, as candentes questões de gênero, pluralismo religioso e a nova configuração urbana – dentro do quadro maior da conjuntura socioeconômica mundial. Deixo, porém, de comentar aqui essa parte porque demandaria muito espaço e quero dedicá-lo à questão da identidade eclesial das CEBs.

Quando a Igreja toma as CEBs como seu eixo organizador, seus membros são incentivados a assumir posições políticas em favor de classes ou grupos injustiçados ou socialmente oprimidos, e a buscar mudanças estruturais na economia e na sociedade. Quando, de outro lado, o eixo organizador da Igreja assenta-se na paróquia, seus agentes ocupam-se prioritariamente em trazer mais pessoas para as celebrações. Dito de outra forma, as CEBs propiciam ações pastorais para empoderar grupos sociais subalternos e por isso incomodam os detentores do poder. Já os agentes de pastoral da paróquia só focam a ação na sociedade quando se trata de combater a descriminalização do aborto, o casamento homoafetivo ou outras propostas que ameacem o modelo católico de família. Por isso convém explicitar o transfundo sociopolítico do debate eclesiológico, já que raramente ele vem à tona.

Feita a observação, quero comentar a abordagem feita no livro ao problema eclesiológico hoje em debate: paróquia como "comunidade de comunidades” seria o mesmo que paróquia "de CEBs”?
Qualquer observador atento percebe que não poucas autoridades eclesiásticas prefeririam ver as CEBs extintas e substituídas por "pequenas comunidades” constituídas a partir de uma afinidade religiosa. Sua diversidade favorece a adesão dos mais diferentes grupos sociais, cada qual com um interesse religioso particular. Desde que não interfira nas atividades de outros grupos nem contrarie a autoridade do pároco ou vigário, a "pequena comunidade” encaixa-se facilmente na estrutura paroquial. A resiliência da paróquia reside justamente em sua capacidade de possibilitar a convivência pacífica de diferentes grupos, cada qual voltado para um interesse religioso específico: pode ser a oração carismática, a devoção mariana, a adoração do Santíssimo, a visita aos enfermos, a assistência aos pobres, a recuperação de usuários de drogas... mas podem ser também CEBs, pastorais de juventude, operária ou de mulheres. Se cada grupo limitar-se a fazer seu apostolado sem interferir nos demais nem querer dar a linha pastoral à paróquia, esta, como um coração de mãe, acolhe a todos. Em contraste a esse relativismo pastoral da paróquia, as CEBs têm um projeto pastoral para a Igreja e o mundo, e por isso constituem um novo jeito de ser Igreja.

Na parte II Sérgio R. Coutinho, Solange S. Rodrigues e Mercedes Budallés refletem sobre essa proposta pastoral das CEBs, tendo como pano de fundo a expressão hoje corrente de "pequenas comunidades”. Essa expressão englobaria as CEBs, as "novas comunidades”oriundas de movimentos carismáticos, as antigas capelas e os variados grupos que se constituem no interior da Igreja. Esse conjunto de "comunidades”formaria a paróquia como "comunidade de comunidades”. À primeira vista essa novidade pode parecer apenas formal, mas a análise atenta revela uma estratégia que desqualifica as CEBs como novo jeito de ser Igreja e que propicia sua absorção pelo modelo eclesiológico advindo do concílio de Trento. No plano estrutural, trata-se de optar entre dois modelos de Igreja: o que é baseado na separação entre ministros ordenados e os leigos e leigas, e o de uma Igreja toda ministerial e missionária em diálogo com o mundo. Porque a CEB é a base eclesial desse modelo de Igreja advindo do Vaticano II – tanto quanto a paróquia o é para o modelo tridentino – há uma tensão estrutural entre CEB e Paróquia: se a CEB é base, a Paróquia é apenas uma instância facilitadora de serviços (litúrgicos, catequéticos, administrativos, articulação etc.); mas se a base é a Paróquia, a CEB nada mais é do que uma subdivisão interna, como são as antigas capelas. Em outras palavras, reduzir a CEB a uma "pequena comunidade” entre outras, é condição necessária para sua inserção na institucionalidade estabelecida pelo direito canônico e na qual ela não é mais do que uma das muitas unidades facilitadoras da pastoral paroquial.

Aqui, em meu entender, reside o principal ponto de tensão entre a eclesiologia das CEBs e a eclesiologia orientadora do direito canônico – instrumento por excelência de controle hierárquico. A tomar-se como orientação o espírito pastoral do Concílio Vaticano II, as CEBs têm pela frente um amplo campo de ação, a partir de suas bases leigas–animadoras e animadores de comunidades– em comunhão com seus pastores. Já a orientação canônica parte da autoridade eclesiástica local –bispo e pároco–independentemente de eles estarem ou não em comunhão com as bases leigas.

Nos casos –e felizmente eles são muitos– de bispos e párocos que abrem mão da autoridade que o direito canônico lhes confere para basearem sua autoridade na relação de comunhão, as CEBs se desenvolvem e se firmam. Não quero com isso dizer que não encontrem dificuldades pastorais, mas estas são externas à estrutura eclesiástica. Mas nos casos em que o direito canônico é a norma, as CEBs só conseguem existir na medida em que abrem espaço nos interstícios possibilitados por ele.

 Um exemplo é a celebração dominical sem missa. Para que muitas pessoas não fiquem sem cumprir o preceito dominical, é usual a celebração dominical com duas partes: a da Palavra e a da Eucaristia.

É claro que não se trata da celebração da missa, que requer a presidência do sacerdote devido a seu caráter sacrificial – como bem lembra o Missal Romano. Aparentemente, porém, para a grande maioria de quem participa, essa celebração dominical equivale à celebração da missa: tanto numa quanto noutra os e as fiéis, ao comungarem, recebem o mesmo Cristo que se faz presente na hóstia anteriormente consagrada. Concluindo, lembro que estas são considerações feitas a partir da leitura dialogante do livro – que certamente dará ensejo a muitas outras leituras, algumas bem diferentes desta – e não um resumo das teses ali defendidas. Nesses tempos de novo pontificado em Roma, há a esperança de (invertendo a clássica expressão de J. B. Libânio) um "retorno à grande abertura”operada pelo Concílio Ecumênico de 1962-65. Neste caso, o novo jeito de ser Igreja ensaiado pelas CEBs na primavera eclesial que se seguiu àquele grande evento poderá enfim desabrochar e dar frutos para o mundo – porque nosso País está precisando muito de quem leve a sério a evangélica opção preferencial pelos pobres aplicada à economia, à política e à cultura.

Juiz de Fora, 24 de maio de 2013.

Fonte: Adital

CEBs Diocese de Jequié

CEBs DIOCESANA EM AUDIÊNCIA COM O BISPO
Aconteceu no dia 07 de junh (sexta-feira), às 09h :00min, na Cúria Diocesana de Jequié-BA a Audiência das CEBs Diocesana com o Bispo Dom Frei José Ruy Gonçalves Lopes OFMCap. Na oportunidade, o bispo diocesano expressou a sua imensa acolhida às CEBs.
Estiveram presentes: Pe. Paulo Silva (assessor das CEBs na Diocese e no Regional Nordeste 3 BA/SE), Ir. Rosa Maria (coordenadora), Marilene Teixeira (Secretária), João Silva (tesoureiro), Neilson Rocha (vice-tesoureiro), Maria Aparecida e Maria Angélica Souza.
Esta audiência teve como objetivo: apresentar a coordenação geral, apresentar o relatório da assembleia diocesana das comunidades do ano de 2012; apresentar o relatório do encontrão acontecido este ano no KM 100; os balancetes das despesas e eventos feitos pelas comunidades como também os nomes dos delegados que irão participar do XIII Intereclesial das Comunidades, assim como as despesas necessárias para o Intereclesial.
Ir. Rosa iniciou falando sobre o surgimento das CEBs em plena efervescência e de forma especial quando foi aqui foi instaurada a Igreja Matriz de Nossa Senhora das Graças, incentivada por Pe. Jesus Villacé de Castro, por volta de 1973, quando também se tinha um grupo de legionárias (Legião de Maria) que visitavam doentes e rezavam nas casas. Dom Frei José Ruy procurou saber como está a caminhada das Comunidades nos dias atuais, Ir. Rosa relatou que estão caminhando, mas que algumas paróquias se tornam resistentes; no zonal centro só sete paróquias caminham com a coordenação, mas enfatizou que algumas paróquias apesar de estarem distantes estão presentes na coordenação, a exemplo das cidades de Maracás, KM 100 e Jaguaquara.
Dom Frei José Ruy salientou que é preciso ter espírito de solidariedade e que a quantidade pouco importa, o que é importante é o empenho. Ele acrescentou que a missão do leigo é no mundo, atuando. Foi apresentado ao Bispo as despesas das CEBs, com o Regional no qual é enviado todo a quantia referente a um salário mínimo, bem como as despesas da ampliada, foi-lhe entregue um relatório de tudo que as CEBs arrecadou e gastou durante o ano de 2012 e do 1º semestre de 2013. Colocamos também a necessidade de caminharmos, com a Igreja Particular, sobretudo com o apoio de nosso bispo o qual se mostrou muito satisfeito e atento aos nossos trabalhos, a ele incluímos Dom Cristiano que muito apoiou as comunidades e deixou que os nossos trabalhos caminhassem fluentemente.
Encerramos este encontro, com uma Ave- Maria aquela que sempre vem intercedendo a Deus por toda a nossa Igreja, Maria nossa Mãe Santíssima e com um caloroso abraço dado a todos por nosso bispo Dom José Ruy.

Papa Francisco e as CEBs

Durante a V Conferencia de Aparecida, em 2007, aconteceu a Romaria das CEBs ao Santuário. Dom José Bertanha, então presidente da Comissão para o Laicato da CNBB, presidiu a celebração eucarística tendo como concelebrantes os amigos Pe. Agenor Brighenti, Pe. Nelito Dornelas, Dom Demetrio Valentini e... D. Jorge Mario Bergoglio, hoje papa Francisco! Com certeza esta missa ficou na memória de nosso papa!!

Regional Noroeste realiza encontrão das CEBs

Nos dias 31 de maio a 2 de junho, a cidade de Porto Velho (RO) reuniu 160 lideranças das CEBs do Regional Noroeste da CNBB, em preparação para o 13º intereclesial, que será realizado em Juazeiro do Norte (CE) nos dias 7 a 11 de janeiro de 2014. O encontro teve assessoria do padre Vileci Vidal e a presença do cardeal Claudio Hummes, presidente da Comissão Especial para a Amazônia.

Encorajados pelo documento de estudos 104 da CNBB, “Comunidade de comunidades: uma nova paróquia”, os participantes partilharam suas experiências vividas na igreja da Amazônia, nas cidades, no interior, entre os ribeirinhos, os indígenas e as populações tradicionais. O cardeal Cláudio Hummes afirmou que estava ali para “aprender e ouvir, antes de opinar e orientar”.
 
 

Presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia visita Rondônia


 


 
Dom Cláudio Hummes em visita ao Estado de Rondônia
O presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia (CEA), Dom Cláudio Hummes, em visita a três dioceses do Estado de Rondônia, cumpriu uma vasta agenda de compromissos. Além de presidir inúmeras celebrações, o bispo esteve reunido com distintas comunidades, reuniu-se com lideranças, seminaristas, e outros grupos. O bispo também ministrou palestras em universidades.

Em Porto Velho, o bispo participou do encontro dos delegados ao 13º intereclesial. Na oportunidade, o bispo pode conhecer melhor a realidade vivenciada pelas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), em cada uma das sete dioceses do Regional Noroeste, além de participar do Conselho de Pastoral da Região Porto Velho (RO).
Dom Cláudio afirmou que “as comunidades eclesiais necessitam de lideranças (ministros ordenados ou não) que sejam presença constante e não esporádica. Sendo presença constante, podem cuidar melhor das comunidades com as famílias, grupos, pastorais, dinamizando e defendendo”.

Reunindo lideranças das paróquias das cidades de Porto Velho, Candeias do Jamari e Itapuã d’Oeste e da Área Missionária alto Rio Madeira, fez avaliação da romaria do Trabalhador, das festas de Pentecostes, Nossa Senhora Auxiliadora (Padroeira de Porto Velho) e Corpo de Cristo e da primeira Vigília de Pentecostes que reuniu perto de 2 mil jovens.
O cardeal ministrou palestra na Faculdade Católica e foi ao encontro de Dom Moacyr Grechi e de Dom Antonio Possamai. Dom Cláudio também dedicou tempo especial para os seminaristas maiores; para os mais de 30 padres que se reuniram no dia 03 de junho, para comemorar a semana de oração pela santificação do Clero.

Nesses dias, Dom Cláudio destacou a importância da evangelização como um processo que pede uma Igreja missionária que forma missionários leigos, de vida consagrada e ministros Ordenados. “Todo cristão precisa ser missionário e sobretudo o padre para que possa, com espírito missionário, guiar um povo missionário”.

Dom Cláudio Hummes ainda presidiu celebrações na capela de Santo Antônio que no dia 13 de junho, celebra o seu centenário, sendo a Igreja mais antiga de Porto Velho. O bispo incentivou a oração pelas vocações devido ao fato de haver poucos os padres diocesanos nascidos em Rondônia (em Porto Velho, são somente 02 e em Guajará-mirim 03). Lembrou a importância de todos, diocesanos e religiosos, trabalharem por um bom clero diocesano.
 

CEBs e os desafios do mundo contemporâneo

Nesses tempos de novo pontificado em Roma, há a esperança de - invertendo a clássica expressão de J. B. Libânio - um "retorno à grande abertura” operada pelo Concílio Ecumênico de 1962-65. Neste caso, o novo jeito de ser Igreja ensaiado pelas CEBs na primavera eclesial que se seguiu àquele grande evento poderá enfim desabrochar e dar frutos para o mundo – porque nosso País está precisando muito de quem leve a sério a evangélica opção preferencial pelos pobres aplicada à economia, à política e à cultura.

OROFINO, F.; COUTINHO, S. R.; RODRIGUES, S. S. (orgs.) CEBs e os desafios do mundo contemporâneo. São Paulo: Paulus/ISER Assessoria, 2012, 240 p. - ISBN 9788534934862.



Leia a interessante resenha deste livro escrita por Pedro A. Ribeiro de Oliveira e publicada pela Adital em 07.06.2013.

Ele explica:

"O livro em apreço resulta de quatro seminários promovidos por Iser-Assessoria e a Comissão para o Laicato da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB – em 2011, para a formação da nova geração de assessores e assessoras de CEBs, como indica o pequeno texto da parte IV.

Essa contextualização é essencial para bem apreciarmos o valor da obra, uma vez que esta não é uma obra de erudição acadêmica e sim um livro que retrata o conhecimento elaborado a partir da reflexão sobre as práticas em curso nas próprias CEBs.

Seu fio condutor é o fato de que muitas pessoas hoje dispostas a ajudar na formação de lideranças das comunidades pouco conhecem de sua história. Recuperar a memória – antiga e recente – para bem entender a realidade atual, é o propósito desse trabalho que é de grande utilidade a quem quer conhecer a realidade atual das CEBs em nosso País.

Ao terminar a leitura do livro redigi esses breves comentários em forma de resenha, mas de fato trata-se antes de uma reflexão pessoal provocada pela leitura do que propriamente uma apresentação do livro e seu conteúdo".

Assassinatos de indígenas no Brasil crescem 269% nos governos Dilma e Lula

 
Os assassinatos de indígenas no Brasil aumentaram 269% nos governos petistas de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff em comparação com os oito anos do tucano Fernando Henrique Cardoso, segundo dados do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), órgão ligado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
De acordo com o CIMI, foram registrados 167 assassinatos de indígenas no governo FHC, média de 20,8 mortes por ano. Já no governo Lula o número subiu para 452 assassinatos, 56,5 em média por ano, ou crescimento de 271%. Em 2011, o primeiro ano do governo Dilma, foram contabilizados 51 assassinatos de indígenas pelo CIMI e em 2012 outras 57 mortes, de acordo com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), média de 54 mortes por ano, próxima à do governo Lula e 260% maior do que a do governo tucano.
"Havia uma expectativa muito grande de que com a eleição de Lula seriam destravados os processos de demarcação que historicamente eram muito lentos", disse Buzatto. "Mas na realidade o que aconteceu foi uma retração ainda maior. Isso levou à radicalizações de conflitos e a uma série de manifestações que acabaram em violência. Eles se sentiram traídos", completou.
Na reserva de Dourados (MS), por exemplo, 13 mil guarani-kaiowá vivem em apenas 3,5 mil hectares, uma densidade demográfica comparável a das piores favelas do País. "Houve conflitos com autoridades, com invasores, com latifundiários e, por fim, entre os próprios indígenas", disse Buzatto.
Falha política
Integrantes da cúpula petista já contabilizam a crise indígena na conta das falhas de articulação política do governo Dilma. Em conversas reservadas, petistas criticam a ação da presidente apontando falhas semelhantes ocorridas na votação da MP dos Portos como, por exemplo, a duplicidade de canais de decisão.
Para os petistas, as declarações da ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, determinando a suspensão das demarcações primeiro no Paraná - onde ela deve disputar o governo do Estado - e depois em todo o País foram o estopim da crise, com impacto maior do que a morte do índio Oziel Gabriel, pela Polícia Federal, na desocupação de uma fazenda no Mato Grosso do Sul. As decisões de Gleisi foram endossadas pela presidente.
Correligionários de Dilma estão preocupados com o possível impacto eleitoral do episódio. Eles lembram das críticas do PT à violência da Polícia Militar de São Paulo na desocupação do bairro Pinheirinho, em 2012, e dizem que agora o partido não poderá mais empunhar esta bandeira. Além disso, a crise já chamuscou os ministros Gilberto Carvalho (Secretaria Geral) e José Eduardo Cardozo (Justiça), ambos petistas.
Agência Brasil
 
 Grupo de indígenas protestou em frente ao Planalto na quinta-feira (6/6)
O secretário nacional de Movimentos Sociais do PT, Renato Simões, defende que as negociações se concentrem nas mãos da Secretaria Geral e do Ministério da Justiça. "Esta situação coloca para o governo a necessidade de executar mais ações. A novidade positiva é a autocrítica feita pelo ministro Gilberto Carvalho. Do jeito que as coisas andam, vão acabar levando a um aumento do papel do Ministério da Justiça e da Secretaria Geral e à diminuição da atuação da Casa Civil", afirmou Simões.
Apesar das críticas, Dilma não mudou o modelo de negociação com os indígenas, mantendo a participação da Casa Civil, Embrapa, ministérios do Desenvolvimento Agrário, Agricultura, Cidades e Combate á Fome, além da secretaria Geral da Presidência e do Ministério da Justiça, tradicionais interlocutores da área.
Em nota, a Casa Civil diz que o objetivo é aprimorar o processo, cujo modelo ficará pronto ainda no primeiro semestre, e alega que os motivos do atraso em algumas demarcações são disputas judiciais, que não dependem do Poder Executivo: "A maior parte dos territórios que hoje está em discussão é de áreas de litígio judicial. São terras reclamadas pelos índios, mas que, em sua maioria, estão ocupadas por agricultores ou estão, inclusive, em perímetros urbanos".
A nota informa ainda que as terras indígenas ocupam, hoje, cerca de 120 milhões de hectares - o que representa 13% do território nacional -, a área de plantio (lavouras) 7% e as áreas urbanas e de infraestrutura 2% do território. "Isso comprova o compromisso do Estado brasileiro com os povos indígenas. Apenas nos últimos dez anos, o governo demarcou 91 áreas em favor dos índios".
 
Vasconcelo Quadros
 

A moça do perfume (Lucas 7,36-8,3)

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O texto de hoje deixa transparecer outro aspecto do Novo que Jesus trouxe. Na sociedade e na religião do tempo de Jesus, as mulheres eram excluídas e discriminadas. Ao redor de Jesus, porém, homens e mulheres se reuniam em igualdade de condições. Durante a leitura do texto somos convidados a prestar atenção na seguinte questão: Qual atitude de Jesus para com as mulheres que aparecem no texto?
SITUANDO
No capítulo 7 do Evangelho de Lucas, Jesus continua abrindo o caminho, revelando o Novo. A transformação vai acontecendo. Jesus acolhe o pedido de um estrangeiro não judeu (Lucas 7,1-10) e ressuscita o filho de uma viúva (Lucas 7,11-17). A maneira de Jesus conceber o Reino surpreende cada vez mais aos irmãos judeus que não estavam acostumados com a abertura de Jesus. Até João Batista fica meio perdido e manda perguntar: "É o senhor ou devemos esperar por outro?" (Lucas 7,18-30). Jesus chega a denunciar a incoerência dos seus patrícios: "Vocês parecem crianças que não sabem o que querem!" (Lucas 7,31-35). E agora, aqui no nosso texto, outro aspecto do Novo começa a aparecer. É a atitude de Jesus para com as mulheres.
Na época do Novo Testamento, a mulher vivia marginalizada. Na sinagoga ela não participava, na vida pública não podia ser testemunha. Muitas mulheres, porém, resistiam contra a exclusão. Desde os tempos de Esdras, a resistência da mulher vinha crescendo, como transparece nas histórias de Judite, Ester, Rute, Noemi, Suzana, da Sulamita e de tantas outras. Esta resistência encontrou eco e acolhida em Jesus. No episódio da moça do perfume transparecem o inconformismo e a resistência das mulheres no dia-a-dia e o acolhimento que Jesus lhes dava.
COMENTANDO
1. Lucas 7,36-38: A situação que provocou o debate
Três pessoas totalmente diferentes se encontram: Jesus, o fariseu e a moça! Um fariseu era um judeu observante. Da moça se diz que era pecadora. Jesus está na casa de Simão, o fariseu que o convidou para o jantar. A moça entra, coloca-se aos pés de Jesus, começa a chorar, molha os pés de Jesus com as lágrimas, solta os cabelos para enxugá-los, beija e unge os pés com perfume. Soltar os cabelos em público era um gesto de independência. Jesus não se retrai nem afasta a moça, mas acolhe o gesto dela.
2. Lucas 7,39-40: A reação do fariseu e a resposta de Jesus
Jesus estava acolhendo uma pessoa que, conforme os judeus observantes, não podia ser acolhida. O fariseu, observando tudo, critica Jesus e condena a mulher: "Se este homem fosse um profeta, saberia que tipo de mulher é esta que o toca, pois é uma pecadora". Jesus usa uma parábola para responder à provocação do fariseu. A parábola ajuda a perceber o invisível de Deus a partir da experiência que a pessoa tem da vida.
3. Lucas 7,41-43: A parábola dos dois devedores
Um devia 500 reais, o outro, 50. Nenhum dos dois tinha como pagar. Ambos foram perdoados. Qual dos dois terá mais amor? Resposta do fariseu: "Amará mais aquele a quem mais se perdoa!" A parábola supõe que os dois, tanto o fariseu como a moça, tinham recebido algum favor de Jesus. Na atitude que os dois tomam diante de Jesus, mostram como apreciam o favor recebido. O fariseu mostra o seu amor, a sua gratidão, convidando Jesus para o jantar. A moça mostra o seu amor, a sua gratidão, através das lágrimas, dos beijos e do perfume.
4. Lucas 7,44-47: O recado de Jesus para o fariseu
Depois de receber a resposta do fariseu, Jesus aplica a parábola. Mesmo estando na casa do fariseu, a convite do mesmo, ele não perde a liberdade de falar e de agir. Defende a moça contra a crítica do judeu praticante. O recado de Jesus para os fariseu de todos os tempos é este: "Aquele a quem pouco foi perdoado, mostra pouco amor!" O fariseu achava que não tinha pecado, porque observava em tudo a lei. A segurança pessoal que eu, fariseu, crio para mim pela observância das leis de Deus e da Igreja, muitas vezes me impede de experimentar a gratuidade do amor de Deus. O que importa não é a observância da lei em si, mas sim o amor com que observou a lei. E usando os símbolos do amor da moça, Jesus dá o troco ao fariseu que se considerava em paz com Deus: "Você não me deu água para lavar os pés, não me deu o beijo de acolhida, não me deu água de cheiro! Simão, apesar de todo o banquete que me ofereceu, você tem pouco amor!"
5. Lucas 7,48-50: Palavra de Jesus para a moça
Jesus declara a moça perdoada e acrescenta: "Tua fé te salvou! Vai em paz!" Aqui transparece a novidade da atitude de Jesus. Ele não condena, mas acolhe. E foi a fé que ajudou a moça a se recompor e a se reencontrar consigo mesma e com Deus. No relacionamento com Jesus, uma força nova despertou dentro dela e a fez renascer.
6. Lucas 8,1: Os doze que seguem Jesus
Numa única frase Jesus descreve a situação: Jesus anda por toda parte, pelos povoados e cidades da Galileia, anunciando a Boa Nova do Reino de Deus e os doze estão com ele. A expressão "seguir Jesus" (Marcos 15,41) indica a condição do discípulo que segue o Mestre, 24 horas por dia, procurando imitar o seu exemplo e participando do seu destino.
7. Lucas 8,2-3: As mulheres seguem Jesus
O surpreendente na atitude de Jesus é que, ao lado dos homens, há também mulheres "junto com Jesus". Lucas coloca os discípulos e as discípulas em pé de igualdade, pois ambos seguem Jesus. Ele também conservou os nomes de algumas destas discípulas:
- MARIA MADALENA, nascida na cidade de Magdala. Ela tinha sido curada de sete demônios;
- JOANA, mulher de Cuza, procurador de Herodes Antipas, que era governador da Galileia;
- SUZANA e várias outras. Delas se afirma que "seguem Jesus" (cf. Marcos 15,41) e que o "servem com seus bens".
ALARGANDO
O Evangelho de Lucas sempre foi considerado o Evangelho das mulheres. De fato, Lucas é o que traz o maior número de episódios em que se destaca o relacionamento de Jesus com as mulheres. Mas a novidade, a Boa Nova de Deus para as mulheres, não está só na abundante citação da presença delas ao redor de Jesus, mas sobretudo na atitude de Jesus em relação a elas. Jesus as toca e deixa-se tocar por elas sem medo de se contaminar. À diferença dos mestres da época, ele aceita mulheres como seguidoras e discípulas. A força libertadora de Deus, atuante em Jesus, faz a mulher se levantar e assumir sua dignidade. Jesus é sensível ao sofrimento da viúva e se solidariza com a sua dor. O trabalho da mulher preparando o alimento é visto por Jesus como sinal do Reino. A viúva persistente que luta por seus direitos é colocada como modelo de entrega e doação. Numa época em que o testemunho das mulheres não era aceito como válido, Jesus escolhe as mulheres como testemunhas da sua morte, sepultamento e ressurreição.
Nos evangelhos, conservam-se várias listas com os nomes dos 12 discípulos que seguiam Jesus. Havia também mulheres que seguiam Jesus, desde a Galileia até Jerusalém. O Evangelho de Marcos define a atitude delas com três palavras: seguir, servir, subir até Jerusalém. Os primeiros cristãos não chegaram a elaborar uma lista destas discípulas que seguiam Jesus como o fizeram com os homens. Mas os nomes de sete destas mulheres estão espalhados pelas páginas dos evangelhos:
1. Maria Madalena (Lucas 8,3)
2. Joana, mulher de Cuza (Lucas 8,3)
3. Suzana (Lucas 8,3)
4. Salomé (Marcos 15,40)
5. Maria, mãe de Tiago (Marcos 15,40)
6. Maria, mulher de Clopas (João 19,25)
7. Maria, a mãe de Jesus (João 19,25).
 
Carlos Mesters e Mercedes Lopes
Fonte: CEBI
 

Professores de Juazeiro do Norte terão salários reduzidos em até 40%

Professora chora diante da aprovação da redução do salário dos professores em Juazeiro do Norte, no Ceará. O corte pode chegar a até 40%
Professora chora diante da aprovação da redução do salário dos professores em Juazeiro do Norte, no Ceará. O corte pode chegar a até 40%
Aliny Gama, no UOL
Os professores da rede municipal de Juazeiro do Norte (a 548 km de Fortaleza), no Ceará, terão seus salários reduzidos em até 40%, aumento na carga horária, além de outras mudanças regidas no PCCR (Plano de Cargos, Carreira e Remuneração), aprovado pela Câmara de Vereadores, apesar dos protestos na última quinta-feira (6).
A aprovação causou desespero e revolta nos professores que recebem o piso nacional de docentes estabelecido pelo MEC, no valor de R$ 1.567, além de gratificações, que totalizam o valor de R$ 2.193.
De acordo com o SSM (Sindicato dos Servidores Municipais), 2.000 professores devem ter os salários reduzidos em até R$ 650.
Devido à aprovação da reformulação do PCCR, o sindicato disse que todos os professores estão em greve por tempo indeterminado. De acordo com a presidente do sindicato, Mazé dos Santos, a greve não foi deflagrada ainda devido aos trâmites legais.
“Vamos respeitar o prazo de 72 horas para entrar em greve. O que não podemos é ficarmos calados. Vamos continuar os protestos”, disse Santos em entrevista ao UOL.
Ao final da votação dos vereadores, que foi de 12 votos a favor e quatro votos contra, os professores pegaram ovos para jogar nos políticos. Durante o tumulto, a PM (Polícia Militar) e guardas municipais usaram spray de pimenta para dispersar os manifestantes.
Os vereadores a favor dos professores e que votaram contra o projeto foram Cláudio Luz (PT), Glédson Bezerra (PTB), Rita Monteiro (PT do B) e Tarso Magno (PR). Eles informaram que vão debater a possibilidade de pedir anulação da sessão extraordinária.
A sessão foi tumultuada e até os vereadores discutiram com a mesa diretora. Luz discutiu com o presidente da Câmara de Vereadores, Antônio de Lunga (PSC).
Durante a votação os professores chegaram a mostrar pacotes de dinheiro e jogar no plenário notas para que os vereadores pegassem “porque eles são comprados”, diziam em coro.
A sessão esquentou depois que três professores conseguiram invadir o plenário e foram retirados pela polícia. Os manifestantes gritavam palavras para agredir os vereadores, chamando-os de “ladrões”, “bandidos”, “quadrilha” e “vendidos”.
A prefeitura de Juazeiro do Norte disse que o corte no salário dos professores foi necessário para se enquadrar na LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) e reforçou que os valores pagos aos professores não fechava a folha de pagamento. O projeto foi enviado pelo prefeito Raimundo Macedo (PMDB).

CEBs - Diocese de Almenara

Realização do 5º Encontro Diocesano da CEBs
Aconteceu nos dias 25 e 26 de maio a realização do 5º Encontro Diocesano das CEBs na cidade de Fronteira dos Vales sob a responsabilidade da Paróquia São José e Equipe Diocesana. Foi um momento de muita alegria, partilha, comunhão e espiritualidade. O encontro contou a presença de aproximadamente 150 (centro e cinqüenta) participantes que vieram de 08 (oito) paróquias da Diocese, além do mais marcou presença também o Bispo Dom Hugo, Pe. Newton, Pe. Carlos, Irmã Silvia (Monte Formoso), e a Leila, representante das CEBs que ministrou o evento. O encontro teve como objetivo: falar do movimento CEBs, sua origem e história, e falou-se também do 13º Intereclesial das CEBs que irá acontecer em 2014 na Diocese de Crato cidade de Juazeiro do Norte – Ceará. E o próximo encontro Diocesano das CEBs será realizado na cidade de Santo Antonio do Jacinto em julho de 2014.

Economia mundial: a calma antes da tormenta

A economia mundial atravessa uma fase de relativa tranquilidade. Parecem longe aqueles dias de 2009 quando o colapso terminal parecia iminente. Entre os sinais positivos que se mencionam com insistência nos meios de comunicação encontra-se a relativa estabilidade nos mercados financeiros e até a evolução dos preços dos imóveis nos Estados Unidos. Uma análise mais detalhada revela que a calma relativa não provém de uma recuperação sustentável e que apareceram nuvens ameaçadoras no horizonte. Por Alejandro Nadal.