segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Missão Continental: valorizar a experiência bonita das CEBs



Cidade do Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, nesta edição do quadro “O Brasil na Missão Continental” concluímos a participação do bispo da Diocese de Livramento de Nossa Senhora, Dom Armando Bucciol.

A edição passada foi dedicada ao tema da piedade popular, cuja expressão de fé dos nossos povos latino-americanos a Conferência de Aparecida (2007) buscou resgatar e valorizar ulteriormente. Nela, Dom Bucciol ressaltou, entre outras coisas, que “quando evangelizada, a religiosidade popular torna-se uma piedade profundamente cristã”.
Outra riqueza da nossa realidade de Igreja que a Conferência de Aparecida buscou resgatar e valorizar ulteriormente é a experiência bonita das Comunidades Eclesiais de Base. Na edição de hoje Dom Bucciol nos fala sobre esta experiência na realidade eclesial desta Igreja particular do centro-sul da Bahia.
Solidariedade
Entre outras coisas, ele nos diz que nas 21 paróquias de sua diocese existem umas 500 Comunidades Eclesiais de Base e conhecer a maioria delas, onde, apesar dos limites de todo tipo, os fiéis vivem valores extraordinariamente evangélicos de solidariedade, de leitura da Palavra de Deus, de celebração do culto, de preparação para os Sacramentos e de união fraterna.
Qual pastor em visita a essas comunidades, Dom Bucciol diz sentir-se dignificado diante desse contato simples, imediato, de uma fé profunda e de um amor a Cristo e à Virgem Maria.
O bispo de Livramento de Nossa Senhora reconhece na experiência das Comunidades Eclesiais de Base umas das grandes riquezas que da Conferência de Medellín (1968) em diante a Igreja no Brasil – e na América Latina em geral – desenvolveu e que vale a pena cuidar. 

O mundo da gente morre antes da gente

A vida que conhecemos começa a desaparecer lentamente, num movimento silencioso que se infiltra nos dias, junto com aqueles que fizeram da nossa época o que ela é



O drama de quem alcançou a promessa de uma vida longa é a solidão de estar vivo numa vida que já morreu
Há algo de desestabilizador no ato de testemunhar o momento exato em que um imortal morre

A expressão mais perfeita que conheço para explicar a brutalidade do acaso em nossas vidas é ainda a de Joan Didion. Ela disse, em simplicidade exata: “A vida muda num instante. Você se senta para jantar e a vida que você conhecia acaba de repente”. Joan, jornalista e escritora americana, escreveu essa frase em seu livroO ano do pensamento mágico, no qual narra a morte repentina do marido e a sua busca para compreender o incompreensível. Nos últimos dias, Renata, a mulher de Eduardo Campos, repetiria aos amigos: “Não estava no script”.
Não poderia estar no script. Poucos homens planejaram a sua carreira política de forma tão meticulosa quanto Eduardo Campos. E então, ele toma café com a família, embarca num avião para dar sequência à sua primeira campanha presidencial, aquela que poderia levá-lo à presidência do Brasil não agora, mas em 2018, e morre. O gesto largo de uma vida interrompido num instante. Antes do final da manhã ele já não está. E os brasileiros de qualquer ideologia, ou sem nenhuma, são atravessados pela tragédia. A do homem perdido, em seu momento de máxima potência, mas também a de ser atingido pela força do incontrolável. Penso que cada um de nós, ou pelo menos a maioria, sentiu a lufada de vento entre as costelas, aquela que está sempre ali, mas fingimos que não existe.
De fato, a morte – repentina ou penosa, como nas doenças prolongadas, precoce ou tardia – é, como sabemos, a única certeza do nosso script. Um dia, simplesmente, já não se está. Como na cena do documentário de João Moreira Salles em que Santiago, o mordomo que dá título ao filme, cita o cineasta Ingmar Bergman: “Somos mortos insepultos, apodrecendo debaixo de um céu cruento e vazio”.
Se fizéssemos um retrato agora, de todos os vivos, teríamos também um obituário: daqui a 100 anos estaremos todos mortos. Olhamos pela janela e todos os que vimos em seu esforço cotidiano, carregando-se para o ponto de ônibus, sintonizando a rádio preferida ao sentar-se no carro, puxando assunto na padaria ou desferindo seu ódio e seu medo em pequenas brutalidades serão finados (palavra de tanto simbolismo), em menor ou maior prazo. Assim como finado será aquele que espia a única paisagem que não muda numa vida humana, a de que, para o indivíduo, o futuro está morto.

A verdade, que talvez nem todos percebam, é que se morre aos poucos. Não apenas pela frase clássica de que começamos a morrer ao nascer. De que cada dia seguinte arrasta o cadáver do dia anterior. De que cada amanhã é um dia a mais – mas porque é um dia a menos. Ao entrevistar os que envelheceram, descubro-os surpreendidos pelo drama menos nítido, aquele se infiltra lentamente nos interstícios dos dias: o de que o mundo da gente morre antes da gente.
Esse é o susto de quem alcançou a promessa da nossa época, a de uma vida longa. A de morrer só, mesmo quando cercado por filhos e netos. Só, porque aqueles que sabiam dele, aqueles que compartilharam o mesmo tempo, morreram antes. Aqueles que conheceram o menino, o levaram embora ao partir. Os que o viram jovem carregaram a sua juventude em lembranças que desapareceram porque já não há quem delas possa lembrar. Só, porque um certo modo de estar no mundo acabou antes. A solidão de estar vivo numa vida que já morreu.
Pouco antes de lançar O ano do pensamento mágico, Joan Didion perdeu a única filha. Depois do marido, a filha. Era a dor não nomeável da inversão da lógica, a de sepultar aquela que deveria sepultá-la. Mas era algo ainda além, o de se tornar a mulher que restou. Seu livro seguinte, Noites Azuis, fala dessa condição, a de ter sobrado viva ao envelhecer. A de se descobrir só e frágil, atenta aos degraus para não cair. Para mim, é um livro melhor do que o primeiro, mas diz de algo ainda mais duro do que a perda do companheiro de uma vida. Talvez tenha feito menos sucesso por falar dessa dor insuportável, em que viver mais do que os seus afetos é ter de viver a morte que ultrapassa a morte.
Pensava que essa era uma condição restrita à velhice. A surpresa final de que o melhor cenário, o de viver mais, era também o de perder mais. Mas descobri que esse morrer começa muito antes. E de forma ainda mais insidiosa. Esses meses de 2014 têm nos mostrado isso com uma força talvez maior. É uma coincidência, claro, não uma confluência escrita nas estrelas ou em qualquer profecia. O mundo da gente, em especial das gentes com mais de 40 anos, porque é nessa altura que sentimos que já temos um passado e o futuro é uma segunda metade incerta, tem morrido muito. E rápido, às vezes um sobressalto por dia, às vezes dois.
Cada um tem seu susto. Acho que o meu foi com Nico Nicolaiewsky, que levava junto com ele momentos em que fui completamente feliz – e são tão raras as vezes em que somos completamente felizes – assistindo aTangos &Tragédias no Theatro São Pedro, em Porto Alegre. Morreu cinco dias depois de Eduardo Coutinho e Philip Seymour Hoffman, dois gigantes. Cada um com sua tragédia, abriram um buraco na paisagem do mundo. Depois, José Wilker um dia não acordou. E não haveria Vadinho para me assombrar.
Não parou mais. De repente o mundo já não tinha mais Gabriel García Márquez, Jair Rodrigues, Alan Resnais, Paco de Lucia, Shirley Temple, Luciano do Valle, Nadine Gordimer, Paulo Goulart, Bellini, James Garner, Rose Marie Muraro, Max Nunes, Plinio de Arruda Sampaio, Lauren Bacall. No espaço de seis dias de julho, Rubem Alves, João Ubaldo Ribeiro e Ariano Suassuna desapareceram. Rubem Alves, que desfazia anos nos aniversários e dizia que “a hora para comer morangos é sempre agora”. De repente o mundo já não tinha Vange Leonel. Como é possível? Eu a tinha lido no Twitter um instante atrás. E Nicolau Sevcenko se foi horas depois de Eduardo Campos.
Nenhuma dessas pessoas convivia comigo, eu não frequentava a casa de nenhuma. A maioria delas nunca sequer vi. De fato, o que delas vive em mim independe de sua existência física. Algumas são apenas flashes de um cotidiano em que por décadas elas apareceram, seja em novelas, na narrativa de um jogo de futebol, num debate político. Outras, me constituem. Seus livros e músicas não têm idade, nos filmes ainda são jovens e belas. Concretamente, deveria fazer tão pouca diferença estarem ou não aqui, na miudeza dos dias, numa rotina que de qualquer modo não faria parte da minha, quanto Sófocles, que morreu mais de dois mil e quatrocentos anos atrás, ou Shakespeare ou Beethoven ou Picasso. Ou Machado de Assis. Ou mesmo Garrincha. Estes, que conseguiram transcender sua vida ao proporcionar transcendência pela grandeza de sua obra, para as sucessivas gerações, ao infinito, são imortais. É um fato, todo mundo sabe, mas descubro que não é bem assim.
Qual é a diferença de Gabriel García Márquez estar vivo ou morto, se a chance de eu tomar um café com ele era remota e sempre vou ter meu O amor nos tempos do cólera na estante, para que ele possa reviver em mim? O que percebo é que há uma diferença. Há algo de melancólico, desestabilizador, em testemunhar o momento exato em que um imortal morre.
Suspeito que, naquele momento-limite em que a vida se extingue, a permanência da obra faça pouca diferença. Talvez o imortal que morre trocasse toda a sua imortalidade por dividir uma última vez uma garrafa de vinho com o melhor amigo ou por mais uma noite de amor lambuzado com a mulher que ama ou apenas para ler o jornal na mesa da cozinha no café da manhã. Talvez o imortal fique mortal demais nessa hora, fique parecido demais com todos os outros. Como disse Woody Allen: “Não quero atingir a imortalidade através de minha obra. Quero atingi-la não morrendo”. E desde então temo me confrontar com seu obituário numa manchete na internet.
De certo modo, é assim que o mundo da gente começa a morrer antes da gente. Não apenas pela perda dos nossos afetos de perto, mas também pelo filme que Philip Seymour Hoffman não fará ou pelo livro que Ariano Suassuna não escreverá enquanto dividimos com ele o mesmo tempo histórico. Ou simplesmente por nenhum deles poder dizer mais nada de comezinho ou mesmo fazer alguma besteira, qualquer coisa de humano. Deles ficaremos só com o que foi grande, mesmo a bobagem terá de ser relevante para merecer permanecer na biografia. Ao mesmo tempo em que a morte os devolve de imediato à condição humana, os tira para sempre dela. E logo o boteco de João Ubaldo já não terá cheiro.
A primeira vez que senti a infiltração de algo irreversível no meu mundo foi a morte de Marlon Brando, dez anos atrás. A morte ainda não me bafejava como hoje, mas passei alguns dias prostrada por alguém que para mim já tinha nascido imortal. Percebi então que fazia diferença lembrar dele berrando “Steeeeeeeela” em Um bonde chamado desejo e, ao mesmo tempo, poder mencionar qualquer coisa boba como: “Nossa, como ele está gordo agora”. De repente, ele não podia mais engordar nem nos espantar com sua existência descuidada. Só restaria grandioso. E, portanto, fora da vida. (Da nossa vida.)
Marlon Brando, como García Márquez, como Ariano Suassuna, como tantos agora, não se sabiam meus, mas eram. Ao me deixarem, morro um pouco. Uma versão de nós morre sempre que morre alguém que amamos e que nos ama, porque essa pessoa leva com ela o seu olhar sobre nós, que é único. Uma parte de nós também morre quando não podemos mais compartilhar a mesma época com quem fez do nosso mundo o que ele é. E agora, fico esperando a cada momento uma nova notícia, porque sei que elas não mais deixarão de chegar.
Tive uma reação estranha ao saber da morte de Robin Williams. Quantos anos ele tinha?, perguntei primeiro. Sessenta e três. E me senti apunhalada com a resposta. Muito cedo, muito cedo. De que morreu? Parece que foi suicídio. E me senti de imediato aliviada. Pode parecer surpreendente, mas meu alívio se deu porque de que alguma maneira era uma escolha. Não era coração, não era câncer, não era AVC, não era avião. Por mais terrível que seja o ato de interromper a vida, ele pressupõe, em alguma medida, uma potência e um controle.
Ao mesmo tempo em que a morte devolve aqueles que admiramos à condição humana, os tira dela para sempre
Pode-se argumentar que uma depressão ou um desespero impede a escolha, mas acho que essa não é toda a verdade. Nossas escolhas nunca são consumadas em condições ideais nem nosso arbítrio é totalmente livre. Só conseguimos fazer escolhas determinadas pelas circunstâncias do que vivemos e do que somos naquele momento. Por mais que nos surpreenda a escuridão do homem que nos deu tanta alegria, de algum modo ele elegeu a hora de morrer. O que para muitos foi razão para aumentar a dor pela sua morte, porque ela poderia ter sido evitada, para mim foi alívio por ele não ter sua vida interrompida à revelia. De algum modo, me soaria mais insuportável se Robin Williams tivesse morrido tão cedo por um infarto ou um acidente.
Acredito mais na interpretação do jornalista americano Lee Siegel, quando ele diz que “talvez tenha sido a empatia que o matou – e não seu desespero com o diagnóstico recente de Parkinson”. A capacidade de Robin Williams para vestir a pele do outro, de todos os outros, levada por ele a patamares quase insuperáveis. “Sua necessidade passional de se transformar em todos que ele encontrava, qualquer que fosse sua origem étnica ou social – como se com isso pudesse vencer sua solitária e irreversível finitude humana.” Há algum tempo o lento morrer do seu mundo o assombrava, segundo os mais próximos Robin parecia incapaz de superar o desaparecimento do amigo e do homem que o inspirou, o comediante Jonathan Winters, que se foi em abril.
Seus fãs, as pessoas cuja vida a sua vida tornou melhor, deixaram flores nos lugares em que viveram seus personagens. Um banco de praça em que gravou cenas de O Gênio Indomável, com Matt Damon. A casa em que foi Ms. Doubtfire, a babá. Era ali que ele morria para nunca morrer. Era ali que ele jamais deixaria de estar. Não há lugar para a morte. Como haveria lugar para a morte? Mas é preciso dar um lugar à morte para que a vida possa continuar. É para isso que criamos nossos cemitérios dentro ou fora de nós. Em geral, mais dentro do que fora. A vida é também carregar os mortos no último lugar em que podem viver, em nossas memórias. E aos poucos nos tornamos um cemitério cada vez mais habitado por aqueles que só vivem em nós.
A morte de Robin Williams, Gabriel García Márquez, Ariano Suassuna e de tantos levou um pouco de mim. Minha morte levará um pouco deles e de tantos, como a lembrança das lágrimas que chorei ao ver Sociedade dos poetas mortos ou a imagem de Aureliano Buendía que só eu tinha ou a minha pedra do reino. Morro um pouco com cada um deles porque vivi um pouco com cada um deles.
É essa a morte silenciosa que vai se alastrando pelos dias. Conto meus imortais ainda vivos, os de longe e os de perto. Digo seus nomes, como se os invocando. Peço que não se apressem, que não me deixem só, que não me deixem sem saber de mim. O acaso, a vida que muda num instante, me assusta tanto quanto esse meu mundo que morre devagar. É essa a brisa quase imperceptível que adivinho soprando nos meus ossos. Muitas vezes finjo que não a escuto. Mas ela continua ali, intermitente, sussurrando para eu não esquecer de viver.
Eliane Brum é escritora, repórter e documentarista. Autora dos livros de não ficção Coluna Prestes - o Avesso da Lenda, A Vida Que Ninguém vê, O Olho da Rua, A Menina Quebrada, Meus Desacontecimentos e do romance Uma Duas. Site: elianebrum.com Email:elianebrum.coluna@gmail.com Twitter: @brumelianebrum

O SACRAMENTO DA CANECA



Há uma caneca de alumínio. Daquele antigo, bom e brilhante. O cabo é roto. Mas lhe confere um ar de antiguidade. Nela beberam os 11 filhos de pequenos a grandes. Ela acompanhou a família nas muitas mudanças. Da roça para a vila. Da vila para a cidade. Da cidade para a metrópole. Houve nascimentos. Houve mortes. Ela participou de tudo. Veio sempre junto. É a continuidade do mistério da vida na diferença de situações vitais e mortais. Ela permanece. Sempre brilhante e antiga. Creio que quando entrou em casa já devia ser velha. Dessa velhice que é mocidade porque gera é dá vida. Peça central da cozinha.
Sempre que se bebe nela não se bebe água. Mas o frescor, a doçura, a familiaridade, a história familiar, a reminiscência da crianã sôfrega que sacia a sede. Pode ser qualquer água. Nesta caneca, ela é sempre fresca e boa. Na casa de todos que matam a sede bebem desta cxaneca. Como num rito todos exclamam: Como é bom beber desta caneca! Como a água aqui é boa! E trata-se da água que, pelos jornais, vem mal tratada. Vem do rio imundo da cidade. Cheia de cloro. Mas por causa da caneca a água se torna boa, saudável, fresca e doce.
O filho regressa. Percorrei o mundo. Estudou. Chega. Beija a mãe. Abraça os irmãos. Matam-se saudades sofridas. As palavras são poucas. Os olhares longos e minuciosos. É preciso antes beber o outro para amá-lo. Os olhos que bebem falam a linguagem do coração. Só depois do olhar, a boca fala das superficialidades: Como você ficou gordo! Você ainda é bonito! Como ficou adulto! O olhar não fala nada disso. Ele fala o inefável do amor. Só a luz entende. “Mamãe, estou com sede! Quero beber da velha caneca!”
E o filho tomou de tantas águas. A acqua di San Pellegrino. As águas da Alemanha, da Inglaterra, da França, a boa água da Grécia. Água das fontes cristalinas dos Alpes, do Tirol, das fontes romanas, a água de S. Francisco. Água de Ouro-Fino, de Teresópolis, de Petrópolis. Tantas águas… Mas nenhuma é como essa. Bebe uma caneca. Não para matar a sede do corpo. Esta as tantas águas matam. Mas a sede do arquétipo familiar, a sede dos penates paternos, a sede fraternal, arqueológica, das raízes donde vem a seiva da vida humana. Esta sede só a caneca pode matar. Bebe uma primeira caneca. Sofregamente. Terminou com um suspiro longo, como quem mergulhou e veio à tona. Depois bebe outra. Lentamente. É para degustar o mistério que a caneca contém e significa.
Por que a água da caneca é boa e doce, saudável e fresca? Porque a caneca é um sacramento. A caneca-sacramento confere à água da bondade, doçura, frescor e saúde.

Por Leonardo Boff em Os Sacramentos da vida e a vida dos sacramentos.
FONTE: BLOG A VISÃO DE UM SEMINARISTA

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

CEBs: memória, desafios, prospectivas, em tempos de Francisco…



CEBs: memória, desafios, prospectivas, em tempos de Francisco…



Há poucos dias, ao rememorar dois anos da realização do XIII Encontro Intereclesial das CEBs, em Juazeiro – CE, foi compartilhado um texto de autoria de Pe. Vileci Vidal, coordenador do mesmo Encontro, a título de memória. Tal iniciativa nos instiga à exploração de várias possibilidades de reflexão. Uma delas – que aqui trato de apenas enunciar: empreender um exercício retroprospectivo da caminhada das CEBs, em tempos de Francisco, Bispo de Roma, após quarenta anos desde a realização do primeiro Intereclesial, em Vitória – ES, em 1974, e após meio século desde o encerramento do Concílio Vaticano II e da celebração do Pacto das Catacumbas (1965) e da realização da Conferência Episcopal Latinoamericana de Medellín (1968).
Quem se propõe a um exercício do gênero – aqui apenas enunciado, vale reiterar -, deve estar pronto, não apenas a reconhecer avanços significativos feitos, desde então, mas sobretudo a ousar reconhecer insuficiências, desafios e apelos prospectivos que o Espírito nos propõe como novas tarefas, bem como a empenhar-nos em alternativas de enfrentamento e superação desses desafios, a curto, médio e longo prazos, sempre a partir de balizas referenciais de certo consenso.
1. Valores a não perdermos de vista
Principalmente em épocas de grave risco de amnésia e de ininterrupto bombardeio de sedutores modismos, vale refrescar a memória acerca de alguns desses valores referenciais, priorizados na caminhada das CEBs:
– Ao longo da caminhada das CEBs, tem sido saudável – seja do ponto de vista teológico como do ponto de vista político-pedagógico – assumir as atividades das CEBs mais como tarefas a serviço do Reino de Deus e Sua justiça do que como atividades diocesanas ou paroquiais, ainda que uma coisa não exclua necessariamente a outra, desde que as últimas se ponham a serviço do primeiro, e não como realidades “auto-referenciadas” (para usar uma expressão frequente nas reflexões do Papa Francisco). Nem a paróquia, nem a diocese, nem a(s) Igreja(s) existem em função de si mesmas, à maneira de uma instituição cuja meta máxima seja a autopreservação, e cujos ministros atuem como meros funcionários exclusivamente voltados para a “sua” instituição. Somos chamados a ser cada dia mais vigilantes e autocríticos quanto a este risco real, se queremos ser fiéis ao Seguimento de Jesus e do Reino por Ele anunciado e inaugurado: “Entre vocês, não seja assim!” (cf. Mc 10, 42-45).
– Com base na primazia do Reino de Deus e, portanto, do seguimento de Jesus, é que se tem encarado as CEBs, não apenas como “um novo jeito de ser Igreja”, mas também (o que, na prática, tem sido bem menos evidente) como “um jeito de toda a Igreja ser”. Isto merece, sim, ser aprofundado. Nesse sentido, até do ponto de vista da atual conjuntura eclesial, sopram ventos favoráveis, em tempos de Francisco. Ao redigir essas linhas, me vêm à lembrança mais de três décadas de perseguição à “Igreja na Base”, em pontificados precedentes. No auge dessa crise, eis que, num de tantos encontros de pastorais sociais, onde se encontravam leigos, leigas, religiosas, religiosos, padres, o próprio bispo diocesano, eis que Pe. José Comblin, ao dizer sua mensagem, referia-se às CEBs como o futuro da Igreja. Para além do seu tormentoso presente, elas portavam sementes vivas e vivificantes do Reino de Deus. A despeito das hesitações e medos de setores da hierarquia, as CEBs são espaços de exemplar convivência eclesial: nelas se fazem presentes e atuantes, como irmãos e irmãs, lado a lado, leigas, leigos, religiosas, religiosos, diáconos, padres, bispos, papa… O que, então, estaria por trás de tal desconfiança? Um recôndito desejo de controle, de manutenção de monopólio?
– Outro princípio que se tem revelado salutar, no enfrentamento da desejável diversidade de carismas dos membros da Igreja, é o chamado “sensus fidelium”, o sentimento expresso pela maioria dos membros eclesiais, de modo a constituir um saudável contraponto à sanha imperial ou à “mentalidade principesca” não raro ainda presente em setores hierárquicos, inclusive entre figuras bem-intencionadas, receosas de ser a Igreja tomada por gente sem confiança. Até que ponto nesse extremado zelo de ortodoxia institucional não incide certa pretensão a uma apropriação de interpretação da vontade do Espírito Santo, em Sua ação no mundo e na(s) Igreja(s)?
– Fala-se muito no legado do Concílio Vaticano II, inclusive no princípio da colegialidade, mas, na vida cotidiana, isto acaba, por vezes, letra morta, preferindo-se manter a segurança e o controle interno, refletindo, antes, a posição privilegiada de quem comanda.
– Em virtude de sua vocação transformadora, inspirada na incessante busca de “um novo céu e uma nova terra”, as CEBs se movem numa dupla e bem articulada perspectiva de renovação da(s) Igreja(s) e de renovação da(s) sociedade(s).
Ao buscar reavivar alguns princípios de referência para os protagonistas das CEBs (e de outros segmentos eclesiais similares), não nos esquecemos também de tomar em consideração as contradições e insuficiências, na observância dos mesmos. Isto não invalida nem deslegitima os sensíveis avanços ético-políticos desse período.
2. Conquistas acumuladas, graças (também) à vigência desses valores
Ao longo de meio século de caminhada (convém lembrar que o surgimento das CEBs remonta aos anos 60, bem antes do primeiro Encontro Intereclesial (Vitória – ES, 1974). Desde então temos observado significativas conquistas, tanto do ponto de vista intra-eclesial quanto do ponto de vista de sua inserção no tecido societal. Examinemos, de passagem, cada uma dessas dimensões (intra-eclesial e societal).
A) Ao interno da Igreja, temos conseguido, sobretudo desde o Vaticano II e, ainda com mais força, após Medellín, expressivas conquistas que vale a pena rememorar resumidamente:
· Na concepção de Igreja-Povo de Deus, firmando a consciência da dimensão comunitária do conviver eclesial, a contrapor-se a práticas e concepções centradas no controle hierarquizante , as CEBs foram firmando-se como pequenas comunidades de cristãos (católicos e de outras Igrejas- irmãs), sob o impulso do Espírito Santo, a fermentar o tecido social, com suas práticas inovadoras de solidariedade, de partilha, de serviço à causa libertadora dos pobres, ao sentimento de igualdade fraterna e de justiça social.
· A criação e a animação de pequenos núcleos de cristãos, no campo e na cidade, desejosos de aprofundar a vivência de sua fé, à luz do Evangelho, buscando ser “fermento na massa”, razão por que tanto priorizam o trabalho nos abençoados círculos bíblicos.
· Na animação desses pequenos núcleos, inclusive por meio dos círculos bíblicos, os membros das CEBs empenhavam-se em renovar a Igreja e o mundo, a partir do seu próprio testemunho de discípulos-missionários do Reino de Deus, cônscios de que a busca de Liberdade para a qual se sentiam vocacionados, só se viabilizava igualmente por caminhos de Liberdade. Nada de se pretender uma Igreja nova ou um mundo novo, sem que as respectivas sementes não estivessem fazendo o seu trabalho, já agora, em suas vidas, ainda que de forma embrionária.
· Os avanços alcançados tiveram muito que ver com o jeito de organização dessas comunidades, sob vários aspectos, tais como: zelar pela horizontalidade das relações entre seus membros – leigas, leigos, religiosos, religiosas, diáconos, padres, bispos… A este propósito, não é à toa que os espaços de reuniões e encontros tinham a forma de círculo; a efetiva participação dos seus membros nas decisões tomadas; a forma colegiada de coordenação, e por tempo determinado, sem se permitir que a equipe coordenadora se apossasse da comunidade, eternizando-se na coordenação; a prática da cotização para assegurar a realização das atividades que requeressem despesas, sem precisarem de apelar a “doações” comprometedoras; a seriedade com que se assumiam as tarefas de formação; o costume de não se deixar controlar pela assessoria, razão por que muito se estimavam o rodízio e a forma horizontal de se fazer assessoria; o cuidado em não se cultuar uma pessoa ou um pequeno grupo, mas, antes, primar pelo incentivo ao exercício de uma profecia coletiva (um povo de profetas e profetisas); o zelo por cantos capazes de traduzir os valores correspondentes; o cuidado de não confundir as tarefas próprias de CEBs com a agenda da paróquia, entre tantos outros pontos.
B) No âmbito societal, vamos, igualmente, perceber a densidade e o potencial transformador da contribuição das CEBs, na perspectiva de ousarem caminhos alternativos, do ponto de vista ético-político que tiveram efetiva e reconhecida influência na gênese de movimentos populares, sindicais e políticos, em especial a partir do final dos anos 70 e começos dos anos 80. Que práticas principais das CEBs e de semelhantes organizações eclesiais conhecidas como “Igreja na Base” podem ser destacadas, como decisivas na configuração organizativa e formativa daqueles movimentos e forças sociais de transformação? Eis algumas:
– o trabalho de nucleação, tão característico das organizações de base de nossa sociedade, em fins dos anos 70 e começos dos anos 80, deve muito ao jeito das CEBS (e de organizações eclesiais similares), de se organizarem. Núcleos eram uma referência emblemática, na gênese desses movimentos de caráter transformador;
– a forma circular que tomavam as reuniões e os encontros, conferindo um sentido de horizontalidade e de promoção do protagonismo de todos, constituía uma espécie de antídoto contra a tendência de esquerdas ortodoxas, centradas no poder do chefe ou de um pequeno grupo mandante, ao mesmo tempo em que se contrapunha à tendência ao culto do indivíduo, em prol do protagonismo da base, do conjunto dos sujeitos em ação;
– a coordenação dos núcleos se exercia de forma colegiada, em equipe – e equipe com tempo determinado, de modo a assegurar vez na coordenação a quem era da base, e de retornar à base quem tivesse assumido um período de coordenação;
– a cultura do ofício de delegado, delegada: alguém escolhido coletivamente para representar o núcleo, não ia por conta própria, a representar a si mesmo, mas tinha a incumbência de levar para a respectiva instância a posição do coletivo, função pela qual devia prestar contas à assembléia, após o retorno dessa ou naquela instância;
– a rotatividade de dirigentes e coordenadores, também, característica do jeito organizativo das CEBs, teve forte influência nas organizações de base de nossa sociedade, do período considerado;
– o hábito de autofinanciamento de suas atividades, igualmente, teve influência nas mesmas organizações de base. Isto evitava dependência de instâncias poderosas, as quais, uma vez “ajudando” aquelas organizações de base, sentiam-se no direito de extrair vantagens diretas ou indiretas. Havia uma forte consciência do dito popular, segundo o qual: “Quem come do meu pirão, prova do meu cinturão”, risco a evitar!
– revelava-se igualmente salutar a diversificação de tarefas, a serem assumidas por todos, cada um, cada uma, à sua vez. Estimulava-se que, dentro do possível, todos pudessem assumir diferentes tarefas, de modo a evitar os privilégios concedidos aos “especialistas”, como se fossem os únicos que pudessem dar conta dessa ou daquela tarefa. Em princípio, todos fazem de tudo: trabalhos manuais e trabalhos intelectuais;
– seja no dia-a-dia, seja nos intereclesiais, o foco do processo organizativo, quanto aos compromissos em relação ao âmbito social, era o engajamento na busca de construção da nova sociedade, e não de um “novo Estado”, razão por que se mantinha um saudável distanciamento crítico frente às instâncias do Estado, algo que se foi perdendo perigosamente, como se vê atualmente;
– o cultivo prazeroso de uma espiritualidade incarnada de compromisso e de testemunho evangélico, exercitada tanto de modo coletivo, quanto de modo individual: a oração constitui verdadeiro alimento e reabastecimento para o enfrentamento dos desafios cotidianos. Esta dimensão também influiu positivamente nas organizações de base de nossa sociedade, à medida que adotavam a prática da mística (aqui, já num sentido laical, alguns chamam de “mística revolucionária”).
3. Apelos prospectivos
Diante desse denso legado, somados a velhos desafios, despontam alguns, de novo tipo, em relação aos quais submeto, fraternalmente, à nossa reflexão comum algumas considerações, em forma de perguntas. E o faço, com humildade, buscando dialogar, especialmente, com quem pensa diferente de mim, e de quem espero sinceramente seguir aprendendo.
– Especialmente pelo seu caráter celebrativo, seguem sendo uma bênção os Intereclesiais e os encontros preparativos. Diante das cada vez mais complexas exigências organizativas contemporâneas, será que, aos Intereclesiais e encontros preparatórios, não se requer um acompanhamento mais orgânico das atividades rotineiras das CEBs, em suas distintas instâncias organizativas?
– Reconhecendo e exaltando a fecundidade dos vários espaços formativos (encontros, seminários, etc.), será que, sozinhos, eles se acham mesmo à altura dos velhos e novos desafios? Ao me/nos fazer tal pergunta, penso em uma série de condições do processo formativo contínuo, tais como
– os atuais espaços formativos têm sido normalmente acompanhados presencialmente pelo conjunto da base ou, em geral, são destinados a membros da coordenação?
– Sabemos a crescente complexidade própria de uma “mudança de época”, com desdobramentos também na esfera formativa. Nesse contexto, já não bastam os conteúdos até aqui trabalhados. Há imperiosa urgência de se articular diferentes dimensões – econômica, política, cultural, religiosa… -, de modo a permitir um contínuo exercício da memória histórica (dos feitos sócio-históricos e da caminhada eclesial), das diversas dimensões das relações humanas – de gênero, de espacialidade, geracional, étnica, política, cultural, espiritualidade, bíblico-teológica, pastoral, subjetividade, ecológica, cósmica, etc., etc., etc. Em que espaços são trabalhadas, de modo articulado, tais dimensões? Quem as acompanha, enquanto equipe formadora?
– E quanto aos formadores e formadoras, têm tido o ininterrupto cuidado com sua prória reeducação permanente? Qual o perfil de nossos assessores e assessoras? Tem havido renovação?
– Do ponto de vista do acompanhamento ético-político da caminhada das CEBs (e da “Igreja na Base”), será que não se faz urgente um amplo exercício de autocrítica frente à qualidade dos laços tecidos com o poder? Será que, a despeito de tantos sinais preventivos, não se tem ido com sede demais ao pote das instâncias políticas e governamentais, sem a necessária vigilância crítica, fundamental ao exercício da profecia, independentemente do tempo e do lugar e frente a não importa que tipo de poder?
– Não será hora de, em vez de seguirmos apostando no que não tem dado certo, ousar ensaiar passos alternativos, na busca de construção de um novo mundo, inspirados em práticas e concepções e caminhos que já experimentamos, com o compromisso de fazè-lo, a partir dos desafios da atualidade?
– Após décadas de duras adversidades ao interno da própria Igreja, não é chegada a hora de as CEBs potencializarem seu protagonismo, nas pegadas do Papa Francisco, assumindo como prioridade também sua as reiteradas inquietações do Bispo de Roma, tão bem expressas, inclusive, em três dos seus escritos: a Exortação Apostólica “Evanelii Gaudium”, a Encíclica “Laudato si´ e seus discursos dirigidos aos movimentos populares, em Roma e em Santa Cruz de la Sierra (Bolívia), que devem ser profundamente estudados e debatidos, como uma de suas tarefas organizativas e formativas?

Por Alder Júlio Ferreira Calado em 14 de Janeiro de 2016

CEBsNoticias: Via Sacra 2016 - Campanha da Fraternidade 2016

CEBsNoticias: Via Sacra 2016 - Campanha da Fraternidade 2016: A Cruz do Senhor, com uma faixa de tecido branco nos braços sim­bolizando a ressurreição de Jesus de sua morte, é levada à frente pelos par...

Via Sacra 2016 - Campanha da Fraternidade 2016

A Cruz do Senhor, com uma faixa de tecido branco nos braços sim­bolizando a ressurreição de Jesus de sua morte, é levada à frente pelos par­ticipantes, acompanhada por velas acesas. O dirigente acolhe a todos e os convida a participar com fé e devoção da meditação dos Mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor. 
Início
Dirigente: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Todos: Amém!
Dirigente: Irmãos e irmãs, que a paz de Jesus Cristo esteja conosco!
Todos: Bendito seja o Senhor que nos reuniu na sua paz!
Leitor(a) 1: O cuidado da natureza faz parte dum estilo de vida que implica capacidade de viver juntos em comunhão. Jesus lembrou­-nos que temos Deus como nosso Pai comum e que isto nos torna irmãos. O amor fraterno só pode ser gratuito, nunca pode ser pago. Esta mesma gratuidade leva-nos a amar, desenvolvendo a cultura do cuidado do meio ambiente para evitar sua exploração degradante (cf. LS, n. 36).
Todos: "Quero ver o direito brotar como fonte e correr a jus­tiça qual riacho que não seca" (Am 5,24).
Leitor(a) 2: Deus não abandonou o mundo. Ele quer que o seu desígnio e a nossa esperança em relação ao mundo se realizem através da uma cooperação destinada a restabelecer a sua harmonia originária. No nosso tempo, estamos a assistir ao desenvolvimento de uma cons­ciência ecológica, que deve ser encorajada a fim de poder redundar em iniciativas e programas concretos (cf. Declaração Conjunta do Patriar­ca Ecumênico Bartolomeu I e de São João Paulo lI, Roma-Veneza, 10 de junho de 2002).
Todos: "Quero ver o direito brotar como fonte e correr a jus­tiça qual riacho que não seca" (Am 5,24).

Canto: Hino da CFE 2016
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1ª Estação                                                                                                                                                                                  Jesus é preso e condenado à morte
Dirigente: Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos.                                                  Todos: Porque, pela vossa santa cruz, remistes o mundo!                                                       Leitor(a) 1: "Então os outros avançaram, lançaram as mãos sobre Jesus e o prenderam. Nisso, um dos que estavam com Jesus, esten­deu a mão, puxou a espada e feriu o servo do sumo sacerdote, cotando­-lhe a orelha. Jesus, porém, lhe disse: 'Guarda a espada na bainha! Pois todos os que usam a espada, pela espada morrerão'" (Mt 26,50b-52).
Leitor(a) 2: Jesus enfrenta sua prisão, mostrando sua fidelidade à justiça do Reino por Ele anunciado, esse Reino evoca acima de tudo a vontade do Pai. Jesus preso é lembrança de todos que sofrem com as injustiças, dos que sabem acolher o sofrimento revelado pelos rostos dos marginalizados e respondem a seus anseios apontando os cami­nhos para a superação da dor e do desprezo.
Dirigente: Ó Pai, vós que em Jesus vosso Filho preso, nos recor­dais a justiça do Reino, ajudai-nos a aderir sempre à vossa vontade e a nos comprometer com todos os que sofrem. Isto vos pedimos, em nome de Jesus, nosso Senhor.
Todos: Amém!
Todos: Ó Pai, que nos dais a graça de sermos todos irmãos e irmãs e habitarmos a Casa Comum, ajudai-nos a fazer sempre a vossa vontade. Amém!  
Canto: A morrer crucificado / teu Jesus é condenado / por teus crimes, pecador.
Pela Virgem dolorosa / vossa Mãe tão piedosa / perdoai-me, meu Jesus.

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2ª Estação
Jesus carrega a cruz


Dirigente: Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos.                             Todos: Porque, pela vossa santa cruz, remistes o mundo!                          Leitor(a) 1: Pilatos lavou as mãos diante da multidão que gritava
"seja crucificado!”: dizendo: "Estou inocente desse sangue, a respon­sabilidade é vossa”: A isso, todo o povo respondeu: "Que o seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos”: Então, depois de mandar flagelar Jesus, Pilatos entregou-o para que fosse crucificado (cf. Mt 27,23-26).
Leitor(a) 2: A contínua aceleração das mudanças na humanida­de e no planeta gera um ritmo acelerado que não leva em conta o processo da natureza que possui o seu tempo próprio. Não só a natu­reza se vê muitas vezes atacada, mas também a humanidade que sofre com a deterioração do mundo e da qualidade da vida.
(Breve momento de silêncio).
Dirigente: Ó Deus, vós que sois a fonte de toda liberdade e o Senhor do tempo e da história, libertai toda a natureza e a humanida­de dos aprisionamentos que prejudicam a vida. Isto vos pedimos, em nome de Jesus, nosso Senhor.
Todos: Amém!
2.
3.
Todos: Ó Pai, que nos dais a graça de sermos todos irmãos e irmãs e habitarmos a Casa Comum, ajudai-nos a viver cada vez mais na liberdade. Amém!

Canto: Com a cruz é carregado / e do peso acabrunhado / vai morrer por teu amor.

Pela Virgem Dolorosa / vossa Mãe tão piedosa / perdoai-me, meu Jesus.

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3ª Estação
Jesus cai pela primeira vez

Dirigente: Nós vos adoramos e vos bendizemos, Senhor Jesus!                     Todos: Porque, pela vossa santa cruz, remistes o mundo!                                 Leitor(a) 1: Jesus com o rosto no chão orava: "Pai, meu Pai, se é possível, afasta de mim este cálice de sofrimento! Porém, que não seja feito o que eu quero, mas o que tu queres" (cf. Mt 26,39).

Leitor(a) 2: Existem formas de poluição que afetam diariamen­te as pessoas. A exposição a esses poluentes produz efeitos negativos à saúde, principalmente dos pobres. Essa é a queda da sociedade que quer pôr na finança as soluções de todos os problemas e é incapaz de ver em cada ser humano e na natureza uma fonte para as relações saudáveis.

Dirigente: Ó Deus de bondade, olhai para nossa sociedade que cai em seu próprio egoísmo, poluindo o ambiente e desvalorizando os pobres, ajudai-nos a reerguer os abandonados e esquecidos dessa terra. Isto vos pedimos, em nome de Jesus, nosso Senhor.
Todos: Amém!
Todos: Pai nosso ...
Todos: Ó Pai, que nos dais a graça de sermos todos irmãos e irmãs e habitarmos a Casa Comum, ajudai-nos em nossas quedas e dai-nos a graça de levantar os que são mais fracos que nós. Amém!
Canto: Pela cruz tão oprimido / cai Jesus desfalecido / pela tua salvação.

Pela Virgem Dolorosa / vossa Mãe tão piedosa / perdoai-me, meu Jesus.

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4ª Estação                                                                                                                                                                                Jesus se encontra com sua mãe

Dirigente: Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos!                             Todos: Porque, pela vossa santa cruz, remistes o mundo!                                                       Leitor(a) 1: "Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe: 'Este me-

nino será causa de queda e de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição - uma espada traspassará a tua alma! - e as­sim serão revelados os pensamentos de muitos corações' " (Lc 2,34-35).

Leitor(a) 2: A maior parte das pessoas do planeta demostra acreditar em Deus ou numa força superior. Assim como Jesus se en­controu com sua mãe, é preciso promover o encontro fraterno das religiões visando o cuidado da natureza, a defesa dos pobres e a cons­trução de uma trama de respeito e fraternidade.

Dirigente: Ó Deus, que sois a fonte da fraternidade e dos encontros harmônicos, ajudai todas as religiões a crescerem no diálogo que promove o cuidado da vida. Isto vos pedimos, em nome de Jesus, nosso Senhor.
Todos: Amém!

Todos: Ó Pai, que nos dais a graça de sermos todos irmãos e irmãs e habitarmos a Casa Comum, ajudai-nos por meio das reli­giões a prosseguirmos pelo caminho do diálogo. Amém!

4. 
Canto: De Maria lacrimosa / no encontro lastimoso / vê a viva compaixão.
Pela Virgem Dolorosa / vossa Mãe tão piedosa / perdoai-me, meu Jesus.


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5ª Estação
Simão, o Cirineu, ajuda Jesus a carregar a cruz

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Dirigente: Nós vos adoramos, ó Cristo,  e vos bendizemos!
Todos: Porque,  pela vossa santa cruz, remistes o mundo!
Leitor(a) 1: "Então o levaram para crucificá-Io. Os soldados obrigaram alguém que lá passava voltando do campo,  Simão de Ci­rene, pai de Alexandre e de Rufo, a carregar a cruz" (Mc 15, 20b-21).

Leitor(a) 2: O Cirineu buscou uma nova lógica,  a de ajudar Jesus que sofria. Assim,  também nós busquemos uma nova lógica para nossas vidas cuidando da Casa Comum, abandonando o lucro excessivo,  buscan­do garantir o direito à água e ao saneamento básico para todas as pessoas.

Dirigente: Ó Pai, que sempre nos chamais a mudarmos os ru­mos de nossa vida, convertei as nossas ações para promovermos os direitos dos povos à água limpa e ao saneamento básico. Isto vos pedi­mos em nome de Jesus nosso Senhor.
Todos: Amém!

Todos: Ó Pai,  que nos dais a graça de sermos todos irmãos e irmãs e habitarmos a Casa Comum,  ajudai-nos a sermos mais eficientes no cuidado da família global. Amém!
Canto: Em extremo,  desmaiado,  / deve auxílio tão cansado / re­ceber do Cireneu.
Pela Virgem Dolorosa / vossa Mãe tão piedosa / perdoai-me, meu Jesus.

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6ª Estação
Verônica enxuga o rosto de Jesus
Dirigente: Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos!                              Todos: Porque, pela vossa santa cruz,  remistes o mundo!                    Leitor(a) 1: Jesus não tinha aparência nem beleza para atrair o
nosso olhar, nem simpatia para que pudéssemos apreciá-Io. Despreza­do e rejeitado pelos homens, homem do sofrimento e experimentado na dor; como alguém de quem a gente esconde o rosto (cf. Is 53,2-4). Uma piedosa mulher enxugou o rosto de Jesus.

Leitor(a) 2: Sempre é possível desenvolver uma capacidade de sair de si mesmo rumo ao outro. Sem essa capacidade não se reconhe­ce às outras criaturas o seu valor. Verônica saiu de si para enxugar o rosto de Jesus,  nós precisamos repetir seu gesto possibilitando o cui­dado dos outros e do meio ambiente. Sair de si é a vacina contra todo o egoísmo.

Dirigente: Ó Deus,  que enviastes vosso Filho ao mundo para romper todas as barreiras que separam os homens e as mulheres,  aju­dai-nos a sairmos de nós,  para desenvolvermos um estilo de vida al­ternativo que mude a sociedade. Isto vos pedimos,  em nome de Jesus, nosso Senhor.
Todos: Amém!

Todos: Ó Pai,  que nos dais a graça de sermos todos irmãos e irmãs e habitarmos a Casa Comum, ajudai-nos a reconhecer que estamos profundamente unidos com cada criatura. Amém!
Canto: O seu rosto ensanguentado / por Verônica enxugado / contemplemos com amor.
Pela Virgem Dolorosa / vossa Mãe tão piedosa / perdoai-me, meu Jesus.

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7ª Estação
Jesus cai pela segunda vez

Dirigente: Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos!                                 Todos: Porque, pela vossa santa cruz, remistes o mundo!                       Leitor(a) 1: Quando Pilatos tinha perguntado a Jesus se ele era
rei, Jesus lhe respondeu: "Tu o dizes: Eu sou rei. Foi para dar testemu­nho da verdade que nasci e vim ao mundo. Quem é da verdade escuta a minha voz" (cf.Jo 18,37).

Leitor(a) 2: O profeta Amós, do qual extraímos o lema da Cam­panha da Fraternidade Ecumênica desse ano, compara a prática da justiça com uma fonte de água limpa sempre a jorrar. Todas as vezes que praticamos a injustiça ou somos omissos, é como se sujássemos a água. A segunda queda de Jesus pode nos ajudar a pensar nas vezes em que caímos não praticando a justiça.

Dirigente: Ó Pai, Jesus assumindo nossa realidade humana, as­sumiu também nossas quedas. Concedei-nos ser cada vez mais prati­cantes da justiça e da verdade. Isto vos pedimos, em nome de Jesus, nosso Senhor.
Todos: Amém!

Todos: Ó Pai, que nos dais a graça de sermos todos irmãos e irmãs e habitarmos a Casa Comum, ajudai-nos a viver na justiça e na promoção dos direitos iguais para todos. Amém!

Canto: Outra vez desfalecido / pelas dores abatido / cai por terra o Salvador.
Pela Virgem Dolorosa / vossa Mãe tão piedosa / perdoai-me, meu Jesus.

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8ª Estação
Jesus consola as mulheres


Dirigente: Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos!                             Todos: Porque, pela vossa santa cruz, remistes o mundo!                           Leitor(a) 1: Seguiam a Jesus mulheres que batiam no peito e choravam por ele. Jesus, porém, voltou-se para elas e disse-Ihes: "Mu­lheres de Jerusalém, não choreis por mim! Chorai por vós mesmas e por vossos filhos ... Porque se fazem assim quando a árvore está verde, o que acontecerá quando estiver seca?" (cf. Lc 23,27-28).

Leitor(a) 2: A educação possui um poder muito grande de transfor­mar, de tirar de dentro dos educandos um novo potencial de vida. Assim como Jesus chamou várias mulheres ao seu seguimento, hoje, ele convida as mulheres - mães, professoras, catequistas e líderes sociais - a se lançarem com maior ardor na educação ecológica das novas gerações. Essa cortesia ajuda a construir a cultura da vida compartilhada e do respeito pelo que nos rodeia.

Dirigente: Ó Deus, que chamastes as mulheres para o vosso se­guimento, despertai cada vez mais nelas o senso da educação que gera o cuidado da vida. Que no interior da vossa Igreja seja mais valorizada sua atuação pastoral, e que sempre encontrem o conforto para seus dramas. Isto nós vos pedimos, em nome de Jesus, nosso Senhor.
Todos: Amém!

Todos: Ó Pai, que nos dais a graça de sermos todos irmãos e ir­mãs e habitarmos a Casa Comum, ajudai todas as mulheres a cresce­rem na promoção da educação que acolhe e protege a vida. Amém!

Canto: Das mulheres piedosas / de Sião filhas chorosas / é Jesus consolador.

Pela Virgem dolorosa / vossa Mãe tão piedosa / perdoai-me, meu Jesus.
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9ª Estação
Jesus cai pela terceira vez

Dirigente: Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos!                                    Todos: Porque, pela vossa santa cruz, remistes o mundo!                                  Leitor(a) 1: Se fazendo o bem sois pacientes no sofrimento,  isso

constitui  uma ação louvável diante de Deus, pois para isto fostes cha­mados, já que Cristo também sofreu por vós, deixando-vos o exemplo, a fim de que sigais seus passos. Sobre o madeiro levou nossos pecados em seu próprio corpo, a fim de que, mortos para nossos pecados, vi­vêssemos para a justiça (cf. Pd 2,20b;24a).

Leitor(a) 2: Para os países pobres, as prioridades devem ser a erradica­ção da miséria e o progresso social dos seus habitantes, tudo isso favorece o desenvolvimento sustentável dos povos. Infelizmente,  esse caminho é obstruído pela corrupção dos governantes, que é uma utilização irresponsável das capa­cidades humanas. A terceira queda de Jesus nos convida a não nos deixarmos vencer pelo mal da corrupção que tanto afeta a política de nosso país.

Dirigente: Ó Pai,  vós que sempre vos mostrastes fiel a nós que somos teu povo,  ajudai o nosso país a vencer toda a corrupção que impede o desenvolvimento de políticas sustentáveis Isto nós vos pedi­mos,  em nome de Jesus,  nosso Senhor.
Todos: Amém!

Todos: Ó Pai, que nos dais a graça de sermos todos irmãos e irmãs e habitarmos a Casa Comum, ajudai os governantes para que não caiam no pecado da indiferença e promovam sempre os fracos. Amém!

Canto: Cai terceira vez prostrado / pelo peso redobrado / dos pecados e da cruz.

Pela Virgem dolorosa / vossa Mãe tão piedosa / perdoai-me, meu Jesus.

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10ª Estação
Jesus é despido de suas vestes





Dirigente: Nós vos adoramos e vos bendizemos, Senhor Jesus!
Todos: Porque, pela vossa santa cruz, remistes o mundo!
Leitor(a) 1: "Depois que crucificaram Jesus, os soldados pegaram suas vestes e as dividiram em quatro partes, uma para cada sol­dado" (Jo19,23). Cristo Jesus despojou-se da sua condição divina,  e assumindo a forma de escravo,  abaixou-se,  fazendo-se obediente até a morte, a morte sobre uma cruz (cf. FI 2, 7-8).

Leitor(a) 2: As vestes de Jesus foram repartidas,  separadas. A Campanha da Fraternidade Ecumênica está vivendo a experiência in­versa,  estamos nos unindo,  somando forças para promover a responsa­bilidade pela Casa Comum. Somos chamados a refazer nossas relações sociais e ambientais seguindo a prática libertadora de Jesus de Nazaré. Nossas práticas cotidianas devem transmitir nossa opção radical,  cele­brada no Batismo,  de superarmos as barreiras que nos dividem.

Dirigente: Ó Pai, vós que chamais todos os povos a serem uma só realidade em vós, despertai nas comunidades cristãs do Brasil o de­sejo de trabalharem cada vez mais na construção do vosso Reino de unidade de paz. Isto vos pedimos, em nome de Jesus,  nosso Senhor.
Todos: Amém!

Todos: Ó Pai, que nos dais a graça de sermos todos irmãos e irmãs e habitarmos a Casa Comum, ajudai nossas comunidades a serem sinais vivos de unidade. Amém!
Todos: Pai nosso...

Canto: Das suas vestes despojado / por algozes maltratado / eu vos vejo meu Jesus.

Pela Virgem dolorosa / vossa Mãe tão piedosa / perdoai-me, meu Jesus.


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11ª Estação
Jesus é pregado na cruz

Dirigente: Nós vos adoramos e vos bendizemos, Senhor Jesus!
Todos: Porque, pela vossa santa cruz, remistes o mundo!
Leitor(a) 1: Quando chegaram ao chamado "lugar da caveira”, deram fel para Jesus beber, e aí o crucificaram (cf. Mt 27,33-36). "Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também será le­vantado o Filho do Homem, a fim de que todo o que nele crer tenha vida eterna" (Jo 3,14.15).
Leitor(a) 2: Segundo a compreensão cristã da realidade, o des­tino da criação inteira passa pelo mistério de Cristo, que nela está pre­sente desde a origem. Uma pessoa da Santíssima Trindade inseriu-se no universo criado, partilhando a sua própria sorte com ele até a cruz.
Dirigente: Ó Pai, pelo mistério da cruz do vosso Filho experi­mentamos um sinal estupendo de amor, acompanhai com solicitude os gemidos da criação, e assim nos impele para a prática do bem. Isto nós vos pedimos, em nome de Jesus, nosso Senhor.
Todos: Amém!
Todos: Ó Pai, que nos dais a graça de sermos todos irmãos e irmãs e habitarmos a Casa Comum, ajudai-nos pelo mistério da cruz do vosso Filho a sermos nesse mundo sinais da vossa ternura salvadora. Amém!
Canto: Sois por mim na cruz pregado / insultado, blasfemado / com cegueira e com furor.
Pela Virgem dolorosa / vossa Mãe tão piedosa / perdoai-me, meu Jesus.
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12ª Estação
Jesus morre na cruz

Dirigente: Nós vos adoramos e vos bendizemos, Senhor Jesus!                   Todos: Porque, pela vossa santa cruz, remistes o mundo!                             Leitor(a) 1: Então Jesus deu um forte grito: "Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito”: Dizendo isso, expirou (cf. Lc 23,46-48). Cris­to amou a sua Igreja e se entregou por ela, a fim de purificá-Ia com o banho da água e santificá-Ia  pela Palavra, para apresentar a si mes­mo a Igreja, gloriosa, sem mancha, nem ruga, santa e irrepreensível  (cf.Ef 5,6).
Leitor(a) 2: Os índios Kulina, do sul do estado do Amazonas, sempre dizem que tudo na terra é "durabilidade limitada, e isso é uma experiência diária para quem vive na selva”. Jesus aceitou-se fazer dura­bilidade limitada pela humanidade. Sua morte não é sinal de fracasso, mas de adesão radical ao projeto de dar vida e dignidade aos povos. Cabe agora, por meio de nós, que a fidelidade de Deus se manifeste na preservação de tudo o que é necessário, para que a família humana viva num ambiente bem cuidado. (Breve momento de silêncio).
Dirigente: Ó Pai, que acolhestes "o espírito de vosso Filho" no alto da cruz, concedei que os povos trabalhem para criar um mundo novo onde todos os limites sejam superados. Isto nós vos pedimos, em nome de Jesus, nosso Senhor.
Todos: Amém!
Todos: Ó Pai, que nos dais a graça de sermos todos irmãos e irmãs e habitarmos a Casa Comum, ajudai-nos a abraçar com amor a cruz de cada dia, morrendo para o pecado e ressurgindo para vida. Amém!


Canto: Por meus crimes padecestes/ meu Jesus por mim mor­restes / oh que é grande é minha dor.
Pela Virgem dolorosa / vossa Mãe tão piedosa / perdoai-me, meu Jesus.

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13ª Estação
Jesus é descido da cruz

Dirigente: Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos!
Todos: Porque, pela vossa santa cruz, remistes o mundo!
Leitor(a) 1: "Depois disso, José de Arimateia pediu a Pilatos para retirar o corpo de Jesus; ele era discípulo de Jesus às escondidas, por medo dos judeus. Pilatos o permitiu. José veio e retirou o corpo" (Jo19,38).

Leitor(a) 2: O Hino da Campanha da Fraternidade Ecumênica deste ano nos recorda que antes de sanear um lugar é preciso sanear o coração. A palavra sanear vem da mesma raiz de curar. Jesus, ao morrer na cruz, tomou sobre si todas as nossas feridas e as curou. Nós deve­mos nos comprometer com Jesus para sanear, curar todas as feridas da sociedade e da natureza desrespeitadas pelos desmandos do próprio ser humano.

Dirigente: Ó Pai, que pela morte do vosso Filho, assumistes as mazelas da humanidade, curai nosso coração e toda a criação das cha­gas provindas da maldade que destrói a vida. Isso vos pedimos, em nome de Jesus, nosso Senhor.
Todos: Amém!

Todos: Ó Pai, que nos dais a graça de sermos todos irmãos e irmãs e habitarmos a Casa Comum, curai o nosso coração e a nossa terra de todo o mal. Amém!

Canto: Do madeiro vos tiraram / e à Mãe vos entregaram / com que dor e compaixão.
Pela Virgem dolorosa / vossa Mãe tão piedosa / perdoai-me, meu Jesus.

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14ª Estação
Jesus é sepultado


Dirigente : Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos!
Todos: Porque, pela vossa santa cruz, remistes o mundo!
Leitor(a) 1: Nicodemos e José de Arimateia pegaram o corpo de Jesus e o enrolaram em lençóis nos quais haviam espalhado perfumes. Era assim que os judeus preparavam os corpos para serem enterrados. E sepultaram Jesus num túmulo novo num jardim (cf. Jo 19,39-41).

Leitor(a) 2: Jesus deixou-se depositar na terra como semente que é plantada para produzir frutos. A descida de Jesus à sepultura deve nos levar a pedir perdão por todas as vezes que depositamos na terra criada por Deus, não os dons, mas a agressão por meio da polui­ção, do lixo e do esgoto a céu aberto. Pedimos perdão a Deus pela falta de saneamento básico em tantas de nossas cidades. Esse mal ofende a Deus e a dignidade de toda a criação.

Dirigente: Ó Pai, vós que sois da fonte de toda reconciliação, pelo mistério de vosso Filho morto e sepultado, pedimos perdão pelas vezes que prejudicamos a vossa criação com a nossa poluição. Isto nós vos pedimos, em nome de Jesus, nosso Senhor.
Todos: Amém!

Todos: Ó Pai, que nos dais a graça de sermos todos irmãos e irmãs e habitarmos a Casa Comum, reconciliai nossa vida ferida de pecado com a vossa misericórdia. Amém!

Canto: No sepulcro vos puseram / mas os homens tudo esperam / do mistério da paixão.
Pela Virgem dolorosa / vossa Mãe tão piedosa / perdoai-me, meu Jesus.
Meu Jesus por vossos passos / recebei em vossos braços / a mim, pobre pecador.    

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 15ª Estação
Jesus ressuscitou      

Dirigente: Nós vos adoramos e vos bendizemos, Senhor Jesus!                   Todos: Porque, pela vossa santa cruz, remistes o mundo!                       Leitor(a) 1: "E bem cedo no primeiro dia da semana, ao raiar do sol, Maria Madalena e Maria, a mãe de Tiago, e Salomé,  foram ao túmulo. Ao entrarem no túmulo,  o jovem lhes disse: “Não vos assus­teis! Procurais Jesus, o nazareno, aquele que foi crucificado? Ele res­suscitou! Não está aqui! Vede o lugar onde o puseram!” (Mc 16,2.6).
Leitor(a) 2: Estamos vivendo o Ano da Misericórdia proposto pelo Papa Francisco. Jesus, pela força da sua ressurreição, nos alcança com sua misericórdia que é infinita. Deus nos chama a uma generosa entrega e a oferecer-lhe tudo, também nos dá as forças e a luz de que necessitamos para progredir. No coração desse mundo está presente o Deus da Vida, que com seu amor nos leva a encontrar novos caminhos para este planeta e assim não perdemos a alegria e a esperança.
Dirigente: Ó Pai e Senhor da vida, com a ressurreição de vosso Filho Jesus Cristo, foi renovada toda a criação. Ajudai-nos sempre a descobrir que estais vivo em cada criatura, para manifestar a glória do Ressuscitado. Isto nós vos pedimos, em nome de Jesus, nosso Senhor.
Todos: Amém!
Todos: Pai nosso...
Todos: Ó Pai, que nos dais a graça de sermos todos irmãos e irmãs e habitarmos a Casa Comum, recordai-nos que está conos­co todos os dias de nossas vidas sustentando as nossas lutas em favor da vida e do futuro melhor. Amém!
Canto: Vitória, tu reinarás, ó Cruz, tu nos salvarás!                                  Brilhando sobre o mundo, que vive sem tua luz,

Tu és um sol fecundo, de amor e de paz, ó Cruz!