terça-feira, 10 de junho de 2014

Coisas estranhas no Brasil






Eric Nepomuceno

Existe um inegável mal-estar generalizado, palpável no ar. Há um crescente pessimismo com a economia. E aí começam a aparecer estranhezas.


Agência Brasil

As eleições acontecerão em outubro, a campanha oficial começa no rádio e na televisão em agosto, mas as pesquisas saltitam a cada quinzena, ou quase. Se o eleitorado parece desinteressado, o empresariado parece, mais que interessado, ansioso, inquieto.

As pesquisas mais recentes, do Datafolha, indicam que Dilma Rousseff retomou seu viés de queda. Isso, claro, é destacado no noticiário. O que ninguém parece lembrar é que seus dois principais adversários, o tucano Aécio Neves e Eduardo Campos, do PSB, também caíram. 

Dilma havia recuperado terreno em pesquisas anteriores, e agora tornou a cair. Uma questão nebulosa: se ela retrocede e os outros não avançam – pior: também recuam –, onde foram parar os votos perdidos? Por que nenhum dos dois netos, cujos avôs são a principal garantia de suas trajetórias, é beneficiado?

Tudo indica que a maior surpresa foi o forte aumento dos que declaram que seu voto será nulo ou em branco, e também dos que se declaram indecisos. Nesses quesitos, houve uma reviravolta em comparação às pesquisas anteriores.

Existe um inegável mal-estar generalizado, palpável no ar. Há um crescente pessimismo com a economia. E aí começam a aparecer estranhezas.

Por exemplo: muito se martela a nota de que vivemos debaixo de forte pressão inflacionária. Essa campanha persiste e se alastra, apesar de os índices mostrarem o contrário (desde meados de março a taxa de inflação vem baixando de maneira constante). Ao mesmo tempo, fala-se que aumentou o temor a perder o emprego, apesar dos índices de desemprego continuar baixos.

Há contradições e incongruências entre os próprios entrevistados, tanto nos resultados do Ibope como nos do Datafolha: a aprovação do governo de Dilma equivale à desaprovação. A imensa maioria (na média dos institutos, mais de 70% dos entrevistados) pede mudanças na forma de governar, mas um índice similar diz que sua vida melhorou e que estão satisfeitos. Há uma espécie de batalhão desnorteado, que se queixa de tudo e de qualquer coisa sem dizer exatamente de que se trata. De onde vem esse mal-estar, essa tensa irritação que impregna a atmosfera das grandes cidades brasileiras?

Não são poucos – nem necessariamente paranoicos – os brasileiros que sentem que, a cada semana, aumenta a sensação de que está em marcha um nebuloso, melífluo movimento desestabilizador. O que ninguém consegue é detectar quem está por trás, quem organiza, a que interesses esse movimento responde.

E no entanto, existe um dado que, se não dá resposta a essas questões, certamente dá o que pensar: a influência direta entre a divulgação dos resultados das pesquisas e as oscilações do mercado financeiro, que tem nos grandes meios de comunicação seu esforçado e eficaz porta-voz.

Desde 2002, quando Lula derrotou José Serra, essa sacrossanta entidade chamada mercado não padecia tamanhos ataques de ansiedade pré-eleitoral. A reeleição de Lula, em 2006, e a eleição de Dilma, em 2010, foram engolidas sem maiores esforços. Agora, o clima é outro, bem outro.

Não é sem razão que bancos, agentes, corretores e investidores gastam um bom dinheiro contratando pesquisas eleitorais para uso restrito. São pesquisas paralelas, e o sistema funciona assim: cada vez que um instituto anuncia que estará em campo fazendo entrevistas, instituições financeiras encomendam outra, sigilosa. Desta forma ficam sabendo, com um ou dois ou três dias de antecipação, qual será o resultado a ser anunciado. Como a cada queda (ou avanço) de Dilma ocorre invariavelmente uma alteração na Bolsa de Valores, uma oscilação no câmbio e outra na taxa de juros a futuro, ter     uma indicação fiável desses dados significa uma boa oportunidade de especular e ganhar.

O empresariado brasileiro não gosta nem um pouco da política econômica de Dilma Rousseff. Os donos do dinheiro, menos ainda. Mas gostam de ganhar. E adoram especular.

Há algo estranho quando tantas greves se repetem e persistem, e mais ainda quando levadas adiante por minorias sindicais, como aconteceu no transporte público do Rio de Janeiro. A profusão de paralizações não faz mais do que ampliar o mal-estar e a irritação popular. Nota-se claramente que, insuflada pelos grandes meios de comunicação, em especial a televisão, essa irritação popular é direcionada aos políticos em geral e aos governos em particular. E, uma vez mais, Dilma é o alvo preferencial. 

Nesse clima estranho, nessa atmosfera um tanto rarefeita, começa a Copa do Mundo. Haverá mobilizações de protesto, greves selvagens e sem norte, haverá de tudo um pouco, até mesmo futebol.

Serão tempos estranhos, e estranha será a caminhada daqui até as urnas de outubro.

Fonte: Carta Maior
Foto Agencia Brasil

CEBs - Diocese de Crato


Com o objetivo de vivenciar e dar continuidade ao 13º Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), realizado em janeiro de 2014 na Diocese de Crato, cerca de 150 representantes das CEBs, se reuniram das 8h às 17h, do dia 7 de junho, no Centro de Pastoral Monsenhor Onofre Alencar, na Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, em Juazeiro do Norte. O encontro teve como tema “Identidade e Autonomia das CEBs” e contou também com a presença de Dom Fernando Panico, Pe. Vileci Basílio Vidal, que coordenou este intereclesial, e a assessora regional Ana Maria de Freitas, que faz parte da ampliada nacional.
O 13º Intereclesial foi um dos eventos realizados dentro das comemorações do ano centenário da Diocese de Crato, e de acordo com o relatório apresentado pela coordenação do evento estiveram presentes 5.046 pessoas, sendo 4.036 delegados das 27 unidades da federação brasileira e dos 18 regionais da CNBB; 2.248 mulheres e 1.788 homens. Os bispos presentes somaram 72; os padres, 232 e os religiosos e religiosas, 146. Representantes de 75 lideranças indígenas; 20 representantes de outras Igrejas cristãs, 35 de outras religiões, além de 36 estrangeiros, oriundos dos cinco continentes.
Dom Fernando Panico na avaliação do 13º Intereclesial de CEBs. (Foto: Patrícia Silva)
Dom Fernando Panico na avaliação do 13º Intereclesial de CEBs. (Foto: Patrícia Silva)
Na avaliação Dom Fernando disse estar satisfeito com a realização deste momento na diocese de Crato e frisou a importância de sermos uma igreja comunidade de comunidades, que se organiza como comunidade para que o evangelho de Jesus possa ser anunciado a todos. Lembrou também da necessidade de sermos comunidades missionárias, “não para ficarmos fechadas em si mesmas, mas como comunidades, enviadas sobretudo na periferia do mundo, não só na pobreza econômica mas a tantas outras pobrezas em que o nosso mundo vive. Somos uma igreja viva, uma igreja que não envelhece porque o Espírito Santo é a nossa eterna juventude”, disse ele. O bispo recordou dos preparativos desde as Santas Missões Populares e agradeceu ao Pe. Vileci e a todos que fizeram este momento tão importante de nossa diocese centenária acontecer com grande êxito.
O 13º Intereclesial de CEBs trouxe um misticismo próprio que atraiu milhares de pessoas ao Cariri, isso se deu, segundo a assessora regional, devido a forte presença da religiosidade popular, traço marcante nesta região. “A vontade de estar no Juazeiro do Pe. Cícero atraiu este número grande de participantes. O que mais me marcou foi o fato de as pessoas simples fazerem coisas em mutirão e o como o Pe. Cícero unificava o povo. O grande diferencial desta edição foi a participação ativa de todas as comunidades, leigos, as pessoas mais de base. Com este intereclesial percebemos o quanto os nordestinos, os cearenses são povo de muita fé”.
A assessora ainda disse que o evento superou todas as expectativas e elogiou a equipe de organização da diocese de Crato que souberam preparar, da melhor forma, todos os detalhes.
Assessora Regional e membro da Ampliada Nacional das CEBs, Ana Maria de Freitas. (Foto: Patrícia Silva)
Assessora Regional e membro da Ampliada Nacional das CEBs, Ana Maria de Freitas. (Foto: Patrícia Silva)
Em comunicado enviado a diocese, a assessora nacional Irmã Tea Frigerio, parabenizou toda a diocese de Crato pela organização antes, durante e depois do evento e destacou que “a acolhida e hospedagem foram ótimas. Percebe-se que houve uma profunda preparação seja das famílias que acolheram como das outras equipes. A comunicação fez um trabalho muito bom, seja antes como no encontro.” Sobre algo que deve ser repensado ela disse que “os intereclesiais se tornaram celebrativos, o número de pessoas desafia para cuidar da reflexão, então devemos estudar melhor como gerenciar os mini plenários, pois quando o número é grande dificulta a reflexão, fica-se somente na comunicação”.
Com uma equipe que contou com cerca de 60 componentes na organização, dentre eles bispos, padres, leigos do nacional , regional e da diocese, o 13º intereclesial entrou para a história da realização deste evento como também como fato marcante na realização dos 100 anos da Diocese de Crato.
Para o Pe. Vileci “o 13º Intereclesial veio revitalizar a vida de nossas comunidades, trazendo a possibilidade de retomar a discussão do que é mesmo a comunidade eclesial de base e o que não é, e assim fortalecer a nova dinâmica de reestruturação das paróquias em comunidade de comunidades a pedido do documento de Aparecida e agora da assembleia dos bispos onde foi criado o documento 100, que traz como tema ‘Comunidade de comunidades: uma nova paróquia’. No intereclesial podemos firmar a ideia de que se faz paróquias com comunidades e com pessoas engajadas”.
Participantes do encontro será “Identidade e Autonomia das CEBs”. (Foto: Patrícia Silva)
Participantes do encontro “Identidade e Autonomia das CEBs”. (Foto: Patrícia Silva)
Sobre a estrutura do evento o padre disse que as paróquias da diocese corresponderam muito bem, e de modo especial as famílias que abriram suas casas para acolher os delegados. Porém ele disse ser necessário mais tempo para discutir as questões temáticas e ter um controle maior sobre o número de pessoas que participam. Pe. Vileci se mostrou muito satisfeito com esta realização e falou que agora estão dando continuidade através do projeto Ecos do Caldeirão. O próximo passo a ser dado é a construção do Conselho Comunitário de Pastoral.
Londrina, Paraná, será o local onde acontecerá o 14º Intereclesial e uma reunião que acontecerá em julho definirá o tema e a data do encontro.
Neste dia também foi apresentado a nova articulação diocesana das CEBs que contará, dentre os seus membros, com: Rozelia Costa (Articuladora Diocesana), Clara Nogueira e Ludymilla Yanna (Secretárias), Muriel Silva e Maroly Brito (Articuladoras da Forania I), Ademar Maia e Almir Cavalcante (Articuladores da Forania II), José Idailton (Articulador da Forania III), Geysa Grangeiro, Batista Silva Gelmar Bezerra e José Hildeberto (Formadores) e Pe. Vileci Vidal (Assessor Diocesano).
Nova articuladora diocesana das CEBs, Rozelia Costa. (Foto: Patrícia Silva)
Nova articuladora diocesana das CEBs, Rozelia Costa. (Foto: Patrícia Silva)
A nova articuladora disse considerar uma grande responsabilidade assumir a articulação depois da realização do 13º Intereclesial, pois a visibilidade com relação as CEBs é bem maior, porém ela disse estar disponível para continuar os incentivos e as formações para as comunidades, “ir ao encontro daqueles que necessitam dando continuidade ao entusiasmo presente no intereclesial que não se pode deixar cair”, afirmou ela.