quarta-feira, 4 de março de 2015

Carta das CEBs - Reunião Ampliada de fevereiro de 2015

Carta da Colegiada das Comunidades
                         Eclesiais de Base do Estado de São Paulo

                                                “Não abandonarei meu povo, mas correrei com ele todos os riscos que meu ministério exige!”
                                                                       
                                                                                                                                              Dom Oscar Romero

Prestes a completar os 35 anos do martírio de Dom Romero, ano de sua beatificação, nós da  Colegiada Estadual das CEBs, nos reunimos de 20 a 22 de fevereiro, acolhidos pela Região Episcopal Brasilândia, Comunidade Nossa Senhora Aparecida na cidade de São Paulo, com a presença das sub-regiões Aparecida, Botucatu, Campinas, Ribeirão Preto 1, São Paulo 1, São Paulo 2 e Sorocaba.

Iniciemos nosso encontro com a Celebração dos Mártires da Caminhada. Todos/as nós nos apresentamos, estiveram em nosso meio, com palavras de incentivo, confiança e esperança, Dom José Bertanha, Bispo da Diocese de Registro, referencial das CEBs e Dom Devair Araújo da Fonseca, Bispo Auxiliar da Região Episcopal Brasilândia.

Partilhamos as experiências e a realidade Latino Americana do Encontro Continental de Assessores das Comunidades Eclesiais de Base, vivenciada pelos doze países latino e caribenho,  que aconteceu  no México entre os dias 3 a 8 de fevereiro de 2015, e  que como comunidade de base nos é proposto e se faz urgente responder aos desafios da sociedade entre eles a necessidade de re-significar as CEBs a partir da memória histórica, a identidade e as juventudes. Um segundo desafio é a busca do “Bem Viver” entendido como cuidado e respeito pela criação, promoção da soberania alimentar e a economia solidaria e ainda a preocupação com os aspectos relacionados com a migração e as expulsões forçadas de diferentes comunidades em toda América Latina e Caribe.

Em seguida nos foi apresentada uma síntese da reunião da Ampliada Nacional, que aconteceu  em Londrina-PR, em janeiro de 2015,  dando ênfase a pontos referentes ao tema escolhido: “CEBs e os desafios no mundo urbano”, visitas aos possíveis locais onde será realizado o encontro e como o secretariado está se programando o XIV Intereclesial das CEBs.


No momento de formação pudemos aprofundar um pouco mais sobre a história de Contestado, trazendo a memória dos acontecimentos da luta e resistência de um povo, neste período destaca-se a presença do Monge João Maria. O seu grande foco era a partilha em comunidade, apesar de toda esta luta a presença da Igreja foi muito escassa. Destacamos a frase “Os arroios se tornarão de leite e mel e os barrancos cuscuz”.

Agradecemos a acolhida do Padre Braghetto e o carinho da comunidade e famílias que nos receberam.  Celebramos juntos.

Lembramos que as CEBs são “A voz do passado, falando ao presente e alertando o futuro”.

Com carinho nos despedimos.
                

                     São Paulo, 22 de fevereiro de 2015.

A história das relações entre Igreja e sociedade

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realiza durante o período da quaresma a Campanha da Fraternidade. Este ano, o lema enfatizado é: “Eu vim para servir” (cf. Mc 10,45) e o tema: “Fraternidade: Igreja e Sociedade”. Antes, porém, de lançar um olhar sobre os atuais desafios do mundo moderno, é necessário compreender a história das relações entre Igreja Católica e a sociedade.
Uma nota importante a ser recordada é a estruturação do cristianismo nos primeiros séculos em Roma, ou seja, com a queda do Império Romano, a Igreja passa a suprir as carências da sociedade civil, desenvolvendo um tipo de civilização que ficou conhecida como Cristandade. Esse modelo de sociedade girava em torno de princípios de inspiração cristã, ganhando tamanha força que foi capaz de vigorar por toda a Idade Média.
A chegada dos portugueses na América, a Reforma Protestante e o Movimento Humanista, causaram grandes mudanças na sociedade europeia. Diante dessas mudanças, o Papado estabeleceu uma aliança com Portugal que ficou conhecida como Padroado, que dava direito ao Rei Português de enviar missionários ao Brasil e distribuí-los nas várias regiões do país. Foi assim que começou o plano de povoamento e a constituição da sociedade brasileira.
Com a Independência do Brasil, em 1822, a “Religião Católica” foi reconhecida como religião oficial do Império Brasileiro. Até a proclamação da República, a Igreja dedicou-se amplamente, através das congregações religiosas, ao ensino e à realização de obras de caridade. Com a Constituição Republicana de 1891, o regime de Padroado chegou ao fim, o que conferiu à Igreja novamente a função de nomear bispos e criar novas dioceses.
A primeira metade do século XX foi marcada pelo desenvolvimento econômico e por profundas transformações políticas e culturais, exigindo da Igreja um envolvimento pastoral comprometido com as classes menos favorecidas. Com a criação da CNBB, em 1952, a Igreja impulsionou a sociedade através da mobilização dos leigos e leigas nos movimentos sociais. Em 1964, nasceu então em âmbito nacional a Campanha da Fraternidade, no bojo de uma sociedade massacrada pela repressão militar, com o desejo de discutir questões importantes para povo tais como: urbanização, fome, desemprego, família, moradia e luta pela terra; esses temas eram propostos em debates organizados por lideranças da Igreja.
Muitos desafios permanecem nos dias atuais, exigindo da Igreja Católica, uma participação mais ativa nos rumos das transformações sociais e políticas do país. As Comunidades Eclesiais de Base, em consonância com a Campanha da Fraternidade deste ano, tem o dever de assumir esse protagonismo, pois sua identidade está ligada à libertação e organização do povo que busca o Reino de Deus e almeja um mundo mais justo e fraterno.
(*) Jônatas Marcos da Silva Santos é pároco de Jaciara

Caminhada das CEBs na America Latina


Florianópolis, SC, 27 fev (SIR) - 

As Comunidades Eclesiais de Base (CEBS) no Cone Sul são articuladas por uma equipe que representa cinco países: Brasil, Paraguai, Argentina, Uruguai e Chile. 
Nos dias 17 a 20 de fevereiro estiveram reunidos representantes das CEBS do Brasil, Argentina e Paraguai na comunidade de Quilmes, em Buenos Aires, para o 9º Encontro de Articulação do Cone Sul. 
O Brasil foi representado por Maria Glória da Silva (rep. da Ampliada Nacional) e Patrícia Lúcia da Silva Abreu (Convidada pela Arquidiocese). Os participantes foram acolhidos com alegria e entusiasmo pela comunidade de Quilmes, na Fundação Padre Angel, (local do encontro). O encontro foi um momento de graça, tranquilo (embora idiomas diferentes), produtivo, com partilhas muito ricas. Teve como objetivo, a articulação e o fortalecimento da caminhada das CEBs na região do Cone Sul, a partir da realidade atual e dos desafios delas nos países. Cada país partilhou um pouco da sua realidade trazendo as experiências de lutas e conquistas, alegrias e dificuldades, desafios e frutos, sonhos e esperanças. Foi reforçado o nosso compromisso profético e missionário no seguimento de Jesus no contexto social, político, cultural e eclesial vivenciado nas comunidades. Também se refletiu: Como chamar, convidar, cativar a juventude de hoje a se inserir na vida de comunidade, na formação bíblica, de fé e política, no compromisso social e eclesial? Sobre a dimensão ecumênica das Comunidades Eclesiais de Base como sinal de uma espiritualidade encarnada na vida do povo; a formação sistemática, bíblica, catequética, e de fé e política para animadores, e sobre o encontro latino americano no Paraguai, em 2016. Nas celebrações da Palavra e da Eucaristia experimentou-se uma espiritualidade diversificada, expressada e vivenciada nos países.  Ao final do encontro foram encaminhadas pistas de ação comuns para a caminhada conjunta das comunidades dos países que formam o Cone Sul: Paraguai, Chile, Uruguai, Argentina e Brasil, como: Curso de formação intensivo, a comunicação (redes sociais e outros) para o fortalecimento da caminhada e a representação da juventude por países. O evento terminou como incentivo e o impulso pela mensagem de Dom Oscar Romero. Ele nos deixou um legado importante de amor e luta. Seu exemplo de vida nos ajuda a cultivar a utopia na construção de um mundo melhor e fortalece nosso compromisso ao lado dos mais pobres no seguimento de Jesus (Jo 10,10).
Ervino Martinuz

27 de fevereiro de 2015