A campanha de Dilma recebeu um milhão de reais da Qualicorp
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Empresas ajudaram a aumentar de 28 para 38 o número de deputados federais da bancada da saúde suplementar
Os
planos de saúde marcaram presença no financiamento de campanhas da
última disputa eleitoral. Em 2010, o setor foi responsável pela doação
de R$ 12 milhões para 157 candidatos de 19 partidos.
A
participação das operadoras em 2010 foi mais expressiva do que nas
eleições de 2006, quando as empresas do setor repassaram R$ 8,6 milhões;
um acréscimo de 37,2%. Em relação às eleições de 2002, quando essas
empresas destinaram R$ 1,3 milhão, o aumento foi de 746,5%.
Os
dados fazem parte do estudo Representação política e interesses
particulares na saúde: o caso do financiamento de campanhas eleitorais
pelas empresas de planos de saúde no Brasil, dos pesquisadores Mário
Scheffer, do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo (USP), e Lígia Bahia, do
Laboratório de Economia Política da Saúde da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ).
Os eleitos
De
acordo com o levantamento, feito a partir de dados do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE), o gasto ajudou as empresas do setor a ampliarem seu
espaço político em todas as esferas de governo. O apoio financeiro de 48
operadoras contribuiu para aumentar de 28 para 38 o número de deputados
federais da chamada bancada da saúde suplementar. Foram eleitos também
26 deputados estaduais aliados ao setor em todo o país.
No
Senado, os recursos ajudaram a eleger Ana Amélia (PP-RS), Lúcia Vânia
(PSDB-GO) e Demóstenes Torres (DEM-GO), que teve o mandato cassado
recentemente. Quatro governadores estaduais também foram eleitos com a
ajuda dos planos de saúde. Os mais favorecidos foram Geraldo Alckmin
(PSDB-SP), R$ 400 mil, e Sérgio Cabral (PMDB-RJ), R$ 170 mil. Em seguida
aparecem Wilson Martins (PSB-PI) e Agnelo Queiroz (PT-DF), favorecidos
com R$ 1,5 mil e R$ 1 mil.
Os dois principais
candidatos à presidência da República também receberam financiamento do
setor. A Qualicorp Corretora de Seguros doou R$ 1 milhão para a campanha
da presidenta eleita Dilma Rousseff (PT) e a metade deste valor, R$ 500
mil, para a campanha do candidato José Serra (PSDB). O atual presidente
da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que regula e fiscaliza
os planos, Mauricio Ceschin, foi presidente do Grupo Qualicorp até
fevereiro de 2009.
Dentre os partidos, a maior
fatia de recursos para candidatos (eleitos ou não) foi para o PMDB, com
28,94% dos recursos, seguido de PSDB (18,16%) e PT (14,05%).
O
estudo chama a atenção, ainda, para casos concretos de interesses de
planos de saúde que já foram contemplados dentro das Casas legislativas.
E dá um exemplo recente. Em 2010, a Assembleia Legislativa de São Paulo
aprovou lei que destina até 25% dos leitos de hospitais públicos
administrados por Organizações Sociais de Saúde (OSS) para o atendimento
de usuários de planos de saúde. Posteriormente, a medida foi suspensa
pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), atendendo a ação civil
pública proposta pelo Ministério Público Estadual.
O estudo pode ser acessado no endereço: http://www.cebes.org.br/media/File/Planos_de_Saude_Eleicoes.pdf.
Patricia Benvenuti
Fonte: Brasil de Fato
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