Li o livro do jornalista Mário Prata sobre a origem dos ditados
populares e comentei com o escritor Antônio Lopes, que acrescentou
algumas informações. Decidi compartilhar com os leitores do Pimenta:
Lavar a égua- Os escravos faziam o papel de garimpeiro. Pra ficar com “o
que lhe era de direito” colocavam o ouro em pó nos cabelos. Os
portugueses descobriram e mandaram raspar a cabeça. O transporte era
feito em mulas, éguas. O ouro em pó só brilha no sol e os escravos
passaram a colocá-lo nos animais para sair das minas beneficiados. Para
pegar o produto lavavam o animal para que o ouro se desprendesse.
Lavavam a égua.
Será o Benedito? - Não se refere ao santo nem ao
polêmico jornalista Ederivaldo Benedito. Era Benedito Valadares,
político ladino. Em 1933 diante da hesitação do governo em nomear o
interventor de Minas Gerais, o povo temendo que optasse por ele, o pior
de todos, perguntava-se: “Será o Benedito?”. E foi.
Pra inglês ver - Surgiu quando a Inglaterra exigiu
que o Brasil aprovasse leis que impedissem o tráfico de escravos. No
entanto, todos sabiam que essas leis não seriam cumpridas, eram criadas
apenas “pra inglês ver.” se refere à
Ok - Significa tudo bem e teve sua origem na Guerra
da Secessão, no EUA. Quando os soldados voltavam para as bases sem baixa
na tropa, escreviam satisfeitos numa placa “0 Killed” (nenhum morto).
Casa da Mãe Joana - É isto mesmo que você está
pensando. Joana, rainha de Nápoles e condessa de Provença (1326-1382),
liberou os bordéis em Avignon, onde estava refugiada, e mandou escrever
nos estatutos: “que tenha uma porta por onde todos entrarão”.
Conto do vigário - Duas igrejas em Ouro Preto foram
presenteadas com uma imagem de santa. Para verificar qual das paróquias
ficaria, os vigários resolveram deixar por conta da mão divina, ou
melhor, das patas de um burro. Exatamente no meio do caminho entre as
duas igrejas, soltaram o animal. Para onde ele se dirigisse, teríamos a
igreja felizarda. O vencedor saiu satisfeito com a imagem de sua santa.
Porém, descobriram que o burro havia sido treinado para seguir o caminho
da igreja vencedora. Assim, conto do vigário passou à linguagem popular
como golpe, falcatrua.
Cuspido e escarrado - De extremo mau-gosto, que
popularmente significa uma pessoa parecida com outra, na verdade se
originou de uma bela frase “esculpido em carrara”, já que o mármore
italiano era usado por artistas que faziam esculturas idênticas aos
seus modelos.
O pior cego é aquele que não quer ver - Em 1647, na
França, o médico Vicent de Paul D’Argenrt fez o primeiro transplante de
córnea em um aldeão chamado Angel. Foi um sucesso, mas o paciente assim
que passou a enxergar ficou horrorizado com o mundo que via. Disse que o
mundo que imaginava era muito melhor e pediu ao cirurgião que
arrancasse seus olhos. O caso foi ao tribunal de Paris e Vaticano. Angel
ganhou a causa e ficou conhecido como o cego que não quis ver.
Marival Guedes
Persquisa
Comer pelas beiradas - é ir disfarçadamente e vagarosamente trabalhando para
um objetivo principal a ponto de que ninguém perceba-o. Fulano resolveu a coisa bem
devagar, foi comendo pelas beiradas... Vejamos exemplos: A) Ela está me
tratando mal porque quer o divórcio e não tem coragem de pedí-lo e então vai
comendo pelas beiradas. B) Preciso ir
comendo pelas beiradas para que ninguém perceba que meu objetivo final é levar
a empresa dele a falência.
Comer pelas beiradas - disfarçadamente conseguir o que quer, o objetivo pessoal, prevalecer o que se quer, usando de astucia...
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