Para onde vai Nuestra América. Espiritualidade socialista para o século XXI
“Nossa
América” foi uma expressão do libertador cubano José Martí para
designar nosso continente e o Caribe. Desde alguns anos, em vários
países desta “Pátria Grande” (especialmente Bolívia, Equador, Venezuela e
Paraguai), alguns movimentos populares e também pessoas comuns têm sido
protagonistas de mudanças sociais e políticas importantes. Estes
processos sociais e políticos partem das bases e chegam até a conquistas
importantes, como a elaboração de constituições e leis mais justas e
igualitárias, assim como a eleição de governos mais populares e de opção
transformadora. Mesmo em países onde esta nova realidade social e
política está mais sedimentada, como a Bolívia, o Equador e a Venezuela,
trata-se ainda de processos novos e não sem contradições internas.
Contam com dificuldades inerentes a todo caminho transformador. No
entanto, não se pode negar: enquanto, em outras partes do mundo, a
realidade política parece tender a uma volta do que comumente se chama
de “direita”, em vários países da América Latina, há ensaios do que o
professor Boaventura de Sousa Santos chamou de “esboço de um socialismo
para o século XXI”.
Esta
realidade nova tem sido conquista de comunidades populares e de grupos
antes desorganizados que, pouco a pouco, têm manifestado uma capacidade
de mobilização que os partidos políticos tradicionais e os intentos
revolucionários anteriores nunca haviam conseguido realizar. (p. 17)
- Título: Para onde vai Nuestra América
- Subtítulo: Espiritualidade socialista para o século XXI
- Assunto: Processos sociais na América Latina
- Ano: 2011
- Autora: Marcelo Barros
- Apresentação: Leonardo Boff
- Formato: 16x23
- Número de páginas: 240
- Editora: Nhanduti
- Edição: 1
- ISBN: 9788560990139
Leonardo Boff:Todo
escrito é, de certo modo, provocação para uma conversa entre quem
escreve e a pessoa que se aventura a ler. Este livro que, agora, você
tem em mãos, segue de modo mais profundamente ainda este caminho. Foi
escrito em estilo simples e coloquial. Além disso, se constitui como um
convite que Marcelo Barros faz a todas as pessoas que têm fome e sede de
justiça. Unido a muitos companheiros e companheiras de caminhada, em
toda a América Latina e Caribe, ele nos convoca a nos situar como
protagonistas de uma nova caminhada social transformadora. Embora ainda
incipiente e frágil, este processo de mudanças estruturais está
ocorrendo em vários países do continente e, como no início do século
XIX, sonhava Simón Bolívar, pode unir todos os povos desta imensa
“pátria grande”. Agora, começa a tomar formas novas a libertação
plantada por tantos irmãos e irmãs, índios, negros e mestiços, assim
como por todas as pessoas que se unem para formar o que, ainda no século
XIX, José Martí, profeta e poeta cubano, chamava: Nuestra América.
De
fato, para aproveitar bem este livro, você precisa acreditar e apostar
neste processo social que, na Venezuela, está sendo chamado de
“revolução bolivariana”, no Equador “processo cidadão”, na Bolívia e em
outros países toma outros nomes. Como afirma o professor Boaventura de
Souza Santos: “A América Latina tem sido o continente, onde o socialismo
do século XXI entrou na agenda política”.
Desde o
começo, a Teologia da Libertação se posicionou como reflexão
espiritual, nascida nas bases e aprofundada a partir das experiências de
participação das comunidades cristãs nos processos de luta e libertação
ocorridas no continente. A partir de anos recentes, as teologias
contextuais, desenvolvidas como teologias índias, afrodescendentes e
feministas, dialogam com temas como o Pluralismo cultural e religioso,
assim como com os desafios próprios do nosso tempo para firmar um
compromisso de amor solidário da parte mais sadia das Igrejas cristãs e
de outras religiões com o novo processo socialista que surge das
comunidades indígenas e dos movimentos populares, em vários países do
continente. Ao sempre procurar aprofundar os novos processos sociais,
não a partir de governos, mesmo dos mais revolucionários e sim das
comunidades empobrecidas e populares, este livro atualiza este caminho
espiritual.
Seja
você religioso/a ou não, poderá tirar outras conclusões válidas e se
sentir novamente chamado/a ao compromisso libertador que, tão
empolgadamente, este livro descreve.
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