quarta-feira, 16 de maio de 2012

No Peru, cardeal do Opus Dei não é bem visto pela opinião pública

 













Bispo fiel frente a uma onda progressista ou integralista mascarado que persegue todos aqueles que não estão de acordo com a "linha dura" da Igreja? O cardeal Cipriani, arcebispo de Lima, é objeto de muitas críticas neste período. Em particular, duas situações caracterizam negativamente a sua imagem no Peru.

A reportagem é de Natalia Trouiller, publicada no sítio da revista La Vie, 14-05-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

A primeira diz respeito à interminável novela da PUCP, Pontifícia Universidade Católica do Peru. As relações entre o prelado e a universidade, berço da teologia da libertação condenada por João Paulo II por ser muito marxista segundo o Vaticano, sempre foram extremamente tensas. Ainda mais que Dom Cipriani – que, com Dom Herranz Casado, é o único cardeal pertencente ao Opus Dei – não escondeu a sua vontade de impor a sua linha a uma universidade considerada muito progressista, tanto pelos títulos, quanto pelos conteúdos dos seus ensinamentos.

Segundo as autoridades da PUCP, foi ele que avisou o Vaticano da não conformidade dos estatutos da universidade com a constituição apostólica Ex Corde Ecclesiae, que disciplina as universidades pontifícias.

As negociações entre o arcebispo de Lima e a PUCP rapidamente se envenenaram, a ponto de o papa ter que nomear um mediador na pessoa de Dom Peter Erdö para tentar encontrar uma solução. Mas ele não conseguiu completar a sua missão, de tão profundo que era o conflito entre as duas partes.

Solicitada a fazer modificações em seus estatutos antes de abril deste ano, a universidade continua se recusando, defendendo que não é possível fazer isso sem violar as leis do Peru. As discussões ainda estão bloqueadas nesse ponto. Mas, no dia 9 de maio passado, o reitor da PUCP enviou uma carta ao secretário de Estado vaticano, Dom Bertone, para lhe pedir que Dom Cipriani não seja mais o interlocutor da universidade para as negociações. E fez isso precisamente atacando o prelado: acusou-o de "vontade pessoal de conflito" que impediria pessoalmente qualquer acordo.

A segunda questão se refere ao padre Gastón Garatea, sem dúvida um dos padres mais conhecidos do país. Grande defensor dos direitos humanos, foi membro da Comissão de Verdade e Reconciliação que buscou lançar luz sobre a guerra civil entre o Exército e o movimento sandinista Sendero Luminoso, na qual a população civil pagou um pesado tributo entre 1980 e 2000. Ele também presidiu a Concertação para a redução da pobreza.

Parece que foi por causa dos seus posicionamentos sobre o aborto e o apoio não ao casamento, mas sim às uniões civis homossexuais, que o padre entrou na mira de Dom Cipriani. Este, suspendendo-o, acertou dois coelhos com uma cajadada só: silenciou um padre considerado muito progressista e atingiu a PUCP, onde o Pe. Garatea lecionava e onde não poderá mais lecionar.

Fonte:IHU

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