sábado, 7 de abril de 2012

Queiruga: teólogo espanhol é notificado pela Comissão de Doutrina da ICAR

O teólogo Andrés Torres Queiruga foi "notificado" pela Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé da Conferência Episcopal Espanhola (na 6ª. feira, 30/4/2012) sem direito a defesa nem debate. Queiruga é acusado de, em seus escritos teológicos, não se alinhar com o que "afirma a doutrina da Igreja" e de semear inquietude e incerteza entres os fiéis. Para nós na América Latina estes mecanismos de silenciamento golpeia nossa trajetória de teologia da libertação e de libertação da teologia.

A Rede Cristã da Andalucia reagiu da seguinte forma:


31 de março de 2012


1. Estamos solidários com Andrés Torres Queiruga que sempre manifestou preocupação e um grande cuidado de encarnar a mensagem de Jesus e seu anúncio do Reino de Deus considerando os contextos histórico-cultural e os debates científicos. Estamos particularmente indignado que est e processo tenha se dado através de um "procedimento irregular eclesiasticamente", o que os próprios bispos da Comissão reconhecem.

2. A nossa proximidade e estima por Andres Torres Queiruga é devido não só à sua fidelidade à doutrina e ao espírito do Concílio Vaticano II, mas também o prazer de ter descoberto em seus escritos mais de perto, a abordagem compreensível e divertida para alguns conteúdos da fé mais sensíveis e difíceis de assimilar, iluminado e secularizada mentalidade de hoje. Referimo-nos especificamente para suas grandes contribuições sobre a revelação, a ressurreição de Jesus, o problema do mal e da universalidade da salvação de Deus. Por tudo isso agradecemos a Queiruga o esforço enorme e um grande serviço feito para os cristãos do nosso tempo.

3. Finalmente, lamentamos a atitude da Comissão para a Doutrina da Fé e da CEE com esta nova amostra de negação da pluralidade dentro da Igreja, condenando o debate, ignorando as divergências e querendo controlar toda a razão e a ação do Espírito na Igreja. Nós gostaríamos que os nossos bispos abandonassem definitivamente esta atitude reconhecendo o corpo de uma igreja cada vez mais plural, complexa e diversificada.

4. Nós gostaríamos de ver os bispos mais perto do espírito e a atitude de Jesus, sem manter silêncio sobre a crise do mundo atual e sem desqualificar aqueles que defendem os direitos dos mais injustiçados; queríamos bispos que incentivassem o testemunho sem medo, apostando na criatividade e na busca daqueles preocupados em repensar a fé a partir das novas sensibilidades do presente; queríamos que os bispos se mostrassem animadores, amigáveis e compassivos, abandonando o uso da força ou os privilégios de guardiões de normas e doutrinas anacrônicas e ultrapassadas.

Em conclusão, queremos uma igreja mais aberta e dialogante com novos sinais dos tempos. Os bispos e a Conferência devem perceber que com estas medidas desmesuradas e injustas provocam dor em toda a Igreja, no Povo de Deus, que sempre deu mais importância à prática que em pressupostos teológicos.

Fonte: http://somosiglesiaandalucia.net/somosiglesiaandalucia/?p=158#more-158

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