quinta-feira, 19 de abril de 2012

A Páscoa dos “Esquecidos”

No domingo quinze de abril (às 16hs em ponto), realizamos com muita fé, esperança e alegria a sexta celebração eucarística com os idosos e enfermos da nossa comunidade eclesial de São Pio X. Vieram basicamente todas as “capelas” – nome que utilizamos para distinguir da igreja matriz, outras de menor porte – como a Imaculado Coração de Maria (Jitimana), a capela da Sagrada Família (Loteamento Pau-Ferro), que, muito em breve, tornar-se-á paróquia, a capela de N. Senhora de Fátima e a de São Sebastião (Loteamento Visconde de Maracaju). Todas essas comunidades eclesiais em trono do altar de Pio X, celebraram a dignidade da vida.

Na preparação para esse grande acontecimento eclesial, trabalharam vários grupos e pastorais. Claro que devemos destacar os ministros extraordinários que visitam semanalmente os enfermos e também as pastorais como da família, criança, batismo, acolhida e da pessoa idosa. Essas agem da porta para fora do templo e impregnam a sociedade com “o bom odor de Cristo” (2 Coríntios 2,15).

A celebração foi pautada pela alegria, comoção e até por lágrimas de familiares e idosos; além de jovens e adultos enfermos que se fizeram presentes. Muitos e muitas em cadeira de rodas. Os cantos, a provocação da palavra do segundo domingo da páscoa também contribuiu e muito para o clima de esperança.
Gostaríamos de destacar agora alguns pontos, que creio, ajudarão outras pessoas e comunidades a pensar e refletir sobre a situação atual dos “excluídos” da sociedade. Então vamos a eles:

 Está na hora de nossos grupos de igreja saírem mais para a missão. Existe muita indigência, sofrimento e dor na sociedade atual. Essa insistência de realizarmos encontros demorados e custosos para as comunidades redunda em que? Quanta conversão se dá nesses encontros para depois se buscar a ação?

Os idosos (as) das nossas comunidades recebem visitas constantes dos nossos grupos e movimentos? Eles e elas na maioria são “esquecidos” da comunidade e da família. Por isso, pontuamos na homília o seguinte: quantos idosos ajudaram e ainda ajudam a pagar o curso da faculdade de filhos, ou filhas e netos? O que damos em troca? Em muitos casos a ingratidão e o desamor. Sim, somos bons de testemunhos nas igrejas, mais nos falta um profundo processo de “amorização”.

 A belíssima Campanha da Fraternidade acabou? Não. Também pontuamos esse traço na homília ao dizer que depois da quaresma, quando a Igreja nos convida ao arrependimento sincero, a Páscoa do Senhor é uma ruptura com a lei judaica (sábado) e vem para nos acender a fé na vida e justamente no “Dies Domini”, ou seja, no Dia do Senhor (Jo 20, 19.26). Dia que enaltece a Ressurreição do Filho de Deus, Jesus de Nazaré. Dia para se proclamar saúde para todos e todas. Celebração oportuna para relembrar que o SUS é um sistema ideal e forte, mais que é surrupiado por mãos iníquas que apostam na corrupção em vez de apostar na sensatez e na honestidade. Esses que agem assim, não deveriam se aproximar “do Corpo do Senhor” (1 Cor 11, 17ss).

Por fim, lembrar aos leitores do site e da sociedade, que apesar da malversação das verbas da saúde nesse país, o processo que causa mais degeneração e sofrimento de idosos e doentes é: o esquecimento da própria família. Nesse mesmo dia, uma agente nossa da Pastoral da Criança esteve com o carro para pegar uma senhora – não vamos citar o endereço por questões éticas – e um dos filhos a recebeu assim: “ninguém a tira daqui. Ela não precisa de missa nenhuma”. Chorando e pronta, o que é pior, para participar da Páscoa de Jesus e sua, a idosa ficou presa na sua própria casa. Esse fato aconteceu domingo, o segundo de Páscoa. Em pleno séc. XXI, a liberdade religiosa e o respeito à vida sendo violados. Pode ser por ignorância abjeta ou quem sabe por um ateísmo prático e crasso que invadiu nossa sociedade ocidental, marginalizando os valores humanos e cristãos. Para muitos e muitas, Deus não cabe em suas casas e consciências.

Concluindo, agradecemos a todos e todas que se envolveram nessa missão, sobretudo os donos de carro de nossa paróquia. E deixaremos para em um artigo próximo, a descrição do “ateísmo prático”, que continua vigente hoje na sociedade dita “cristianizada”.

Pe. José SOARES de Jesus
Paróquia São Pio X
  - Arquidiocese de Aracaju

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