Como sempre- informa o jornal L ´Osservatore Romano- em um clima cordial aconteceu o encontro com 72 jornalistas representantes da imprensa internacional no inicio da viagem. Durante o vôo até a cidade mexicana de León o papa se reuniu com os jornalistas às 11 da manhã, acompanhado pelo diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi.
As perguntas ao pontífice fizeram referência à difícil situação do México, atormentado pela violência destrutiva do narcotráfico; ao papel da Igreja no continente entre contrastes sociais e debates sobre a influência da “teologia da libertação”; à questão dos direitos humanos em Cuba e os reflexos persistentes da precariedade do equilíbrio internacional em relação à ilha caribenha; os numerosos desafios que se apresentam no horizonte da Igreja latino- americana empenhada na missão internacional iniciada na Conferência de Aparecida.
Nas pegadas de João Paulo II
O primeiro pensamento foi para o papa Wojtyla, em cujas pegadas disse querer caminhar Bento XVI. Em sinal de continuidade. Os tempos são diferentes e também as situações resultam diferentes do ponto de vista social e político, mas não muda a mensagem que Bento XVI leva consigo. E desejava tornar ao México como papa. Conhece o país por já ter visitado, mas também por muitas pessoas – recordou – que toda quarta-feira se fazem ouvir durante a Audiência Geral.
A violência no México
A atenção foi centralizada exatamente sobre a dramática questão da violência no México. Argumento que não é novidade para o papa, que falou sobre ela em diversas ocasiões com representantes diplomáticos, chefes de estado, bispos. A última ocasião foi na celebração da missa em 12 de dezembro de 2011, na basílica de São Pedro por ocasião do bicentenário da independência dos povos latino americanos. Não mudou, portanto, o sentido da condenação de qualquer forma de violência expressada esta manhã em relação ao papel destrutivo do narcotráfico. A droga, disse o pontífice, destrói o homem, destrói sobretudo os jovens. O papel da Igreja neste contexto é de desmascarar o mal onde quer que esteja. Por isso é necessário continuar anunciando Deus para torná-lo conhecido em todo o mundo. Se não o conhece, o homem constrói seus paraísos artificiais e não descobre a via de salvação.
Nova teologia da libertação?
Mais articulada foi a reflexão sobre o papel de apoio da Igreja na perpetuação desse estranho fenômeno que ainda hoje – duzentos anos depois da conquista da independência e, no entanto o inegável salto à frente de muitas economias continentais – está a aumentar o abismo entre ricos e pobres. A Igreja retirou a relevância de não ter se engajado demasiadamente neste setor. E foi evocada uma nova “teologia da libertação”, sem os excessos que a marcaram no início.
A Igreja, respondeu o papa, deve naturalmente interrogar-se sobre o que faz, para avaliar como faz e se é suficiente. Deve ser lembrado, no entanto, que não é um partido político, mas uma realidade moral que educa o indivíduo, é também verdade que a política implica de alguma maneira a moral. E, portanto a Igreja termina entrando em contato com a política. Mas sua missão continua sendo sempre a de educar as consciências. Neste campo, declarou o pontífice, se nota entre os católicos certa dicotomia, no sentido de que há uma profunda diferença entre a maneira de comportar-se individual e seu modo de expressar e viver em público. Como se a fé fosse algo para ser vivida somente na esfera privada e renegada na esfera pública.
Neste sentido, a missão da Igreja é ajudar o homem a superar este comportamento esquizofrênico. Sobretudo é necessário educar para construir uma moral pública. Certamente, sublinhou o papa, para os que crêem é mais fácil, pois se trata de expressar a força registrada na fé. Quanto à possibilidade de uma ”teologia da libertação” purificada, o pontífice sublinhou que a questão é simplesmente educar na moral.
Liberdade em Cuba
Em relação a atualidade da exortação com que João Paulo II cumprimentou os cubanos, ao fim de sua viagem em 1998 – “ Que Cuba se abra ao mundo, que o mundo se abra a Cuba” – e sobre as vozes dos opositores ao regime que se fizeram ouvir na véspera da viagem, Bento XVI, talvez, antecipou algumas coisas que dirá diretamente a os cubanos, tanto no que diz respeito à situação interna, como no que diz respeito à posição da comunidade internacional. Também neste caso o papa sublinhou sua vontade de seguir o caminho traçado pelo papa Wojtyla.
Ele, disse que, abriu o caminho, um longo caminho, e nós pretendemos seguí-lo. Certamente nos encontramos hoje diante - observou - de novas convicções, de ideologias que se adequam mais às necessidades do mundo, que exige uma colaboração para uma sociedade mais justa. Mas a Igreja, concluiu, está sempre do lado da liberdade, de toda liberdade.
Um olhar sobre a América Latina
E finalmente, um olhar sobre a América Latina e a missão continental da Igreja. Ao papa foi pedido uma leitura à luz dos próximos grandes encontros eclesiais : o Sínodo sobre a nova evangelização e a celebração do Ano da fé, em um contexto marcado por profundos desafios como o secularismo emergente e as ameaças das seitas . A nova evangelização- recordou o papa – começou com o Concílio Vaticano II. João XXIII percebeu a necessidade de levar Cristo ao mundo para muitos que não o conheciam. João Paulo II fez deste um motivo para o seu pontificado. Nós hoje – observou Bento XVI - estamos em um contexto de racionalização extrema e muitos não conhecem a Deus ou se recusam a conhecê-lo. Nossa tarefa é proclamar aquele Deus que responde às perguntas de nossa razão.
Presentes mexicanos para o Papa
O encontro com os jornalistas foi concluido com a incomum cerimônia de entrega de alguns presentes que os colegas da imprensa mexicana quiseram oferecer ao papa. Entre os mais originais, um iPod com músicas mexicanas e músicas clássicas. ”Santidade - foi dito no momento da entrega – sabendo de seu amor e conhecimento pela tecnologia, por Twitter e muito mais, pensamos em agregar isso aos seus conhecimentos.
Fonte: ZENIT
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