sábado, 24 de março de 2012

CEBs

A semente é uma árvore em síntese e promessa. Se for semente de laranja, não vai produzir mangas. Tudo que será já está presente, mesmo que ainda não se desenvolveu completamente. Um embrião é uma pessoa humana em potencial. Já leva no seu ser, tudo o que mais tarde vai ser. A passagem dos anos não muda a sua identidade fundamental: não será uma águia ou leão, mas pessoa humana (Não estamos falando do sentido metafórico). Assim, a CEB já é a Igreja, na sua menor expressão. Ela se define pelo que a Constituição Lumen Gentium diz no seu n.1: é Sacramento de Cristo, como Cristo é sacramento de Deus. E o documento de Medellín: “A CEB é a célula fundamental de estruturação eclesial” (Med 15,10).

Pelo negativo, talvez se possa entender melhor. A CEB não é um método, uma ONG, um programa, um movimento, mera comunidade de amigos/as, um grupo de oração, uma célula social de militância política. Poderá apresentar qualquer dessas características, mas não é o seu constitutivo fundamental. Não basta ser comunidade pequena para ser CEB. Tem que ser o primeiro nível da Igreja como tal e não uma área de ação eclesial como seria a catequese, a liturgia, a ação social, etc. A CEB não é uma pastoral da Igreja, nem se reduz a uma das ações pastorais.

A base bíblica das CEBs é a mesma da Igreja. Com o específico que elas retomam o modelo eclesial das primeiras comunidades do Novo Testamento (Atos 2,42 e 4,36), com um mínimo de estruturas e máximo de vida. São essencialmente missionárias e se configuram primeiro como Igreja doméstica, formando com as demais CEBs, uma rede de comunidades dentro da Igreja local. Necessitam de um mínimo de autonomia para anunciar a fé em cada realidade e para configurar a uma santa, católica e apostólica Igreja do Senhor, em diferentes situações culturais e históricas (LG 26)

Os elementos essenciais de uma CEBs são, a realidade comunitária, na linha da “koinonia”, quer dizer, no modelo da Trindade: por Jesus, no Espírito, anunciando e vivendo o Reinado de Deus; a fidelidade à Palavra (Sensus Fidelium LG 12, a “totalidade dos fieis não pode equivocar-se”); o culto, o serviço aos mais necessitados, a missão.

A participação vital das CEBs se faz pelo sacramento do batismo. Por isso mesmo é uma realidade que transforma completamente a vida de uma pessoa, em membro do Cristo Ressuscitado, Trata-se de uma realidade para sempre. Essa adesão configura cada membro, no Corpo de Cristo, com a responsabilidade de continuar em comunidade, sua missão.

O Método usado pelas CEBs é o que foi lançado pela ação católica e completado pela experiência pastoral latino americana: ver, julgar, agir, avaliar, celebrar constantemente e como comunidade.

As CEBs, como Igreja são coordenadas pelos ministros ordenados da Igreja Particular, diretamente ou por “missões canônicas” dadas a ministros extraordinários que exerçam essa tarefa de assessorar as comunidades e expressem visivelmente a comunhão católica com os apóstolos e seus sucessores. Os ministros ordenados não são capelães ou meros assessores das CEBs, mas têm a responsabilidade de presidi-las em nome de Cristo, na mesma linha que presidem uma paróquia, em comunhão com o Bispo.

Uma CEB não é somente uma Pequena Comunidade Eclesial, nem um grupo pastoral dependendo da livre escolha de cada membro da Igreja. Ao contrário, só é possível ser membro da Igreja, participando vitalmente de uma comunidade visível-missionária na qual acontece a sacramentalidade do único mediador, Jesus. Na prática, são os movimentos eclesiais como Cursillo, Renovação, Focolares que formam Pequenas comunidades Eclesiais...A CEB mais do que experiência grupal em pequeno grupo, é de uma expressão da Igreja Sacramento e não um mero carisma na Igreja.

As CEBs são diferente da estrutura paroquial, porque expressam outro modelo eclesial (mantendo essencialmente a mesma fé eclesial). São comunidades missionárias, em diáspora, participativas... Já não são um modelo de “cristiandad”, patriarcal, centralizador, clerical...

O magistério eclesial, tanto pontifício como episcopal, dedicou muitos documentos para afirmar a importância e oportunidades das CEBs.

Concílio LG 1 – Igreja Sacramento: primícia, sinal, acontecimento. LG 26, nela acontece a uma, santa católica, apostólica comunidade de Jesus.

Documentos Papais: Dei Verbum 58; Redemptoris Missio 51; Christifideles laici, 26; Cateqluesi Tradendae, 47; Familiaris Consortio, 85; Ecclesia in Asia, 132; in Africa, 89; in America, 73.

As Assembleias Gerais do Episcopado Latino Americano: Medellin 15,10, Puebla, Santo Domingo, Aparecida se manifestam positivamente sobre as mesmas. “As CEBs não são só o futuro da Igreja. Sem elas a Igreja não terá futuro em muitos lugares” (Episcopado Filipinas).

Padre José Marins

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