Pode até ser um nome. Lá está chegando o Natal com sua barba "preta”, espessa, olhar faceiro, com o riso solto entre os dentes. Ele tem também sobrenome. É Guarani. É Kaiowá. É Terena. É território fértil onde nascem e se aninham sonhos, fantasias, mitos, crenças e fé. Pode ser o José da gruta, ou pode ser a Maria na agonia de dar a luz a um menino, sem ter onde ficar.
Natal é muito mais que um presente, mesmo que venha do coração, driblando os mercados e as mercadorias. Os shoppings invadem nossas mentes, mentem e metem a mão nos nossos desavisados bolsos, para sugar nossos magros trocados. Melhor mesmo talvez seja o mercado da esquina, com seus poucos presentes, que podem ser anotados no caderno, para um acerto mais ameno, sem o tormento do endividamento da morte lenta de suas parcas economias.
Natal é vida, é luta, é sofrimento, é alegria. Natal é o que a gente é, o que a gente vive, o que a gente sonha!
Natal é mais do que um acontecimento. É um enredo, é uma novela, é um drama. É um fato que se desvela aos poucos, a poucos, nos misteriosos labirintos da existência. Natal é criança, é o choro da vida, é o grito da resistência!
Natal para inúmeras famílias Kaiowá-Guarani, é a volta da paz em suas terras reconquistadas. É ter de volta os corpos de Rolindo, de Nisio..., é alimento provisório para matar a fome permanente. Natal é esperança. Natal é certeza da vitória, para além da enganação de prazos ou promessas. É Nhanderu e Nhandesi anunciando a cregada do novo, que pode ser ao mesmo tempo terra, pão e gente. A vida nasce e renasce em cada gente Guarani.
Povo Guarani Grande Povo
Cimi 40 anos , Natal de 2011.
Egon Dionísio Heck - Assessor do Conselho Missionário Indigenista (CIMI) Mato Grosso do Sul
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