quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

No Brasil, bispo haitiano fala sobre perspectivas e situação do país após o terremoto









Com alegria e esperança, o Reverendíssimo Dom Joseph Gontrand Décoste, SJ, Bispo da Diocese de Jerémie, do Haiti, esteve hoje (15) na Paróquia da Paz, em Fortaleza, Ceará (Brasil) para agradecer as doações enviadas a seu país. O religioso quis agradecer pessoalmente o envio de alimentos, material escolar e dinheiro no momento de mais necessidade.

Dom Joseph se reuniu com jornalistas de veículos ligados à igreja Católica, com membros de paróquias de Fortaleza e da Pastoral da Comunicação (Pascom) para falar sobre a atual situação do Haiti. Com auxílio do Frei Wilson Fernandes, que atuou como tradutor, durante cerca de uma hora o religioso respondeu questões sobre a atuação da igreja após o desastre, as perspectiva com relação ao governo do presidente Michel Martelly, a situação da educação, entre outros temas.

O religioso agradeceu à paróquia da Paz e à diocese pela ajuda enviada em um momento de tanta necessidade, agradeceu também a oportunidade de poder falar sobre as várias realidades do Haiti e sobre seu povo e pediu a continuidade das ações de solidariedade, pois ainda é necessária muita ajuda nesse momento de reconstrução.

"A ajuda da paróquia foi muito significativa para o povo e a diocese. Ficamos muito surpresos que pessoas que estavam tão distantes decidiram ajudar. Isso mostra que o amor não tem limites e é o amor que faz a diferença”, reconheceu.

Questionado sobre a atuação da igreja Católica na atual conjuntura do país, Dom Joseph respondeu que os religiosos vêm trabalhando bastante. "A igreja Católica está muito presente e engajada para ver a situação do Haiti como um todo”, afirmou, agregando que a educação é uma das prioridades da igreja, assim como a assistência a crianças e adolescentes, para que eles cresçam com esperança no futuro.

"O povo haitiano chora, canta, dança. Há um trabalho por parte da igreja para fazer com que as pessoas saiam da situação de miséria e se vejam como seres capazes de mudar a realidade em que se encontram”, manifestou.

Dom Joseph também falou sobre a atuação das organizações populares no país e disse que o que se observa é que as comunidades estão se organizando não só para fazer caridade, mas para mudar as estruturas sociais do Haiti.

Com relação às expectativas de um futuro melhor, Dom Joseph assegurou que há bastante esperança com o governo do presidente Michel Martelly. "Para nós foi uma surpresa a candidatura dele, pois ele não era do meio político, mas sim um músico. Mesmo assim, o povo tem grande esperança nas mudanças e no auxílio para mudar a situação em que o país está”, finalizou.

Terremoto

No dia 12 de janeiro de 2010, um terremoto de magnitude 7.0 na escala Richter fez o Haiti tremer. Este sismo, seguido de mais dois, um com 5.9 e outro com 5.5 graus provocou intensa destruição no país, em especial na capital Porto Príncipe.

Até hoje os números não são precisos, mas estima-se que o terremoto deixou cerca de 200 mil mortos, 300 mil feridos e mais de um milhão de desabrigados. Dois anos depois, o Haiti ainda não conseguiu força e ajuda financeira suficiente para se reerguer, mas sua população luta dia após dia para reconstruir o país e deixá-lo, não como era antes, mas sim melhor.

Campanha de solidariedade

Pouco tempo depois do terremoto, o pároco da Igreja da Paz, padre Virgínio Ascencio Serpa, decidiu iniciar campanhas de solidariedade junto aos fieis a fim de arrecadar dinheiro, materiais de primeira necessidade, alimentos e material escolar para enviar ao Haiti.

De acordo com padre Virgínio, após receber notícias do que tinha acontecido no país irmão e saber que não havia comida ou mesmo água para a população, ele se lembrou do texto da multiplicação dos cinco pães e dois peixes no deserto e pensou como o discípulo André: Onde vamos encontrar comida para essas pessoas? Mas, motivado pela fé e a certeza no milagre da partilha, iniciou as campanhas na paróquia e conseguiu levar um pouco de esperanças aos irmãos e irmãs haitianas.


Fonte: Adital

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