Com a música se aprende, com ela se ensina. Nela está registrada a memória e a partir dela se faz história. E em meio estrofes e refrãos, que quero dedicar algumas linhas a quem (re)produz acordes e sons, numa cadência libertadora. Peço licença à Elis Regina para expressar, em algumas palavras, o que vem a seguir: “Não quero lhe falar, meu grande amor, das coisas que aprendi nos discos. Quero lhe contar como eu vivi e tudo o que aconteceu comigo. Viver é melhor que sonhar...”
Antes de tudo, a música é identidade. A partir dela e nela, conseguimos reconhecer e nos encontrar. Não é por acaso que em encontro de CEBs – Comunidades Eclesiais de Base – é comum ouvir músicas de Zé Martins, assim como num grupo de base ou grandes atividades da Pastoral da Juventude ouvir canções de Zé Vicente. Mas, se fores a estes espaços e não encontrar uma música pastoral¹ na mesma linha que destes dois artistas, estranhe.
A música na história da salvação tem um papel fundamental. Além de ser louvor e/ou de súplica, ela também tem um caráter pedagógico. Não é a toa que de geração em geração, a caminhada de libertação se fortaleceu na medida em que as pessoas iam percebendo que a presença de profetas/profetizas, era a presença de Deus caminhando com seu povo. Com isto, saia-se do abstrato, desmistificando a idéia ilusionista sobre o Divino. No antigo e novo testamento, homens e mulheres vivem uma liturgia que une fé e vida, louvor-ação: louvação!
E por falar em liturgia, como estamos cantando nossas missas, nossos ofícios, nossas romarias? Como a vida de nossas comunidades está sendo celebrada em todos os elementos, inclusive a música que tem importante função no rito? Silencio e reflito... Me vem então uma nostalgia do salmodiar de Amanda Borges, jovem do Jurunas (Belém/PA), das cordas em movimentos pelos dedos de Arleth Gonçalves, Murilo Araújo, Andriele Costa, Emanuel Cardoso... das vozes em harmonia de Sidnei Rodrigues, Carol e dos(as) demais PJoteiros(as) reunidos(as) para viver/celebrar...
Todavia, numa era neoliberal, até mesmo (ou principalmente) nos cenários eclesiais se faz necessário a pergunta “que Deus é meu Deus?” para que possamos entender que música reflete a minha/nossa fé. Ainda que se busque a valorização da individualidade de cada pessoa, não se pode perder de vista a dimensão comunitária. E neste remar na contramão das “modas cristãs”, enfrenta-se até mesmo músicas que tendem reforçar o individualismo frente aos grandes problemas sociais, resumindo a dimensão mística-teologal em psicoafetiva.
-------------------------------------------------------
¹ Numa breve definição, música pastoral é toda aquela canção que tem na sua essência o profetismo e a missão, além da valorização da cultura popular e da pessoa na sua integralidade. Elementos fundamentais para um trabalho pastoral.
² Trecho da música “Cantor Religioso” de Pe. Zezinho.
Fonte: Blog do Eduardo da Amazônia
² Trecho da música “Cantor Religioso” de Pe. Zezinho.
Fonte: Blog do Eduardo da Amazônia
Nenhum comentário:
Postar um comentário