A Teologia da Libertação (TdL) surgiu no final dos anos 60, na América Latina, um continente marcado por ditaduras militares, dependência econômica (dívida externa), exploração e pobreza extrema. Logo se propagou também pela África, Ásia e até alguns ambientes do primeiro mundo.
Ancorada nas reflexões do Concílio Vaticano II, (1962-1965), no qual a Igreja estabeleceu um diálogo com o mundo moderno, o pensamento teológico-pastoral teve grande impulso da Conferência Latina-Americana de Medellin, no ano de 1968. Nela, os bispos analisaram a violência institucionalizada e as estruturas injustas que pesavam sobre os povos.
Delinearam a opção pelos pobres, o que ficou mais explícito na Conferência Episcopal de Puebla (1972).
No Brasil, em particular, a atuação católica, desde os anos de 1950, com seu método Ver-julgar-agir, ajudou a criar uma nova forma de ver a realidade a partir da fé.
A Teologia da Libertação tem como base: se somos todos filhos e filhas do mesmo Deus, pai bondoso, por que há tanta miséria gerando essa estúpida desigualdade social. A TdL faz uma leitura contextualizada e atualizada da bíblia; valoriza a diversidade cultural e religiosa; preocupa-se com os problemas sociais, econômicos, políticos e ambientais; prega a vida digna para todos como exigência principal do Reino de Deus. Com tais características, a TdL gerou muitas práticas inovadoras e um novo jeito de ser Igreja: as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). Estas se expandiram rapidamente no meio rural e urbano, sobretudo nas periferias das grandes cidades. Inspiradas nas primeiras comunidades cristãs, provocaram novas reflexões teológicas e novas discussões sobre o papel da Igreja na sociedade. Constituiram-se em espaços privilegiados para viver a fé, combater o individualismo e exercer a solidariedade.
As CEBs e a TdL desencadearam um movimento profundamente articulado entre teoria e prática desde uma perspectiva libertadora. Suscitaram um duplo olhar para Deus como fonte de toda libertação possível e para os excluídos como sujeitos dessa libertação.
Uma das principais novidades trazidas pelaTdL é de não considerar o pobre como simples objeto de caridade, mas como possuidor de direitos e protagonista de sua emancipação. Aponta o sistema capitalista como grande responsável pela manutenção das injustiças e das desigualdades sociais.
Diante do atual sistema neoliberal que transforma tudo em mercadoria as Comunidades de Base ( CEBs), a Teologia da Libertação não são apenas necessárias. São indispensáveis para garantir uma espiritualidade libertadora e fortalecer o processo de um outro modo de vida e de convivência entre os povos e as pessoas.
Enquanto houver pobres e excluídos, enquanto persistirem as ações agressivas contra a mãe-terra e enquanto se mantiverem situações de injustiças sociais, haverá mil razões para que a Teologia da Libertação continue existindo.
Jornal Mundo Jovem, texto de Dirceu Benincá
Adaptação: Joana Silva
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