“Eu vim para evangelizar os índios, mas terminei sendo evangelizado por eles”, disse certa vez Samuel Ruiz García, a quem as comunidades chamavam de “bispo dos pobres e dos povos originários”.
Ele morreu segunda-feira (24.1.2011) e muitos choram a ausência de quem dava voz aos sem voz. Foi sepultado na catedral de San Cristóbal, quarta-feira (26).
Imerso nos debates teológicos do Concílio Vaticano II e das subsequentes Conferências Gerais do Episcopado Latino-Americano e do Caribe de Medellin, Puebla e Santo Domingo, Samuel Ruiz foi participante e protagonista da Teologia da Libertação e da opção preferencial pelos pobres desde 1975, em uma época dominada por golpes de Estado e por ditaduras militares na América Latina.
Nunca era marxista, como o rotulavam seus detratores. Católico tradicional e ortodoxo, Samuel Ruiz chegou a Chiapas em 1959 como bispo da diocese de San Cristóbal.
A realidade o converteu. Algumas regiões de Chiapas viviam com estruturas sociais tão atrasadas que se assemelhavam ao período medieval.
Samuel Ruiz se converteu em profeta de justiça, advogado dos índios; promoveu a tomada de consciência dos atores sociais e pastorais. Sofreu incompreensão da parte da Cúria Romana e calúnias do Estado.
Seu projeto de promover lideranças indígenas através do diaconato foi bruscamente interrompido. Em 1993, publicou sua Carta Pastoral: “Nesta hora da graça”, na qual advertiu para a gravidade das injustiças contra os povos indígenas.
Nos últimos anos, Samuel Ruiz vivia em Querétaro, 200 quilômetros ao norte da capital do país. Encontrei D. Samuel em várias ocasiões, numa visita a Chiapas, no aeroporto de Lima, em algumas reuniões de pastoral indígena, e, por última vez, num encontro com ex-alunos no México.
Sempre nos falava de sua conversão pelos índios. Seu lema episcopal foi: “Edificar e Plantar”.
Aludindo a seu lema, assim terminou sua homilia um ano atrás, no dia 25 de janeiro de 2010, por ocasião de suas bodas de ouro episcopal, na praça da catedral de Chiapas: “Damos infinitas graças ao Senhor, Trino e Uno, por nos ter feitos seus filhos e por nos ter chamado como pastor de sua Igreja, para edificar e plantar seu Reino de justiça, de amor e de paz”.
Paulo Suess
Ele morreu segunda-feira (24.1.2011) e muitos choram a ausência de quem dava voz aos sem voz. Foi sepultado na catedral de San Cristóbal, quarta-feira (26).
Imerso nos debates teológicos do Concílio Vaticano II e das subsequentes Conferências Gerais do Episcopado Latino-Americano e do Caribe de Medellin, Puebla e Santo Domingo, Samuel Ruiz foi participante e protagonista da Teologia da Libertação e da opção preferencial pelos pobres desde 1975, em uma época dominada por golpes de Estado e por ditaduras militares na América Latina.
Nunca era marxista, como o rotulavam seus detratores. Católico tradicional e ortodoxo, Samuel Ruiz chegou a Chiapas em 1959 como bispo da diocese de San Cristóbal.
A realidade o converteu. Algumas regiões de Chiapas viviam com estruturas sociais tão atrasadas que se assemelhavam ao período medieval.
Samuel Ruiz se converteu em profeta de justiça, advogado dos índios; promoveu a tomada de consciência dos atores sociais e pastorais. Sofreu incompreensão da parte da Cúria Romana e calúnias do Estado.
Seu projeto de promover lideranças indígenas através do diaconato foi bruscamente interrompido. Em 1993, publicou sua Carta Pastoral: “Nesta hora da graça”, na qual advertiu para a gravidade das injustiças contra os povos indígenas.
Nos últimos anos, Samuel Ruiz vivia em Querétaro, 200 quilômetros ao norte da capital do país. Encontrei D. Samuel em várias ocasiões, numa visita a Chiapas, no aeroporto de Lima, em algumas reuniões de pastoral indígena, e, por última vez, num encontro com ex-alunos no México.
Sempre nos falava de sua conversão pelos índios. Seu lema episcopal foi: “Edificar e Plantar”.
Aludindo a seu lema, assim terminou sua homilia um ano atrás, no dia 25 de janeiro de 2010, por ocasião de suas bodas de ouro episcopal, na praça da catedral de Chiapas: “Damos infinitas graças ao Senhor, Trino e Uno, por nos ter feitos seus filhos e por nos ter chamado como pastor de sua Igreja, para edificar e plantar seu Reino de justiça, de amor e de paz”.
Paulo Suess
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