"Nem uma mais morta". Esse era o desejo de Susana Chávez, poetisa e ativista social. Defensora dos direitos humanos no México, Susana foi, neste mês, vítima justamente do crime que lutava para pôr um ponto final: o feminicídio. Os recentes assassinatos da poetisa e de mais outras duas mulheres no México reforçaram a necessidade de acabar com a violência de gênero na América Latina e no Caribe.
Motivadas pelos assassinatos de Susana Chávez, de Marisela Escobedo, e de Rubi (filha de Marisela), feministas da região aumentaram ações pelo fim do feminicídio. Um comunicado da Rede de Saúde das Mulheres Latino-Americanas e do Caribe (RSMLAC) convida as organizações sociais a realizarem uma "ação permanente" pelo fim da violência machista.
Todos os dias, mulheres e meninas de várias partes do mundo são vítimas do sistema patriarcal. São assassinatos, agressões físicas e psicológicas, abusos sexuais, tráficos e humilhações somente pelo fato de serem mulheres. Os números não deixam dúvidas da gravidade do problema: de acordo com o Observatório Cidadão Nacional do Feminicídio, de janeiro de 2009 a junho de 2010, 1.728 meninas e mulheres foram assassinadas em 18 estados do México.A realidade mexicana não é exceção na América Latina e no Caribe. Panamá, Guatemala, Argentina, El Salvador, Paraguai, Colômbia, República Dominicana e Bolívia são outros exemplos de países em que as cifras de feminicídios são preocupantes.
Para RSMLAC, vários são os fatores e os responsáveis pela continuidade do feminicídio na região: "Estados que omitem e descumprem seu dever de garantir a vida e os direitos humanos das mulheres consagrados; sistemas de justiça inoperantes e corruptos que falham reiteradamente em identificar, perseguir e castigar os culpados; além de uma sociedade inteira que tem permitido o uso e abuso do corpo da mulher, coisificando-a como mero objeto. Uma sociedade que, sobretudo, tem normalizado e naturalizado a existência da violência sexista como se fosse uma circunstância própria do fato de ser mulher".
Por conta disso, a Rede demanda, entre outros pontos: proteção e reparação a vítimas e seus familiares, sanções para os culpados, e desnaturalização da violência contra a mulher. No comunicado, a RSMLAC convoca ainda a sociedade a enviar cartas aos presidentes/as dos países latino-americanos e caribenhos exigindo o compromisso em proteger a vida e os direitos de mulheres e meninas.
Ato
No último dia 10, Susana Chávez, poetisa e defensora dos direitos das mulheres foi assassinada no México. No mês anterior, a comunidade mexicana já havia perdido outra ativista: Marisela Escobedo e sua filha, Rubi. Os recentes assassinatos motivaram as feministas a realizarem um ato, no dia 17, pelo fim do feminicídio na região.
A ação, promovida por movimentos feministas da América Latina e do Caribe, reuniu ativistas e lutadores/as sociais em frente às embaixadas mexicanas de diversos países da região. Na Nicarágua, por exemplo, as manifestantes entregaram uma carta ao representante mexicano no país centro-americano com as principais demandas dos movimentos de mulheres.
Fonte: Adital
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