sábado, 15 de janeiro de 2011

Agrotóxicos podem ter matado peixes no Sinos

Novo Hamburgo - Um mês e meio depois que, novamente, apareceram toneladas de peixes mortos no Rio dos Sinos, a Prefeitura de Novo Hamburgo recebeu ontem o laudo que confirmou a presença de substâncias químicas de origem agrícola nas amostras de água. Os testes foram encomendados pela Secretaria de Meio Ambiente do Município (Semam) a um laboratório especializado em Porto Alegre. Metais como magnésio, ferro e potássio, além de quatro tipos de pesticidas foram constatados: aletrina, simazina, clomazona e spirodiclofen, em altos níveis de concentração. De acordo com o biólogo da Prefeitura, Carlos Normann, esses elementos contêm manganês e são utilizados no controle de pragas em lavouras como, por exemplo, de arroz.

DEFESA

Conforme o titular da Semam, Ubiratan Hack, foram investidos R$ 5 mil na análise. "O investimento foi necessário para comprovar que o problema não foi o esgoto, nem as indústrias. Ocorreu foi algo muito sério, que não pode ser simplificado dessa forma", defendeu.

SAIBA MAIS

Para o biólogo da Prefeitura Carlos Normann, o que ocorreu no Rio dos Sinos é problema ambiental, mas também de saúde pública e segurança alimentar
Segundo ele, uma das substâncias encontradas, o manganês, se acumula na gordura do peixe que, se consumido pelo homem, pode se depositar nas camadas de gordura do corpo humano, inclusive no cérebro, causando problemas neurológicos, ao longo do tempo

Já outro elemento, o pesticida Spirodiclofen pode causar câncer e, inclusive, provocar infertilidade em homens e mulheres

Com a análise biológica, laboratorial e a pesquisa e interpretação de dados, a equipe técnica da Semam vai finalizar o laudo sobre a morte de peixes no Sinos
Na próxima semana, o documento será enviado a órgãos como o Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga), Fepam, Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (Dema), Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) e Ministério Público

Sem captação

Quando se descobriu o manganês na água, em dezembro, o secretário de Meio Ambiente, Ubiratan Hack pediu que a Comusa – Serviço de Água e Esgoto de Novo Hamburgo interrompesse a captação para evitar a ingestão pelos moradores.
Fepam e MP seguem com as investigações

O biólogo da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), Jackson Müller, afirma que ainda não tem conhecimento do último laudo que foi encomendado pela Prefeitura de Novo Hamburgo e, portanto, não pode se posicionar. Ele ainda lembra que a investigação do Ministério Público deve ser finalizada até o fim do mês.

Já o promotor de Gravataí que está responsável pelo caso, Daniel Martini, afirma que os resultados obtidos até agora apontam que os peixes morreram por falta de oxigênio. "Não encontramos presença de agrotóxicos. Foram encontrados danos hepáticos nos peixes decorrentes da presença de cromo e cobre".Martini afirma que a investigação ainda não foi concluída por que indústrias estão sendo ouvidas.

O pesquisador do Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga), Valmir Gaedke Menezes, disse que, enquanto o órgão não receber os laudos, não poderá se manifestar sobre o assunto.

ENTENDA O CASO

No dia 1º de dezembro de 2010, por volta das 6 horas, apareceram 3,5 toneladas de peixes mortos no Rio dos Sinos, no trecho entre Campo Bom, Novo Hamburgo e São Leopoldo

O efluente formava uma mancha que percorria o Rio no sentido oeste, na mesma direção em que os peixes eram encontrados mortos

Empresas de Sapiranga e Novo Hamburgo começaram a ser fiscalizadas pelo Ministério Público, que apontou transbordamento de chorume em um aterro sanitário de Sapiranga

O Ministério Público chegou a informar que poderia responsabilizar as prefeituras pela morte dos peixes, devido à falta de tratamento de esgoto doméstico

Na época, a Semam fez análise dos peixes encontrados mortos e constatou a presença de manganês, produto tóxico utilizado em plantações, e que teria contribuído com o desastre ambiental

Barragem do Salto abastece região

Patrícia Reinhardt

S. F. de Paula - Apesar da chuva desta semana, a Barragem do Salto, no limite de São Francisco de Paula e Canela, ainda não atingiu o seu índice normal que é dez metros de altura. Mesmo com essa situação não há risco de desabastecimento.
O Vale do Sinos também se beneficia dessa fonte. Conforme explica o chefe da Divisão dos Sistema Salto da CEEE, Marcelo Matte da Silva, são liberados 10 mil litros de água por segundo desde a barragem do Salto até o Rio Paranhana, seguindo até o Rio dos Sinos, em Taquara. Em épocas de estiagem ou de acidentes ambientais no Sinos, o volume de água liberado é maior. "Isso aconteceu quando houve a mortandade de peixes em Novo Hamburgo. Então houve a solicitação para aumentarmos a vasão de água para que o rio dos Sinos pudesse melhorar a sua qualidade", comenta o engenheiro.

Há 59 anos ocorre a destinação da água da barragem do Salto aos Vales do Paranhana e Sinos. A barragem, que tem capacidade para acumular 10 milhões e 300 mil metros cúbicos de água, é localizada no Rio Santa Cruz, com 600 metros de comprimento e 10 metros de altura máxima.

Bruna Quadros Laura Píffero

Fonte: Diario de Canoas

http://cebsmaria.blogspot.com/2011/01/o-dos-sinos-novo-ano-mesmos-problemas.html

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