terça-feira, 14 de dezembro de 2010
Leonardo Boff - 14/12 Aniversário
14 de Dezembro de 1938 • Nasce Leonardo Boff
Leonardo Boff nasceu em Concórdia, Santa Catarina, no sul do Brasil, a 14 de Dezembro de 1938, descendente de italianos. Leonardo e seu irmão Clodovis são dois entre os onze filhos de uma família unida, cujo pai era professor de escola primária e a mãe, uma mulher dinâmica, apesar de iletrada. No decurso do sacerdócio franciscano, Boff estudou Filosofia e Teologia, primeiramente em Curitiba, Paraná, e, mais tarde, em um importante seminário franciscano, em Petrópolis, Rio de Janeiro. Ali teve como professores Constantino Koser - que posteriormente se tornou o Superior Geral da Ordem Franciscana - e Boaventura Kloppenburg, para quem trabalhou como secretário particular. Nos anos anteriores à Teologia da Libertação, final da década de 50 e início de 60, a cristologia de Boff era inquestionavelmente moderada, se não tradicional, seguindo a linha teológica de sua formação.
Com os fundos recebidos por uma bolsa de estudos, pôde especializar-se nos estudos teológicos na Universidade de Ludwig-Maximilian, em Munique. O seu maior desejo era estudar diretamente com Karl Rahner, mas, por alguma razão, isto não foi possível - embora Rahner, juntamente com L. Scheffczyk e H. Fries tivessem supervisionado os seus estudos. Enquanto esteve na Europa, Boff também fez alguns cursos em Louvain, Würzburg e Oxford. A sua tese sobre a natureza sacramental da Igreja Católica Romana no mundo moderno foi, entusiasticamente, apreciada em Munique, despertando a admiração de Joseph Ratzinger (actual Papa Bento XVI).
Após concluir o doutorado em 1970, regressou ao Brasil, para leccionar Teologia Sistemática no Instituto de Filosofia e Teologia, em Petrópolis, onde havia estudado. Homem de diligência e capacidade intelectual impressionantes, nos anos seguintes, paralelamente ao seu ministério de ensino, Leonardo Boff foi redactor de duas publicações influentes, a Revista Eclesiástica Brasileira e a Concilium. Além disso, durante anos coordenou o sector de publicações teológicas da Editora Vozes, participando de várias comissões teológicas da Igreja Católica Romana no Brasil e América Latina.
Nos útimos anos, com os atritos entre a Teologia da Libertação e a hierarquia católica romana, Boff tornou-se uma peça-chave, à medida que se empenhou na expansão da liberdade e autonomia da igreja latino-americana. Em posição inversa à do passado, o Bispo Kloppenburg e o Cardeal Ratzinger (actual Papa Bento XVI) são hoje os seus maiores oponentes declarados. Pelo menos por três vezes, Boff já foi convocado para um interrogatório pela Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé. Em 1979, a acusação levantada foi sobre uma cristologia heterodoxa, e o seu artigo "Aclarações", publicado em diversos jornais da época, foi suficiente para a aprovação de uma medida disciplinar. Novamente em 1984, a Santa Sé estava insatisfeita com Boff, desta vez devido à sua posição crítica contra a hierarquia e a estrutura católicas, defendida no livro “Igreja, Carisma e Poder”, publicado pela Ed. Vozes. A Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé condenou-o a um ano de silêncio (1985-1986), o que provocou a revolta de muitos latinos. No entanto, dez meses depois, a pena foi suspensa pelo papa. Em Junho de 1987, Boff foi mais uma vez convocado por Roma para um interrogatório, sob as mesmas acusações - eclesiologia e cristologia deturpadas, conforme exposto nas obras “E a Igreja se Fez Povo” e “A Trindade, a Sociedade e a Libertação”, respectivamente - cujas consequências ainda não foram determinadas.
Apesar dos seus livros atingirem a venda elevada de quase meio milhão de exemplares, Boff continua vivendo modestamente, fiel ao seu voto franciscano de pobreza. A maior parte de seu tempo é empregada em seu escritório particular, cedido pela Vozes. Embora dificilmente se ausente do escritório por muitos dias consecutivos, suas raras saídas são geralmente para dar aulas no seminário ao lado ou para estimular a Comunidade Eclesial de Base, na Favela do Lixo. A nível internacional, contudo, Boff viaja muito, e, a pedidos incessantes, tem estado nas Américas Latina e do Norte e na Europa, mais recentemente, em Moscovo (através de um convite). A sua defesa ardente em prol do comunismo russo, diante das decepções do Ocidente, tem se tornado uma questão substancialmente polémica.
Em 1992, ante nova ameaça de punição, desligou-se da Ordem Franciscana e pediu dispensa do sacerdócio. Sem que esta dispensa lhe fosse concedida, uniu-se, então, à educadora popular e militante dos direitos humanos Márcia Monteiro da Silva Miranda, divorciada e mãe de seis filhos. Boff afirma que nunca deixou a Igreja: "Continuei e continuo dentro da Igreja e fazendo teologia como antes", mas deixou de exercer a função de padre dentro da Igreja.
A sua reflexão teológica abrange os campos da Ética, Ecologia e da Espiritualidade, além de assessorar as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e movimentos sociais como o MST. Trabalha também no campo do ecumenismo.
Em 1993 foi aprovado em concurso público como professor de Ética, Filosofia da Religião e Ecologia na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, onde é actualmente professor emérito.
Foi professor de Teologia e Espiritualidade em vários institutos do Brasil e exterior. Como professor visitante, leccionou nas seguintes instituições: de Universidade de Lisboa (Portugal), Universidade de Salamanca (Espanha), Universidade Harvard (EUA), Universidade de Basileia (Suíça) e Universidade de Heidelberg (Alemanha). É doutor honoris causa em Política pela universidade de Turim, na Itália, em Teologia pela universidade de Lund na Suécia e nas Faculdades EST – Escola Superior de Teologia em São Leopoldo (Rio Grande do Sul). Boff fala fluentemente alemão.
A sua produção literária e teológica é superior a 60 livros, entre eles o best-seller “A Águia e a Galinha”. A maioria de suas obras foram publicadas no exterior.
Actualmente, viaja pelo Brasil dando palestras sobre os temas abordados em seus livros e também em encontros da Agenda 21. Vive em Petrópolis (RJ) com a educadora popular Márcia Miranda.
Pensador fértil e criativo, esse sacerdote franciscano tem revelado uma produtividade e uma clarividência notáveis, tendo já publicados mais de sessenta livros, desde 1970, e uma grande soma de artigos avulsos.
Bibliografia.
Leonardo Boff, Como Fazer Teologia da Libertação;
O Destino do Homem e o Mundo - O Evangelho do Cristo Cósmico;
A Graça Libertadora no Mundo; Igreja, Carisma e Poder;
E a Igreja se Fez Povo - Eclesiogénesis: A Igreja que Nasce do Povo;
Jesus Cristo, Libertador;
Paixão de Cristo, Paixão do Mundo- Os Sacramentos da Vida e a Vida dos Sacramentos;
Vida para além da Morte;
Sander, Jesus, O Libertador - A Cristologia da Libertação de Leonardo Boff.
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