NOTA da CPT de Minas Gerais à IMPRENSA e à SOCIEDADE
DESPEJO DE 04 ACAMPAMENTOS DE SEM TERRA DO MST NO SUL DE MG
O povo Sem Terra está em estado de choque.
Muitas crianças entregaram flores para os policiais e mostraram cartazes pedindo paz e apenas um pedacinho de terra.
A polícia destruiu muitas plantações com patrola, trator, incendiando lavouras. Mataram cães das famílias Sem Terra com tiros.
Segundo uma Nota da PM a tropa compreendia 210 policiais militares fortemente armados com revólveres, metralhadoras, helicóptero, cachorros, cavalaria, três UTIs móveis, carro do corpo de bombeiro, atirador de elite dezenas de policiais de operações especiais da Tropa de Choque
Dia 18 de maio de 2009, a Polícia Militar de Minas Gerais, após vários dias de pressão e ameaças aos Sem Terra, despejou 98 famílias de Sem Terra do MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – de quatro Acampamentos, no município de Campo do Meio, no Sul de Minas. Foram despejados os Sem Terra dos Acampamentos Sidney dias, Irmã Dorothy, Tiradentes e Rosa Luxemburgo.
Parte das famílias se refugiaram em outros acampamentos do MST no latifúndio da ex-Usina Ariadnópolis. A maioria foi acolhida no Assentamento 1º do Sul, na ex-fazenda Jatobá, um exemplo de reforma agrária. Após ser desapropriada, a ex-fazenda Jatobá, hoje, Assentamento 1º do Sul, recebeu 40 famílias de Sem Terra que, hoje, além do direito de acesso à terra e à dignidade, produzem 1600 sacas de café por ano, 1200 litros de leite por dia, dão proteção às matas e nascentes de água e geram mais 180 empregos diretos.
Segundo uma Nota da PM a tropa compreendia 210 policiais militares fortemente armados com revólveres, metralhadoras, helicóptero, cachorros, cavalaria, três UTIs móveis, carro do corpo de bombeiro, atirador de elite dezenas de policiais de operações especiais da Tropa de Choque. A cidade de Campo do Meio está sitiada pela polícia. Nunca se viu tamanho aparato policial na região aterrorizando o povo. Ninguém circula sem ser vistoriado. As lideranças do MST estão sendo perseguidas. Os policiais chegaram de forma truculenta. José Inocêncio, um Sem Terra, foi preso, porque insistiu em recolher um saco de mandioca para levar antes que o trator da polícia destruísse o mandiocal.
A polícia destruiu muitas plantações com patrola, trator, incendiando lavouras. Mataram cães das famílias Sem Terra com tiros.
O vereador de Campo do Meio, Camilo Lelis Fernandes, tentou entrar em um dos acampamentos para acompanhar de perto o despejo, mas foi impedido pela polícia.
Muitas crianças entregaram flores para os policiais e mostraram cartazes pedindo paz e apenas um pedacinho de terra. As crianças acabaram chorando muito juntamente com suas mães e avós, quando foram enxotadas de seus barracos e ao se verem cercadas por tamanho aparato bélico. Muitos Sem Terra se perguntavam: “Por vocês policiais não estão correndo atrás dos grandes bandidos que infernizam a vida do povo brasileiro? Deixem-nos em paz. Queremos viver em paz, plantar sementes e criar com dignidade nossos filhos.”
O povo Sem Terra está em estado de choque.
Confira, em anexo, fotos que falam por si.
Nós da Comissão Pastoral da Terá hipotecamos nossa irrestrita solidariedade aos Sem Terra do MST e, com indignação, repudiamos mais esta covarde ação contra a dignidade de centenas de camponeses empobrecidos. Lamentamos com veemência a truculência da Polícia e condenamos o Presidente Lula como o grande irresponsável pela não realização da Reforma agrária no nosso País. Lula dá bilhões para o agronegócio, enquanto asfixia cada vez mais a migalha de reforma agrária que acontecia na era FHC.
Os Sem Terra, para evitar mais um massacre, recuaram, mas jamais desistirão da luta, pois sabem muito bem que sem Reforma Agrária não haverá justiça social e nem sustentabilidade ecológica.
Laudo da EMATER atesta que só na área do Acampamento Tiradentes, entre tantas outras plantações, os Sem Terra estavam na iminência de colher cerca de 1800 sacos de feijão. O que justifica perder uma safra desse porte em tempos de crise alimentar?
Dezenas de acampados do MST estavam debaixo da lona preta há 11 anos nos acampamentos do grande latifúndio da ex-Usina Ariadnópolis, que não cumpre função social. Pela 6ª vez foram despejados, mas não desistirão da luta, enquanto não ver raiar no horizonte a verdadeira reforma agrária. Acusam os três poderes – Executivo (presidente Lula), Legislativo e Judiciário - por não realizar Reforma Agrária e por colocar as famílias Sem Terra na iminência de mais um massacre em Minas Gerais.
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