A capital mineira sediou na noite desta sexta-feira (5) um ato de adesão da Coalizão Democrática pela Reforma Política. A atividade reuniu dezenas de representantes de partidos políticos e de movimentos sociais e sindicais de Minas Gerais. O objetivo dessa e de outras atividades que estão sendo realizadas em todo o Brasil é divulgar e ampliar a participação popular através da coleta de assinaturas.
Por Mariana Viel, da redação do Vermelho-Minas
Mariana Viel
A mesa de debates foi composta pela presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Virgínia Barros, pelo representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e membro do Comitê Central do PCdoB, Aldo Arantes, pelo representante da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e reitor da PUC-Minas, Dom Joaquim Mol e pela representante da Coalizão em Minas Gerais, Maria Amélia Souza Mendes.
O Projeto de Iniciativa Popular da Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas apresenta uma proposta de representação política com maior identificação com a sociedade brasileira. Os quatro pontos principais do projeto preveem a proibição do financiamento de campanha por empresas; eleições proporcionais em dois turnos; paridade de gênero na lista pré-ordenada e o fortalecimento de mecanismos da democracia direta com a participação da sociedade em decisões nacionais importantes.
A presidenta da UNE defendeu a necessidade de uma reforma política que aprofunde e fortaleça a democracia brasileira. Virgínia afirmou que a Reforma Política é a “mãe” das reformas democráticas. A pesquisa Agenda Juventude Brasil 2013 aponta que para 67% dos jovens brasileiros entre 15 a 29 anos a corrupção está entre os principais problemas do país. “Queremos um estado cada vez mais próximo dos anseios da população e que permita que nossos representantes estejam mais conectados com a população”.
A presidenta da maior entidade estudantil brasileira enfatizou o crescimento da bancada empresarial no Congresso Nacional nas eleições deste ano. Ainda segundo ela, o resultado das eleições indica a redução da bancada sindical e pouca representatividade das mulheres, dos negros, dos índios e dos trabalhadores. E enfatizou a redução da influência do poder econômico e empresarial nas campanhas. “As empreiteiras têm uma participação orgânica na vida política de nosso país. As empresas não fazem doação para campanhas, fazem investimentos com o objetivo que depois de eleitos os políticos representem os seus interesses no Congresso”.
Aldo Arantes ressaltou que o Brasil vive dias delicados. Apesar da reeleição da presidenta Dilma Rousseff, setores mais conservadores da política nacional estão pregando o retrocesso através das mazelas da nossa própria democracia. “O que necessitamos é de mais democracia. Precisamos enfrentar a maior causa da corrupção eleitoral que é a influencia do poder econômico no processo eleitoral”.
Ele defendeu a realização de eleições proporcionais em dois turnos. O primeiro irá decidir o número de cadeiras que cada partido terá no Legislativo. Os eleitores votarão nas ideias, nos temas e nas propostas defendidas pelos partidos. Já no segundo turno deverão ser escolhidos – entre uma lista previamente divulgada e discutida nas prévias dos partidos – os nomes que irão representar a sigla. Para cada vaga conquistada pelo partido serão lançados dois candidatos. Dessa maneira, um partido que tenha conquistado cinco cadeiras no parlamento poderá lançar dez candidatos ao segundo turno.O representante da OAB conclamou os integrantes da atividade para mobilizar a participação popular em manifestações públicas e auxiliar na coleta de assinaturas para o projeto. “Temos que explicar para as pessoas que essa proposta não é de um partido, mas de todo o povo brasileiro. Precisamos sair às ruas e fazer como fizemos nas Diretas Já. Espero que o povo mineiro, pela sua história de luta, dê a sua contribuição”.
Dom Joaquim Mol – representante da CNBB e reitor da PUC-Minas – afirmou que aquilo que está em jogo quando se fala em Reforma Política é o ser humano. “Quando nos envolvemos na reforma política queremos promover um processo de humanização geral. A humanização da política respinga na humanização de toda a sociedade”.
Segundo ele, o Projeto de Iniciativa Popular é resultado de um amplo processo de discussão entre entidades e movimentos sociais que querem uma mudança profunda do campo político. Mais de 100 entidades em todo o país aderiram ao projeto. “A CNBB assumiu sua participação nesse processo e milhares de comunidades eclesiais em todo o país estão envolvidas. Mas não podemos ficar apenas na discussão. Precisamos ganhar as ruas, os movimentos sociais, as associações e as comunidades. Fazer a reforma politica é melhorar a condição humana do povo brasileiro”.
Já a coordenadora da Coalizão Democrática em Minas sugeriu que cada entidades e seus representantes estabeleçam metas coletivas e individuais para coleta de assinatura. “Nosso estado foi o campeão na coleta de assinaturas para o projeto da Ficha Limpa. Devemos agora mais uma vez nos unir para assegurar o 1,5 milhão de assinaturas que precisamos para apresentar o nosso Projeto de Iniciativa Popular pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas”.



