CARTA DAS CEBS AO POVO DE DEUS
III OESTÃO, DOURADOS (MS)
“CEBs: JUSTIÇA E PROFECIA A SERVIÇO DA VIDA”
“Não são os grandes planos que
dão certos, mas os pequenos detalhes” (Pe. Cícero)
Nós, Comunidades Eclesiais de
Base (CEBs), num total de 347 ( trezentos e quarenta e sete) pessoas, entre
elas leigas, leigos, religiosas, religiosos e alguns padres, pessoas vindas dos
estados: Tocantins, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, estivemos
reunidas/os no III Oestão em Dourados-MS nos dias 15 a 18 de novembro de 2012.
O encontro foi enriquecido com
a presença de índias/os, afro-descendentes, trabalhadoras e trabalhadores do
campo e da cidade, juventude e crianças. Partilhamos nossas lutas, sonhos e
esperanças.
No primeiro dia tivemos a
presença do bispo de Dourados, Dom Redovino, que confirmou e valorizou nossa
vocação de Igreja viva presente na sociedade. Assim, ele reafirmou o nosso
compromisso de comunidades cristãs a serviço das pessoas excluídas da sociedade,
algo que já celebramos na mística de
abertura, cheia de unção e alegria. Em seguida, Pe. Adriano fez uma breve
memória histórica dos encontros chamados o “Oestão” que ajudaram reviver momentos
fortes de recordações em preparação aos Intereclesiais das CEBs.
No segundo dia, na metodologia das
CEBs, aprofundamos o VER da nossa realidade. Depois de uma rica celebração
orante, agradecendo os 25 anos de CEBs
no Mato Grosso, Pe. Benedito Ferraro, nosso assessor, resgatou a identidade das
CEBs na nossa história e nos Intereclesiais. Seguidamente Flávio Vicente
Machado do CIMI (Conselho Indigenista Missionário) abordou os vários tipos de realidades
e violações dos direitos indígenas. Vivenciar estes fatos foi um dos pontos
altos do encontro, que nos ofereceu um maior conhecimento da questão indígena
no Brasil e principalmente no Mato Grosso do Sul. A presença dos índios Kaiowá Guarani e
Terenas com seus depoimentos confirmou em
nós uma atitude de indignação contra o capitalismo que fortalece o agronegócio
e a injustiça, ceifando muitas vidas.
À tarde tivemos um rico painel
que nos convidou a uma reflexão sobre a ligação fé e vida nos temas indígenas,
quilombolas, economia solidaria, ecologia, terra, política, juventude e mulher.
Na continuação aprofundamos em
20 grupos e cinco mini-plenárias os assuntos: JUSTIÇA, PROFECIA, SERVIÇO, VIDA
E ROMARIA. Concluímos com uma grande plenária e uma síntese de nosso assessor
que nos indicou a leitura do Documento de Aparecida nos números 365 a 367 para
refletir sobre nossa conversão pessoal e no número 385 sobre nossa conversão
social.
O início do terceiro dia foi
marcado pela celebração da Paz como suplica a Deus para nossos povos, pais e
mães do Brasil e para o mundo todo. Aprofundamos nosso JULGAR a partir do Documento
da 5ª Semana Social Brasileira, ressaltando os valores da Sociedade do Bem Viver
e Pertencimento, enriquecido pelos depoimentos dos nossos irmãos índios, o cacique
Valério Vera Gonçalves e Oriel Benites e o negro Pedro Batista Nery. Partilhamos ainda a reflexão teológica sobre o
“Reino de Deus”, conduzida pelo Pe. Gabriel e sobre os Direitos Humanos com a assessoria
do professor Robson Santos, membro da Igreja Batista, que nos levaram a
discutir, nos grupos, pistas concretas de
AGIR nas diversas áreas: luta sindical, economia solidária, política, ecologia,
organização das CEBs, indígenas, mulher e juventude.
À tarde, depois da partilha das
nossas reações na fila do povo e diante
da riqueza destes dias, fomos novamente
aos grupos para sinalizar dois compromissos a partir de diversos assuntos
refletidos.
Na Romaria dos Mártires rumo a
Paróquia Santa Terezinha, assumimos nosso compromisso com a VIDA, como supremo
valor da nossa fé. Lembramos e fizemos memória de nossas/os mártires que
derramaram seu sangue por amor ao Reino de Deus. Celebramos a Eucaristia,
irmanadas/os na fé e na luta por um mundo novo. A partilha do alimento e a
festa confirmaram nosso compromisso com o amor e a vida.
No ultimo dia,
a nossa celebração e a síntese do vivido e refletido neste encontro, nos deram
forças para voltar às nossas famílias e comunidades, cheias/os de entusiasmo de
continuar a caminhada das CEBs, este nosso jeito de ser Igreja. Finalmente, o
Pe. Vileci, coordenador do 13º grande Encontro Intereclesial das Comunidades
Eclesiais de Base do Brasil, a ser realizado em janeiro de 2014 em Juazeiro do
Norte-CE, fez uma bela reflexão sobre a mística da/o romeira/o.
Saímos do nosso encontro, ungidas/as
com o óleo e fortalecidas/os pela palavra “Faço de você uma luz para as nações!”.
Fazemos nossas as palavras de nossas/os irmãs/ãos da Amazônia:
“As CEBs constituem-se em família das famílias, onde todos se conhecem e
querem bem, mas são também centro de oração e meditação da Palavra de Deus,
para nutrir a mística profunda da vivência na proximidade de Deus” (Igreja na
Amazônia – Memória e compromisso – Conclusões do encontro de Santarém 2012 –
página 31).
Este é nosso compromisso de
vida como CEBs!
Amém,
Axé, Awere, Aleluia.
Participantes do III Oestão
Dourados-MS,
18 de novembro de 2012
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