O que vivi nestes dias aqui
na Unisinos, em São Leopoldo – RS, em meio a tantas pessoas maravilhosas,
oriundas de todos os cantos do continente americano, não tem explicação. Pela
primeira vez participei do Congresso Continental de Teologia, no momento,
enquanto aluno do bacharelado em Teologia, pelo Instituto de Filosofia e
Teologia da Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo, e confesso, boquiaberto,
que tudo o que ouvi e vi fortaleceram ainda mais a minha fé numa Igreja que
quer ser verdadeiramente a Igreja dos Pobres e tornar mais evidente a abertura
iniciada pelo Beato João XXIII em 1962. Volto para Vila Velha, Espírito Santo,
com a certeza que tenho muito a fazer por minha Igreja. Me comprometo, de
coração e alma com a Opção pelos Pobres, com a defesa permanente da Vida, em
levar adiante o legado e a herança da Teologia da Libertação, que aqui foi me entregue
e a todos que participaram do Congresso.
Passaram por aqui os pais da
Teologia da Libertação de todo o continente americano. Com carinho, amor,
paciência, sapiência e humildade, comum de quem muito caminhou, escutou,
ascultou, acima de tudo, viveu o Evangelho encarnado nas paixões de nossa gente
afroameríndia foram mostrando que é nossa a hora de continuarmos o legado.
É claro que senti falta de
nossas matriarcas da Teologia da Libertação, mas em todas as missas e momentos
de espiritualidade que participei pedi a Deus que as abençoasse onde estivessem
e que as mantivessem fortes na caminhada, sempre fiéis ao Povo Santo de Deus.
Um grupo de corajosos bispos
rezaram e compartilharam suas memórias e experiências. E puderam comprovar, que
as pessoas estavam ali para aprenderem um pouco mais, e não cometerem heresias,
como pensam alguns. Em especial, D. José
Maria Pires, padre conciliar, testemunha ocular do Concílio Ecumênico Vaticano
II, que aos 95 anos, voz firme e humor inabalável, nos fez viajar aos anos de
1962 – 1965.
Seria injustiça da minha
parte esquecer, por ventura, o nome de algum conferencista ou novos amigos que
fui conhecendo pelos corredores e no restaurante universitário, por isso não
citarei nominalmente, mas guardarei em meu coração todas as palavras que ouvi e
que recebi, dos experientes teólogos da libertação e também de novos teólogos
que estão surgindo no cenário. Acredito que a passagem está sendo feita: da
primeira geração de teólogos da libertação, para uma segunda e finalmente para
uma terceira geração – a minha e a de muitos que lá estavam.
Confesso que retorno cheio
de alegrias e esperanças, mas também de muitas crises... Crises, que bem ou
mal, me farão crescer teologicamente, humanamente.
A nossa missão a partir desse
Congresso Continental de Teologia só tende a aumentar, desistir não é uma
palavra que eu irei usar, não importa o que possa acontecer, pois não sou
inocente e sei que o cenário de Igreja atual não vê com bons olhos essa
organização, esse modo de pensar e ser Igreja. Já diria um profeta mártir de
nossos dias atuais: “PREFIRO VIVER PELA VIDA, DO QUE VIVER PELA MORTE”!
Neste momento histórico,
sinto o quanto é urgente e necessário não deixar cair a profecia e pude conversar,
ouvir, abraçar, sorrir e beijar, profetisas e profetas, que não se calam e que
continuam a testemunhar um Deus que se coloca ao lado dos mais fracos, dos
espoliados, violentados, excluídos e esquecidos.
Que o sangue de nossos
mártires não nos deixem esquecer, acomodar e parar nunca!
Que o cuidado entre os seres
e para com os seres seja por toda a Terra, por ela devemos doar nossas vidas se
for preciso, é o mínimo pelo muito que ela nos oferece.
A Ecologia é o novo
paradigma, é a nova preocupação, é a nova crise hodierna. É o viés pelo qual
teremos que refletir e colocar em prática neste século, ou pereceremos todos.
Me perguntaram outro dia: o
que sobrou da Teologia da Libertação?
Eu respondi: Deus e os
Pobres!
Hoje eu responderia: Deus,
os Pobres e bons teólogos e teólogas da libertação que participaram do
Congresso Continental de Teologia, e que irão escrever, irão divulgar, farão chegar
a todos os lugares a fiel esperança.
Que nos 50 anos do Concílio
Ecumênico Vaticano II, não pensemos no Concílio Ecumênico Vaticano III, mas no
Jerusalém II.
Emerson Sbardelotti
4º.ano de Teologia – IFTAV
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