sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Comunidades de todo o país participam do 18º Grito dos Excluídos

ESTADO PARA QUE E PARA QUEM? A PARTICIPAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA NO PROCESSO DE DEMOCRATIZAÇÃO 


Em Montes Claros (MG), polícia dispersa manifestantes com bomba de fumaça 

O 18º Grito dos Excluídos é uma manifestação popular carregada de simbolismo. É um espaço de animação e profecia, sempre aberto e plural. Todo tipo de ser humano, grupos, entidades, igrejas e movimentos sociais comprometidos com as causas dos excluídos se unem, neste dia histórico, para pôr fim ao mito de que o povo participa da democracia.
Crédito da Foto para Luzia Alane Rodrigues Dias
Crédito da Foto para Luzia Alane Rodrigues Dias
Trata-se de uma mobilização de movimentos sociais, com o apoio da Igreja no Brasil, que visa denunciar o modelo político e econômico que, ao mesmo tempo, concentra riqueza e renda e condena milhões de pessoas à exclusão social, denominado sociedade capitalista, a que todo ser humano está submetido desde os anos de 1500. O Grito deseja tornar público, nas ruas do país, o rosto desfigurado dos grupos excluídos, vítimas do desemprego, da miséria e da fome, além de propor caminhos alternativos ao modelo econômico neoliberal, de forma a desenvolver uma política de inclusão social, com a participação ampla de todos os cidadãos.
Crédito da Foto para Luzia Alane Rodrigues Dias
O Grito se define como um conjunto de manifestações realizadas no Dia da Pátria, 07 de setembro, tentando chamar a atenção das pessoas para as condições da crescente exclusão social na sociedade brasileira. Não é um movimento, nem uma campanha, mas um espaço de participação livre e popular, em que os próprios excluídos, junto com os movimentos e entidades que os defendem, trazem à luz o protesto contra a ganância da sociedade capitalista e, ao mesmo tempo, o anseio por verdadeiras e autênticas transformações sociais. As atividades são as mais variadas com atos públicos, romarias, celebrações especiais, seminários e cursos de reflexão, blocos na rua, caminhadas, teatro, música, dança, feiras de economia solidária, acampamentos. Estendem-se por todo o território nacional. Em 2012, o tema do Grito é “Queremos um Estado a serviço da Nação, que garanta direitos a toda população!”, em sintonia com a 5ª Semana Social Brasileira (SSB).
Crédito da Foto para Luzia Alane Rodrigues Dias
Em Montes Claros, no Norte de Minas Gerais, a 18ª edição do Grito dos Excluídos, 19ª na maior cidade da região, na verdade, é preparada desde o dia 26 de maio deste ano, quando aconteceu o 1º Seminário da 5ª SSB, no Colégio Marista São José. Nos dias 1º e 02 deste mês, aconteceu o 2º Seminário, nesse mesmo local. E nesta sexta-feira (07/09), desde as 7h, fiéis das 22 paróquias, quase-paróquias e comunidades eclesiais de MOC, militantes de movimentos sociais e agentes de pastorais e evangélicos da Igreja Anglicana se animaram a acordar cedinho neste dia histórico para saborear o que a vida oferece de melhor: a união de todos os seres humanos.  
Crédito da Foto para Luzia Alane Rodrigues Dias
Crédito da Foto para Luzia Alane Rodrigues Dias
Crédito da Foto para Luzia Alane Rodrigues Dias
Crédito da Foto para Luzia Alane Rodrigues Dias
Crédito da Foto para Luzia Alane Rodrigues Dias
Com momento místico ecumênico e interreligioso cercado de intensa espiritualidade libertadora, a cerimônia teve início com a lembrança das vítimas dos quase 100 assassinatos, ocorridos apenas neste 2012, no município do segundo maior entrocamento rodoviário do Brasil. Presente ao evento, o arcebispo metropolitano de Montes Claros e presidente do Regional Leste 2 (Minas Gerais e Espírito Santo) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom José Alberto Moura, de 68 anos, fez menção às Eleições Municipais 2012 e conscientizou as pessoas a votarem em candidatos sérios, comprometidos com trabalhos que estejam a serviço da vida e da dignidade para todos.
Crédito da Foto para Luzia Alane Rodrigues Dias
Crédito da Foto para Luzia Alane Rodrigues Dias
Crédito da Foto para Luzia Alane Rodrigues Dias
Crédito da Foto para Luzia Alane Rodrigues Dias
Os fiéis reunidos para o Grito dos Excluídos em Montes Claros fizeram ofertas de alimentos, quando todos puderam experimentar, mais uma vez, a partilha do "pão nosso de cada dia" nesta manhã, em frente à Igreja-Mãe da Arquidiocese de Montes Claros. Depois, por volta das 9h, e já observados pela polícia que o Estado não cansa de sucatear, os manifestantes cantaram e dançaram, empunharam faixas de protestos e desceram da Praça da Catedral para a Rua Dom Pedro II, por onde caminharam até a esquina com a Avenida Afonso Pena, centro da cidade. Sempre alegres, mas intimidados pela polícia que o Estado não cansa de sucatear, as lideranças peregrinaram pela Avenida Afonso Pena, viraram à esquerda na Rua Padre Augusto, ultrapassaram a Avenida Coronel Prates, e desceram pela Rua Reginaldo Ribeiro rumo à Avenida Deputado Esteves Rodrigues (Sanitária). 
Crédito da Foto para Luzia Alane Rodrigues Dias
Crédito da Foto para Luzia Alane Rodrigues Dias
Crédito da Foto para Luzia Alane Rodrigues Dias
Crédito da Foto para Luzia Alane Rodrigues Dias
A polícia que o Estado não cansa de sucatear intimidava os manifestantes a todo instante com bloqueios fortemente armados nas ruas Irmã Beata, Coronel Spyer e Gabriel Passos (todas fazem cruzamento com a Reginaldo Ribeiro). Mas como a vida é levada pelos manifestantes, todos trabalhadores, com alegria autêntica, caminharam por toda a Rua Reginaldo Ribeiro e viraram à esquerda na Avenida Sanitária, por onde passaram opostos ao Desfile Oficial da Independência do Brasil na cidade. Mesmo perseguidos e intimidados pela polícia que o Estado não cansa de sucatear, o 18º Grito dos Excluídos nacional percorreu toda a avenida, até perto da Prefeitura e da sede de outra polícia (a federal) e que o Estado também não cansa de sucatear, em protesto contra a terceirização da merenda escolar municipal, contra a falta de repasse pelo Município dos recursos públicos federais para os hospitais da cidade e centros de saúde, contra a falta de segurança pública e o contra o tráfico de drogas que impera por aqui. 
Crédito da Foto para Luzia Alane Rodrigues Dias
Crédito da Foto para Luzia Alane Rodrigues Dias
Como a polícia que o Estado não cansa de sucatear ainda intimidava os manifestantes do Grito, ao tentar entrar no Desfile Oficial da Independência, as lideranças se viram coagidas e, em determinado instante, foram forçadas a virar às costas aos policiais, sentar no asfalto da avenida, cantar, falar palavras de ordem. A polícia que o Estado não cansa de sucatear, depois de um tempo, abriu a barreira para os manifestantes do Grito, que foram até o cruzamento da Deputado Esteves Rodrigues com a Avenida Mestra Fininha. Lá foram surpreendidos com a explosão de uma bomba de fumaça e repressão de policiais a dois jovens. Viu-se, a partir daí, casal de namorados se abraçando e chorando, sem entender o motivo pra tanta violência. Quando a sociedade capitalista entra em crise, como agora, quem dança são sempre os mesmos: os trabalhadores. Porém, como polícia é para proteger ladrão, o Desfile Oficial da Independência em MOC prosseguiu, mal organizado e aos trancos e barrancos. Pusilânimes (covardes), disfarçados de autoridades públicas ditas eleitas democraticamente, assistiam pacificamente, sentados, lá no palco, ao desfile de outros trabalhadores civis que insistiam em marchar e continuar esta história de 190 anos de vida, protagonizada por dom Pedro I.   
COM TEXTO DE João Renato Diniz Pinto e CNBB         

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