Em uma medida amplamente esperada assim como criticamente importante, o Papa Bento XVI nomeou Dom Gerhard Ludwig Müller, bispo de Regensburg, na Alemanha, a suceder o cardeal norte-americano William Levada como prefeito da poderosa Congregação para a Doutrina da Fé.
Dentre outras coisas, a nomeação significa que Müller, 64 anos, será o ator-chave do Vaticano na revisão da Leadership Conference of Women Religious (LCWR) demandada pela Congregação doutrinal em abril.
Alguns observadores acreditam que o fato de o intercâmbio com a LCWR ser agora liderado por um não americano poderá afetar a intensidade do interesse da Congregação, senão até a substância das suas posições.
Levada, que completou 76 anos em junho, liderava a Congregação desde maio de 2005.
O novo czar doutrinal do papa tem um perfil na Alemanha como um acérrimo defensor da ortodoxia católica, embora não um ideólogo. Dentre outras coisas, Müller tem uma forte amizade com o teólogo da libertação peruano Gustavo Gutiérrez.
Müller goza claramente da confiança do papa.
Além do fato de Müller ser o bispo da diocese natal do papa, onde o irmão de Bento XVI, Geörg, ainda reside, ele também é o editor da opera omnia do pontífice, uma coleção abrangente de todos os escritos teológicos do papa. O próprio Müller é um prolífico autor, tendo escrito mais de 400 obras em uma ampla variedade de temas teológicos.
Apesar da sua reputação amplamente conservadora, Müller, de fato, obteve seu doutorado em 1977 orientado pelo então padre Karl Lehmann, que se tornaria o cardeal de Mainz e o líder da ala moderada da Conferência dos Bispos da Alemanha. A tese de Müller foi sobre o famoso teólogo protestante alemão Dietrich Bonhoeffer.
Além disso, Müller também é amigo íntimo de Gutiérrez, amplamente visto como o pai do movimento da teologia da libertação na América Latina. Todos os anos desde 1998, Müller viaja ao Peru para fazer um curso com Gutiérrez e passa algum tempo vivendo com os agricultores em uma paróquia rural, perto da fronteira com a Bolívia.
Em 2008, ele aceitou um doutorado honorário da Pontifícia Universidade Católica do Peru, que é amplamente vista como um bastião da ala progressista da Igreja peruana. Na ocasião, ele elogiou Gutiérrez e defendeu a sua teologia.
"A teologia de Gustavo Gutiérrez, independentemente de como você olha para ela, é ortodoxa porque é ortoprática", disse ele. "Ela nos ensina a forma correta de agir de uma forma cristã, já que provém da verdadeira fé".
Houve rumores de que Müller estaria na pole position para assumir a Congregação doutrinal há algum tempo, e no fim do ano passado houve um impulso nos círculos tradicionalistas para tentar bloquear a nomeação. Circularam e-mails sugerindo que Müller, ex-membro da Congregação para a Doutrina da Fé, não era um homem de "doutrina segura".
Especificamente, os e-mails citavam Müller por ter se somado a posições suspeitas sobre a virgindade de Maria (ele disse em um livro de 2003 que ela não deveria ser entendida em um sentido "fisiológico"), a Eucaristia (Müller, aparentemente, aconselhou contra o uso do termo "corpo e sangue de Cristo" para descrever o pão e o vinho consagrados na missa) e o ecumenismo (em outubro passado, Müller declarou que os protestantes "já fazem parte da Igreja" fundada por Cristo).
Os defensores de Müller argumentaram que, em cada caso, suas palavras foram ou tiradas do contexto ou eram consistentes com o ensino oficial.
Nesse domingo, um líder da fraternidade católica tradicionalista de São Pio X se opôs à nomeação de Müller, citando seus pontos de vista supostamente heterodoxos sobre a virgindade perpétua de Maria.
"Não é aceitável que o líder da Congregação sustente uma heresia", disse o bispo auxiliar Alfonso de Galarreta, um dos quatro prelados da Fraternidade separatista.
Os comentários foram feitos em uma cerimônia em que Galarreta ordenou dois novos padres para a Fraternidade.
Uma das novas responsabilidades de Müller será administrar as negociações com a Fraternidade São Pio X. Recentemente, o Vaticano anunciou planos para uma prelazia pessoal, ou seja, uma diocese não territorial, para reincorporar os tradicionalistas que desejam voltar à comunhão com Roma.
A reportagem é de John L. Allen Jr., publicada no sítio do jornal National Catholic Reporter, 02-07-2012.
Fonte: IHU
Dentre outras coisas, a nomeação significa que Müller, 64 anos, será o ator-chave do Vaticano na revisão da Leadership Conference of Women Religious (LCWR) demandada pela Congregação doutrinal em abril.
Alguns observadores acreditam que o fato de o intercâmbio com a LCWR ser agora liderado por um não americano poderá afetar a intensidade do interesse da Congregação, senão até a substância das suas posições.
Levada, que completou 76 anos em junho, liderava a Congregação desde maio de 2005.
O novo czar doutrinal do papa tem um perfil na Alemanha como um acérrimo defensor da ortodoxia católica, embora não um ideólogo. Dentre outras coisas, Müller tem uma forte amizade com o teólogo da libertação peruano Gustavo Gutiérrez.
Müller goza claramente da confiança do papa.
Além do fato de Müller ser o bispo da diocese natal do papa, onde o irmão de Bento XVI, Geörg, ainda reside, ele também é o editor da opera omnia do pontífice, uma coleção abrangente de todos os escritos teológicos do papa. O próprio Müller é um prolífico autor, tendo escrito mais de 400 obras em uma ampla variedade de temas teológicos.
Apesar da sua reputação amplamente conservadora, Müller, de fato, obteve seu doutorado em 1977 orientado pelo então padre Karl Lehmann, que se tornaria o cardeal de Mainz e o líder da ala moderada da Conferência dos Bispos da Alemanha. A tese de Müller foi sobre o famoso teólogo protestante alemão Dietrich Bonhoeffer.
Além disso, Müller também é amigo íntimo de Gutiérrez, amplamente visto como o pai do movimento da teologia da libertação na América Latina. Todos os anos desde 1998, Müller viaja ao Peru para fazer um curso com Gutiérrez e passa algum tempo vivendo com os agricultores em uma paróquia rural, perto da fronteira com a Bolívia.
Em 2008, ele aceitou um doutorado honorário da Pontifícia Universidade Católica do Peru, que é amplamente vista como um bastião da ala progressista da Igreja peruana. Na ocasião, ele elogiou Gutiérrez e defendeu a sua teologia.
"A teologia de Gustavo Gutiérrez, independentemente de como você olha para ela, é ortodoxa porque é ortoprática", disse ele. "Ela nos ensina a forma correta de agir de uma forma cristã, já que provém da verdadeira fé".
Houve rumores de que Müller estaria na pole position para assumir a Congregação doutrinal há algum tempo, e no fim do ano passado houve um impulso nos círculos tradicionalistas para tentar bloquear a nomeação. Circularam e-mails sugerindo que Müller, ex-membro da Congregação para a Doutrina da Fé, não era um homem de "doutrina segura".
Especificamente, os e-mails citavam Müller por ter se somado a posições suspeitas sobre a virgindade de Maria (ele disse em um livro de 2003 que ela não deveria ser entendida em um sentido "fisiológico"), a Eucaristia (Müller, aparentemente, aconselhou contra o uso do termo "corpo e sangue de Cristo" para descrever o pão e o vinho consagrados na missa) e o ecumenismo (em outubro passado, Müller declarou que os protestantes "já fazem parte da Igreja" fundada por Cristo).
Os defensores de Müller argumentaram que, em cada caso, suas palavras foram ou tiradas do contexto ou eram consistentes com o ensino oficial.
Nesse domingo, um líder da fraternidade católica tradicionalista de São Pio X se opôs à nomeação de Müller, citando seus pontos de vista supostamente heterodoxos sobre a virgindade perpétua de Maria.
"Não é aceitável que o líder da Congregação sustente uma heresia", disse o bispo auxiliar Alfonso de Galarreta, um dos quatro prelados da Fraternidade separatista.
Os comentários foram feitos em uma cerimônia em que Galarreta ordenou dois novos padres para a Fraternidade.
Uma das novas responsabilidades de Müller será administrar as negociações com a Fraternidade São Pio X. Recentemente, o Vaticano anunciou planos para uma prelazia pessoal, ou seja, uma diocese não territorial, para reincorporar os tradicionalistas que desejam voltar à comunhão com Roma.
A reportagem é de John L. Allen Jr., publicada no sítio do jornal National Catholic Reporter, 02-07-2012.
Fonte: IHU
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