O Comitê de Solidariedade ao Povo Paraguaio do Rio de Janeiro fez na sexta-feira (29) uma manifestação de repúdio à destituição do presidente (Fernando) Lugo. Durante o protesto em frente ao consulado do Paraguai no Rio, em Botafogo, representantes sindicais e da sociedade civil fizeram a entrega simbólica de um documento condenando o golpe institucional e pedindo a reabertura do processo de defesa do presidente deposto.
Rio de Janeiro - O Comitê de
Solidariedade ao Povo Paraguaio do Rio de Janeiro fez na sexta-feira
(29) uma manifestação de repúdio à destituição do presidente (Fernando)
Lugo. Durante o protesto em frente ao consulado do Paraguai no Rio, em
Botafogo, representantes sindicais e da sociedade civil fizeram a
entrega simbólica de um documento condenando o golpe institucional e
pedindo a reabertura do processo de defesa do presidente deposto.
O advogado Modesto da Silveira, integrante da comissão de direitos humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), classificou o protesto como um recado de diversas lideranças da sociedade civil aos dirigentes do país. “Esse golpe institucional incomoda a todos. Por isso todos os incomodados estão pedindo ao Paraguai que volte atrás e reconheça o processo legal”, afirmou ele.
Para Modesto, o golpe é um grande retrocesso no processo popular e democrático que a América Latina tenta solidificar nas últimas décadas. “No momento em que a gente se encontra, fazendo com que a América Latina, unida, se livre do peso das intervenções imperialistas, há esse golpe no Paraguai contra as próprias instituições, violando o direito de defesa desde o seu começo, quando nós sabemos que todas as nações medianamente civilizadas respeitam o direito de defesa na sua integridade”.
“Lá (Paraguai) se mancomunaram com outro poder, que é o poder judiciário, em um momento em que o povo está pedindo que tirem do judiciário alguns fascistas que foram nomeados ainda por Stroessner (Alfredo Stroessner, ex-ditador paraguaio), e que obedecem à voz que representa o poder econômico”, completou ele.
Em meio à indiferença da grande maioria dos pedestres, os manifestantes alertavam para o ciclo vicioso que o golpe no país vizinho pode tentar ressuscitar. “Os estudantes não vão aceitar esse golpe que está sendo dado no Paraguai. Mais do que isso, estamos aqui na rua para alertar que o que aconteceu lá agora não é um caso isolado na América Latina, mas é mais um ato contra a democracia. Há dez anos na Venezuela aconteceu um golpe contra Hugo Chávez. Em 2005, aqui no Brasil, nós vimos uma tentativa de golpe contra o presidente Lula, e foram os movimentos sociais, com a CUT na rua, com a UNE, com o MST, que no dia 16 de agosto impediu e disse que não ia permitir que a mídia e os partidos de direita tirassem Lula da presidência”, lembrou Theo Rodrigues, estudante de Ciências Políticas da Universidade Federal Fluminense (UFF).
“A mesma coisa aconteceu através da ingerência do imperialismo na América Latina em 2006, quando foi reaberta a Quarta Frota (operação naval dos Estados Unidos) aqui no Atlântico, perto do nosso litoral e com vistas ao nosso pré-sal. A mesma coisa aconteceu na América latina, com Manuel Zelaya em Honduras e com Rafael Corrêa no Equador. E agora se repete com Lugo no Paraguai”, disse o estudante.
“Dobradinha”
Endossando a tese de que o golpe no Paraguai está longe de ser um caso isolado, o boliviano Jorge Polar lembrou à Carta Maior que os golpes na região são tramados constantemente. “Tentaram uma dobradinha Paraguai-Bolívia com a greve de policiais lá na Bolívia esta semana. Ela foi infiltrada com agentes do imperialismo o tempo todo, e queriam matar o ministro de governo para poder gerar uma crise nacional e internacional, e depois dariam o golpe de estado. Mas fracassou porque o governo fez um acordo de salário e benefícios sociais com os policiais. Assim fracassou a greve e foi abortada a tentativa de golpe de estado contra Evo Morales, em benefício da mudança, da democracia, respaldados por mais de 50 mil patriotas que foram as ruas prestar solidariedade ao governo. Isso foi fantástico!”, afirmou.
EUA querem aeroporto
Para os manifestantes, o ocorrido no país vizinho não foge ao velho roteiro dos interesses específicos que os países imperialistas têm na região. “Com certeza os Estados Unidos querem botar mais uma ‘cabeça de ponte’ no quase que já perdido continente sul-americano. Eles só têm, assim mesmo sem o apoio do povo, a Colômbia e, em termos de um governo mais dúbio, o Chile, então para eles é essencial o Paraguai. Até porque lá o Lugo resistiu a entregar um dos aeroportos de Assunção para se transformar em mais uma base militar norte-americana aqui no continente”, disse Francisco Soriano, economista filiado à Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet).
Na análise do economista, “o Paraguai representa também, do ponto de vista das nações do primeiro mundo, uma riqueza muito grande, devido ao aquífero Guarani. E outro aspecto também desse contexto é que o presidente paraguaio tinha um projeto de reforma agrária. Hoje, 1% dos grandes proprietários de terra paraguaios, na verdade detêm cerca de 80% das terras”.
O advogado Modesto da Silveira, integrante da comissão de direitos humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), classificou o protesto como um recado de diversas lideranças da sociedade civil aos dirigentes do país. “Esse golpe institucional incomoda a todos. Por isso todos os incomodados estão pedindo ao Paraguai que volte atrás e reconheça o processo legal”, afirmou ele.
Para Modesto, o golpe é um grande retrocesso no processo popular e democrático que a América Latina tenta solidificar nas últimas décadas. “No momento em que a gente se encontra, fazendo com que a América Latina, unida, se livre do peso das intervenções imperialistas, há esse golpe no Paraguai contra as próprias instituições, violando o direito de defesa desde o seu começo, quando nós sabemos que todas as nações medianamente civilizadas respeitam o direito de defesa na sua integridade”.
“Lá (Paraguai) se mancomunaram com outro poder, que é o poder judiciário, em um momento em que o povo está pedindo que tirem do judiciário alguns fascistas que foram nomeados ainda por Stroessner (Alfredo Stroessner, ex-ditador paraguaio), e que obedecem à voz que representa o poder econômico”, completou ele.
Em meio à indiferença da grande maioria dos pedestres, os manifestantes alertavam para o ciclo vicioso que o golpe no país vizinho pode tentar ressuscitar. “Os estudantes não vão aceitar esse golpe que está sendo dado no Paraguai. Mais do que isso, estamos aqui na rua para alertar que o que aconteceu lá agora não é um caso isolado na América Latina, mas é mais um ato contra a democracia. Há dez anos na Venezuela aconteceu um golpe contra Hugo Chávez. Em 2005, aqui no Brasil, nós vimos uma tentativa de golpe contra o presidente Lula, e foram os movimentos sociais, com a CUT na rua, com a UNE, com o MST, que no dia 16 de agosto impediu e disse que não ia permitir que a mídia e os partidos de direita tirassem Lula da presidência”, lembrou Theo Rodrigues, estudante de Ciências Políticas da Universidade Federal Fluminense (UFF).
“A mesma coisa aconteceu através da ingerência do imperialismo na América Latina em 2006, quando foi reaberta a Quarta Frota (operação naval dos Estados Unidos) aqui no Atlântico, perto do nosso litoral e com vistas ao nosso pré-sal. A mesma coisa aconteceu na América latina, com Manuel Zelaya em Honduras e com Rafael Corrêa no Equador. E agora se repete com Lugo no Paraguai”, disse o estudante.
“Dobradinha”
Endossando a tese de que o golpe no Paraguai está longe de ser um caso isolado, o boliviano Jorge Polar lembrou à Carta Maior que os golpes na região são tramados constantemente. “Tentaram uma dobradinha Paraguai-Bolívia com a greve de policiais lá na Bolívia esta semana. Ela foi infiltrada com agentes do imperialismo o tempo todo, e queriam matar o ministro de governo para poder gerar uma crise nacional e internacional, e depois dariam o golpe de estado. Mas fracassou porque o governo fez um acordo de salário e benefícios sociais com os policiais. Assim fracassou a greve e foi abortada a tentativa de golpe de estado contra Evo Morales, em benefício da mudança, da democracia, respaldados por mais de 50 mil patriotas que foram as ruas prestar solidariedade ao governo. Isso foi fantástico!”, afirmou.
EUA querem aeroporto
Para os manifestantes, o ocorrido no país vizinho não foge ao velho roteiro dos interesses específicos que os países imperialistas têm na região. “Com certeza os Estados Unidos querem botar mais uma ‘cabeça de ponte’ no quase que já perdido continente sul-americano. Eles só têm, assim mesmo sem o apoio do povo, a Colômbia e, em termos de um governo mais dúbio, o Chile, então para eles é essencial o Paraguai. Até porque lá o Lugo resistiu a entregar um dos aeroportos de Assunção para se transformar em mais uma base militar norte-americana aqui no continente”, disse Francisco Soriano, economista filiado à Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet).
Na análise do economista, “o Paraguai representa também, do ponto de vista das nações do primeiro mundo, uma riqueza muito grande, devido ao aquífero Guarani. E outro aspecto também desse contexto é que o presidente paraguaio tinha um projeto de reforma agrária. Hoje, 1% dos grandes proprietários de terra paraguaios, na verdade detêm cerca de 80% das terras”.
Rodrigo Otávio - Rio de Janeiro
Fonte: Carta Maior
Nenhum comentário:
Postar um comentário