sábado, 2 de junho de 2012

Organização na paróquia

Clima organizacional para bem administrar a paróquia

O Papa Bento XVI nos ensinou que o Documento de Aparecida deve “ser luz e alento para um rico trabalho pastoral e evangelizador nos anos vindouros” (cf. Carta de Bento XVI ao Episcopado da América Latina e Caribe -29/07/2007).
O Documento de Aparecida além de estimular a ação evangelizadora da Igreja, chamada a fazer de todos os seus membros discípulos e missionários de Cristo (DAp, 1), fala dos lugares da formação cristã para os discípulos e missionários: família (DAp, 302 a 303), paróquias (DAp, 304 a 306), pequenas comunidades eclesiais (DAp, 307 a 310), os movimentos eclesiais e novas comunidades (DAp, 311 a 313), os seminários e casas de formação religiosa (DAp, 314 a 327) e a educação católica (DAp, 328 a 346).
Ação e participação
As paróquias merecem um destaque todo especial porque são células vivas da Igreja e lugares privilegiados, onde os fiéis fazem a experiência concreta de Cristo e de sua Igreja. Elas devem oferecer espaço comunitário para se formar na fé e crescer comunitariamente (DAp, 304 e 306).
As cidades do Brasil já caminham para uma população 80% urbana. Residindo nas cidades, mesmo com arquétipos rurais, as pessoas entram na sua dinâmica nas suas regras e cânones.
A rápida urbanização que provém do êxodo rural, transforma a cidade em um lugar de fantasia, sonhos e necessidades para muitas pessoas. Elas caminham horas pelas ruas cheias de gente e não encontram realmente ninguém. Difíceis são gestos de cordialidade, respeito, amor, sensibilidade, acolhida e de relação pessoal. As ruas transformaram-se em espaços de todos e, ao mesmo tempo, de ninguém.
Exemplo
Libânio fala que a cidade opera na destruição dos espaços tradicionais de moradia, de comércio, de trabalho, de trânsito. As cidades modernas tendem a criar espaços universais em que as culturas locais desaparecem. Os shoppings, os aeroportos, os hotéis e certos restaurantes já não têm cidadania. Quando se entra neles, está-se paradoxalmente em um espaço universal.
Assim, as cidades transformam radicalmente a noção de espaço provocando profunda repercussão na instituição paroquial. Tais transformações incidem sobre a própria compreensão, vivência e transmissão da fé.
4 posturas para o fortalecimento paroquial
1. Entender a paróquia como espaço da iniciação cristã, da educação e celebração da fé;
2. Estar aberto à diversidade de carismas, serviços e ministérios organizados de modo comunitário e responsável;
3. Integrar movimentos de apostolado já existentes;
4. A paróquia deve estar atenta à diversidade cultural de seus habitantes e abertas às realidades circundantes (DAp, 170).
Atitudes concretas
Entendendo bem os desafios atuais, poderemos multiplicar a presença física da paróquia, comunidade de comunidades e movimentos (EA, 41) nas cidades, qualificando a formação e participação dos leigos para encarnarem a mensagem revelada nos espaços específicos onde vivem e atuam. Nesse aspecto, um bom entendimento sobre a estrutura organizacional vai fazer com que a paróquia ganhe espaço na cidade. Para a paróquia ser um lugar privilegiado onde os fiéis façam a experiência concreta de Cristo e de sua Igreja é necessário organização.
4 modos de organização da paróquia
1.
Orientar os fiéis leigos;
2. Indicar-lhes o que é valioso;
3. Moldar seus ideais;
4. Dar-lhes as noções de certo e errado.
Ao mesmo tempo, é utilizada como um poderoso instrumental para criar espaços de atuação. Por exemplo, os ministros ordenados são referência imediata a quem recorrer, nos momentos de crise, discernimento, dúvida, reconciliação e os leigos encontram, nos diversos ministérios, uma ocasião para colocarem seus dons e carismas a serviço de Deus e dos irmãos.
Um clima de organização na paróquia influencia direta e indiretamente os comportamentos, a motivação, a evangelização e também a satisfação das pessoas envolvidas com a organização.
A fim de que a paróquia tenha seu espaço físico no mundo urbano, as pessoas que participam da mesma devem ser organizadas em processos de trabalho onde exista um clima de tranquilidade e confiança. Tais processos exigem plena aceitação dos afetos, sem se descuidar de preceitos, deveres e obrigações, sabendo que o ideal absoluto da organização de uma paróquia é evangelizar. “Evangelizar é necessariamente anunciar com alegria o nome, a doutrina, a vida, as promessas, o Reino e o mistério de Jesus de Nazaré, Filho de Deus” (EN, 22).


Côn. Edson Oriolo

Mestre em Filosofia Social, pela PUC-Campinas, Especialista em Marketing, pela Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro/RJ, Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Pessoas e Professor Teologia Dogmática (Deus Uno e Trino), Filosofia da Natureza e Filosofia da Linguagem na Faculdade Arautos do Evangelho e Pároco da Catedral Metropolitana de Pouso Alegre/MG e membro do Conselho de Conteúdo da revista Paróquias & Casas Religiosas.

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