Iniciou dia 16 em San Pedro Sula,
Honduras, o 9º encontro de CEBs latino-americano e caribenho. No primeiro
momento, houve uma análise da realidade da América Centra. Destacaram-se alguns
pontos em comum entre os países Centro América: desigualdade social,
concentração de riqueza, drogas e armas são situações que contribuem para a
violência organizada que desemborca em guerras civil. América Central é
considerada o corredor da migração das Américas e Honduras o país de maior concentração
de armas na região por terem sido base militar dos Estados Unidos. Isso
contribuiu para uma delinquência armada geradora de empobrecimento, conflitos
sociais e um modelo político autoritário e concentrador, tendo como
consequência controle territorial por parte do crime organizado, aumento do
fenômeno da migração, aumento da vulnerabilidade, deterioração ambiental e exploração
dos recursos naturais; mas também se enfoca no atual período promover investigação
na busca de modelos alternativos, destacando a pressão dos movimentos sociais
por demandas de poder, debates, buscas e construção de propostas alternativas.
Luta-se por uma institucionalidade política e jurídica que ajude a recuperar os
espaços públicos e uma sociedade do bem viver com estratégia de não violência.
Frente a esta situação que desafia a
nossa América se destacou os seguintes elementos relevantes que marcam este
encontro: o Espírito de Jesus que nos guia e nos acompanha nas CEBs, as dificuldades
de nossas fronteiras, a diversidade como riqueza, a defesa da vida ameaçada, a
complexidade do mundo em que vivemos, perguntas pelas raízes da violência, dois
modelos de Igreja, o trabalho com os jovens na opção política. Sete grupos de
estudo ajudaram a dar um panorama da realidade da América Latina na dimensão político,
econômico, social, educação, ecologia, pluralismo religioso e eclesial. Frente
aos aspectos relevantes apresentados destacou-se que devemos está atento ao
sistema ECOBIOPOLÍTICO como fluxo de vida donde se define o alimento com a
presença de três elementos necessários agua, ar e energia.
O pão de cada dia é resultado da
relação corpo e terra que dimensiona a presença de uma população e um
território gerando trabalho que por sua vez dar sentido a uma comunidade. Isto
nos proporciona uma sintonia muito forte com a eucaristia e nos faz compreender
que se não há pão não há comunidade e sem território não somos nada. Portanto,
a luta ecológica se iguala a economia que tem o mesmo significado de cuidar da
casa. Esta desatenção ecológica tem gerado crises nos diversos setores
políticos, econômicos, ecológico e social. E que na América Latina fez gerar
novos processos políticos no Brasil, Chile, Equador, Bolívia, Paraguai,
Argentina e Venezuela. Observam-se, neste novo processo político, que os países
mais impactados pelas crises são os da América Central, próximos aos Estados
Unidos e os menos impactados são os da América do Sul.
Frente a estas questões são ameaças
para as CEBs do continente a perca da identidade e a indiferença da Igreja hierárquica
a estas causas. Resta às comunidades reafirmar-se no modelo de Jesus a partir
da experiência das primeiras comunidades cristãs, se articularem com outras
religiões, culturas e movimentos populares na defesa dos direitos da terra,
direitos sociais e ecológicos. Mas, também, não se pode duvidar da mensagem dos
bispos que se sentem unidos as CEBs e entendermos a ecologia como um grito da
terra que expressa o grito dos pobres; e que o homem é uma expressão da crise
ecológica e civilizatória; que a água é um recurso vital, valor simbólico que
expressa a nossa sede de justiça, amor e paz. O desafio maior para as
comunidades é resgatar a eucaristia da cultura do pão, devido está em jogo o
atual modelo econômico e excludente. Mas ainda resta a esperança de que outro
mundo é possível, outra Igreja é possível. Pois, as raízes de uma nova
eclesiologia que brota do Vaticano II aponta para um novo kairós, um novo
paradigma de uma Igreja apostólica, servidora, profética e missionária do Reino.
A assembleia frisou bem as conclusões
do relançamento das CEBs na América Latina que, nestes quatros anos, fortaleceu
a formação, a articulação, a missão, a presença dos jovens, os movimentos
sociais e a luta pela questão ecológica que nos últimos anos tem sido causa de
martírio nesta América sofrida. No Brasil, foram lembrados os mártires da
ecologia: Chico Mendes, Irmã Dourath, o casal José Claudio e Maria do Pará, Zé
Maria do Ceará. A assembleia prossegue até o dia 21 na busca de afirmação de
compromisso frente às diferentes lutas iluminada pela reflexão
bíblico-teológica. Estão presentes na assembleia cerca de 200 delegados vindos
das seguintes regiões: Brasil; Cone Sul – Uruguai, Argentina, Chile e Paraguai;
Andina – Equador, Colômbia e Bolívia; Caribe – Venezuela, República Dominicana
e Haiti; Centro América – Panamá, Nicarágua, Guatemala, El Salvador e Honduras;
Norte – México e Estados Unidos; e uma representante das Filipinas. Destacamos
que o relançamento no Brasil se deu com o documento 92 da CNBB que veio ajudar
na revitalização e fortalecimento das CEBs através dos encontros das grandes
regiões, encontros regionais e diocesanos, rumo ao 13º Intereclesial.
Assembleia em Honduras está sendo uma riqueza pela sua diversidade cultural, a
presença de representantes das comunidades indígenas e afro americanas. Destacamos
a festa da noite cultural do dia 18, como um momento de partilhar e nutrir
nossas raízes e identidade latino-americana.
Pe. Vileci Basílio Vidal – Coord. 13º Intereclesial
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