Marcam o mês de junho em nossas Comunidades Eclesiais as festas
juninas, que expressam a espiritualidade encarnada na cultura de nosso
povo. Destacamos as Festas de Santo Antônio, São João, São Pedro e São
Paulo.
Com Santo Antônio, aprendemos a melhorar as relações na família, no
trabalhoe na comunidade. Com São João, que estamos celebrando hoje,
aprendemos as lições de autenticidade, a coragem da denúncia, o vigor da
ética. É o santo que deveria ser seguido pelos políticos, na retidão,
coragem, desprendimento.
No próximo domingo (01/07) a Igreja celebra São Pedro e São Paulo,
Apóstolos. Pedro, “pescador de homens”, pedra sob a qual Cristo edificou
a sua Igreja, exerceu a primazia sobre o grupo dos apóstolos, na
condição de primeiro Papa, primazia que se estende àqueles que o
sucederam.
As festas que celebramos são expressões de convivência, de vida e
de esperança cristã. São maneiras de expressar a fé presente de diversas
formas na Rede de Comunidades Eclesiais de Base de nossas Paróquias e
refletem “a sede de Deus que somente os pobres e simples podem
conhecer”(DAP 258-265).
Estas e outras expressões depiedade popular são“uma síntese entre
as culturas e a fé cristã”, modos de se sentir parte da Igreja, uma
poderosa confissão do Deus vivo que atua na história e um canal de
transmissão da fé.
“O povo é o mestre de minha caminhada”, afirmava um grande
amigo jesuíta,Pe. Claudio Perani, que faleceu em 2008, tendo vivido a
maior parte de seus 55 anos de vida religiosana Amazônia.
Após três anos da realização do 12º Intereclesial das CEBs de Porto
Velho (21-25/07/2009), posso também dizer que o povo das CEBs tem sido o
mestre de minha trajetória nesta região. São milhares de comunidades
espalhadas na Amazônia, sinais da presença de uma Igreja viva, encarnada
na realidade, levando a mensagem centrada no Reino de Deus.
“As Cebs, como nos disse PePossidonio,estão vivas na sua variedade de rostos, realidades, situações”. Tendo
a encarnaçãocomo método, assumido na Assembléia de Santarém (1972), a
Igreja amazônica avançou no que hoje se denomina de inculturação. E
plenificou sua presença neste chão quando em Manaus (1997) se declarou
como a Igreja que armou sua tenda na Amazônia, ensejando a declaração de uma Igreja com rosto amazônico.
E é nesse contexto que as Comunidades eclesiais de base vão se
consolidando, pois, nascendo nessa realidade buscam ser a resposta de fé
que as pessoas precisam dar às situações humanas concretas. Fé e Vida
tornam-se um binômio inseparável. Nasce aqui a espiritualidade do
seguimento, que tornou a Igreja missionária e solidária com as dores e
angústias daqueles que não podem sentar-se à mesa da fartura e da
dignidade.
A Comunidade Eclesial é originária da nossa região, portanto,é
nossa casa, casa de comunhão.Estou convencido de que uma Paróquia que
quer enfrentar a realidade urbana com seus desafios precisa tornar-se
uma rede de comunidades.
A espiritualidade das Cebs, nascida fundamentalmente da Bíblia,
permitiu ao povo reassumir de forma criadora as tradições religiosas e a
devoção popular, dando a essas expressões um critério evangélico,
centrando-as no seguimento de Cristo e forjando uma vivência mais ética
de ser cristão e ajudando muitos pobres a manter viva sua esperança de
dias melhores. A religiosidade popular, com sua diversidade, é de uma
riqueza extraordinária, que continua sendo cultivada nas CEBs.
É nesta caminhadade discípulos missionário que nos fazemos
peregrinos irmãos e irmãs dos migrantes, cuja semana estamos encerrando
hoje.
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