Folha, 21.abr.1992 - O frei e teólogo Leonardo Boff decidiu entregar os originais do seu próximo livro, "América Latina: da Conquista à Nova Evangelização", para a editora Ática, contrariando a determinação do Vaticano que o obriga a submeter todos os seus textos ao "imprimatur", declaração expedida por um bispo da igreja, atestando que a obra não contraria as doutrinas católicas.
Ele aguardou a autorização da Arquidiocese de São Paulo durante dois meses. Diante da demora, o frei decidiu descumprir a determinação e, agora, está sujeito a sofrer nova punição da Igreja.
Boff possui um histórico conflituoso com a Igreja Católica. Em 1982, a Arquidiocese do Rio de Janeiro abriu um processo contra o frei pelas duras críticas feitas no livro "Igreja, Carisma e Poder"(1981), o que levou a Santa Sé a repreendê-lo com 11 meses de "silêncio obsequioso", além da proibição de novas edições do título.
Paulo Giandalia-25.out.1991/Folhapress |
O frei e teólogo Leonardo Boff, que desafiou determinação do Vaticano ao enviar seu novo livro para publicação |
Em 1990, a Sagrada Congregação para Doutrina da Fé apontou "desvios de conduta" em três artigos de Boff publicados em veículos da editora Vozes. No ano seguinte, foi obrigado a deixar a direção da revista homônima.
Leonardo Boff é considerado um dos maiores teólogos do país e um dos principais nomes da Teologia da Libertação, corrente da Igreja que utiliza elementos do marxismo para analisar a sociedade e propor mudanças em sua estrutura.
Fonte: Folha de SP.
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