Padre reforça atuação da Pastoral Carcerária como legítima
Durante todo o segundo dia (21/04) do Encontro da Pastoral Carcerária do Regional Leste II (Minas Gerais e Espírito Santo) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB),
o professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas (SP),
o teólogo e assessor nacional de Comunidades Eclesiais de Base (CEBs),
padre Benedito Ferraro, analisou, com as cerca de 300 pessoas presentes
ao evento, a conjuntura social e política do Brasil. “Nós que
participamos de ampliada nacional de CEBs, sempre fazemos análise de
conjuntura. Reunimos com gente de todo o Brasil e os testemunhos são que
o país melhora”, argumentou Ferraro ao mostrar dados da popularidade de 77% da atual presidente da nação, Dilma Rousseff. Porém, ressalvou que “falta muito para melhorar mais, mas melhorou”, pontuou.
Ao dar
exemplos de atrasos no país, como possível implantação de hidrovia no
Pantanal Matogrossense, regularização de terras indígenas e quilombolas,
e êxodo rural, o padre concluiu que “só com o tal do desenvolvimento [estrutural] não se resolve o problema”, sublinhou com amostragens de que um bilhão e 100 milhões de pessoas passam fome no mundo. Mostrou também dados recentes do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos (Dieese)
de que o salário-mínimo ideal para a liderança de uma família
sobreviver com qualidade, através do trabalho e ter saúde, educação,
transporte, segurança, lazer, seria de R$ 2.323,21 e não os atuais R$
622. “É lei! É lei”, exclamou ao agir de acordo com o que prescreve a Constituição Brasileira de 1988.
Ainda há a cooptação de lideranças pela política corrupta, sejam eles cristãos ou não. “Por isso que a Igreja no Brasil tem que trabalhar a educação política”, emendou ao acolher questionamento seguro de participante do Encontro Regional da Pastoral Carcerária. Benedito
Ferraro explicou que em um sistema neoliberal, como o vigente, o
mercado regula o Estado e a sociedade civil. No entanto, propôs que o
desafio é implantar um sistema mais humanizado, portanto, cristão. O
sistema seria a sociedade civil mandando no mercado e no Estado. “Mesmo estando aqui a Pastoral Carcerária, o papel do Estado é fundamental”, opinou o teólogo ao apontar para o trabalho de evangelização da Pastoral do Povo da Rua.
Muitas
vezes, drogados ou dependentes químicos chegam para os agentes de
pastoral desorientados e apenas confirmam, sem pensar, o que outras
pessoas lhes propõem. “É isso aí, seu padre!!!”, exemplificou o sacerdote. Drogado em estado avançado “não tem mais cuca”. Daí a importância de políticas públicas com orçamento participativo. “Quem vai financiar? O Estado sob pressão e monitoramento da sociedade civil”, sugeriu o padre Benedito Ferraro. “Quem tem maior credibilidade no trato com os presos é a Pastoral Carcerária”,
afirmou o palestrante do segundo dia do Encontro Regional do organismo
de ação social. É legítimo então que a Pastoral exija mais das
autoridades públicas.
O palestrante também comentou sobre a Campanha da Fraternidade de 2012, que pôs em pauta “Fraternidade e Saúde Pública” com o lema “Que a saúde se difunda sobre a terra”
(Eclo 38, 8). Recomendou, para voltar a pensar em um projeto de nação, a
saída da população às ruas para gritar pela universalidade do Sistema
Único de Saúde (SUS), com qualidade. Indicou a ampliação do mercado de
trabalho, sobretudo para os jovens. “Não importa que seja
católico, evangélico, budista, adepto do candomblé. O que importa é que a
nossa Igreja seja a favor da vida. E a Igreja tem muita conta no
cartório”, observou o sacerdote ao enumerar, como medidas
emergenciais, a real democratização do Estado, a ampliação da
participação popular, rever o modelo econômico e o processo de
mercantilização da vida. “A gente tem que ajudar o nosso povo a descobrir o papel do presidente, do governador, do prefeito, do vereador”,
salientou Ferraro ao destacar o trabalho de evangelização de fé e
política como primordial para o avanço da humanidade. Para isso,
baseou-se nos Documentos 82 e 91 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
O
palestrante lembrou também que dinheiro público bem empregado é sinal de
avanço social, ao mencionar proposta popular de aplicação de 10% do
Produto Interno Bruto (PIB), soma de todas as riquezas produzidas em um
país, em educação. Nesse momento, ele analisava as crises pelas quais
uma nação passa na contemporaneidade, como a ecológica, energética,
econômica e política.
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