quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Igreja Católica se prepara para receber padres casados


Aceitação de padres casados pode ameaçar continuidade do celibato na Igreja Católica


Como será a vida para as esposas dos padres da Igreja Católica Romana?

No domingo, 8, o Vaticano anunciou a criação do Ordinariato Pessoal da Cátedra de São Pedro, uma divisão especial da Igreja Católica, da qual antigos membros da Igreja Anglicana – especialmente alguns padres casados – podem fazer parte. O Vaticano frisou que a permissão para os padres casados será uma exceção e não será uma condição permanente do sacerdócio. Se um padre for solteiro quando se juntar à congregação, ele não poderá se casar. Um padre casado que se torne viúvo não poderá se casar novamente.

Ainda assim, a Igreja Católica está preparada para abrigar um grande número de padres casados, em quantidades não vistas desde os anos que antecederam o Primeiro Conselho de Latrão, que proibiu o casamento dos padres.

Agora, como na época, os críticos e defensores da Igreja estão ressuscitando argumentos sobre as consequências de permitir a presença de padres casados em uma instituição que costuma ser um tanto cautelosa com relação a eles. Mas em meio aos debates, é importante parar e considerar o ambiente que espera as esposas dos padres. Afinal seus papeis são ainda mais inusitados e estranhos que os de seus maridos.

Embora a igreja cristã, em seus primórdios, celebrasse a castidade, ela não tomou nenhuma decisão específica sobre o celibato dos sacerdotes até o movimento de reforma no século XI. Na ocasião, o grande propósito do celibato foi estabelecer uma separação clara entre os padres e os fiéis, elevando o clero.

Naquele cenário, a mera presença da esposa do padre atrapalhava esse objetivo, criando suspeita, e despertando o ódio da congregação. É difícil imaginar que espécie de sentimentos as esposas despertarão nos dias atuais.

As esposas dos sacerdotes então devem estar alertas ao tomarem parte na Igreja Católica. Sua posição é uma anomalia e, segundo o Vaticano, elas não receberão boas vindas permanentes na estrutura da Igreja. Seria prudente então, que o Vaticano honrasse a dignidade das mulheres e dos filhos dos padres casados. E que desse início a uma verdadeira conversa sobre a continuação do celibato entre os padres. Até lá, elas devem se manter cientes da tradição religiosa que as vê, nas palavras de Damião, como “encantadoras de padres, vírus da mente e material do pecado”.

Sara Ritchey

Fonte: Opinião e Noticia

Professora assistente de história da Europa medieval na University da Louisiana, em Lafayette

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