A partir da crise do capital financeiro globalizado de 2008, ficou demonstrado pela prática que a proposta neoliberal de redução do Estado não passou de afirmação ideológica. Seu objetivo real era libertar o capital financeiro de controles para realizar aventuras em seus negócios com as dívidas dos Estados e com créditos absolutamente sem garantias, com o único objetivo de concentrar renda e poder.
Sua aposta foi a de que os Estados, já amoldados aos seus interesses e dependentes de seus créditos, não os deixariam quebrar, já que isso resultaria na quebra geral do chamado “mercado global”. Aposta acertada: na hora da crise, repassaram, e com rapidez impressionante, trilhões de dólares dos fundos estatais para os grandes grupos econômico-financeiros.
E agora, no momento em que os Estados deveriam cobrar os empréstimos com juros, diminuindo suas dívidas, uma vez mais os mesmos grupos cobram que o “equilíbrio fiscal” dos orçamentos públicos – isto é, que a capacidade de continuar pagando os custos de suas dívidas - seja refeito diminuindo os gastos públicos, retirando direitos, rebaixando salários e aposentadorias.
Estamos diante da comprovação de que seu capitalismo é algo sem risco, pois socializam perdas e privatizam ganhos. E de forma legitimada, operacionalizada com a mediação dos Estados nacionais.
Este caldo, em que se misturam comprovações do previsto por análises críticas e teimosa continuidade nas mesmas políticas, tem sido motivo para que a equipe que recebeu a tarefa de elaborar análises críticas da história dos dias atuais – mais conhecidas como análises da conjuntura – tenha definido a questão do Estado como eixo para o texto deste ano. Como se verá, o objetivo foi contribuir para a compreensão crítica da mediação do Estado na configuração da sociedade brasileira.
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