Claudio Silveira aponta os desafios para o consumo consciente nas classes C e D |
A questão ambiental passou a ser um fator importante na hora da compra nas classes C e D. Entretanto, essa preocupação vai até onde não pesa no bolso. É o que revelou o estudo realizado neste mês pela Quorum Brasil, empresa especializada em pesquisas de mercado. A sondagem ouviu 400 pessoas, moradoras na cidade de São Paulo, com renda familiar entre R$ 1,1 mil e R$ 1,6 mil.
“Comprar um produto mais ambientalmente correto, estará associada diretamente ao custo dele, O preço ainda é fator de decisão para essas classes e a fidelidade às marcas é muito mais baixa do que nas classes A e B”, destaca Claudio Silveira, sócio da instituição criada em 2001. Para 67% dos entrevistados, as empresas são as grandes responsáveis pela poluição e 21% acredita que deve ser creditada à população essa conta.
O estudo mostrou também que apenas 28% dos entrevistados observam se a embalagem é reciclável. Vale citar ainda que 81% diz não se preocupar com a poluição do automóvel. Mais de 95% dos participantes acha importante separar o lixo entre recicláveis e não recicláveis, mas apenas 31% afirma fazer isso.
Na avaliação de Silveira, essa distância entre teoria e prática pode ser explicada, em parte, pela falta de lugar adequado para o descarte do lixo. “Não existe coleta seletiva, ou seja, existe uma série de impedimentos à prática da boa intenção. Podemos pensar nisso também nas classes A e B, que são as maiores compradoras de produtos eletrônicos piratas, embora tenham índices elevadíssimos de reprovação a esse tipo de atitude”, diz.
Pesquisa internacional também divulgada neste mês revelou que a sustentabilidade é cada vez mais um aspecto essencial na hora da compra. O estudo Retail Trend 2012, conduzido pelo The Future Laboratory, o mais completo dossiê de tendências do varejo do BRIC (Brasil, Índia, Rússia e China) mostrou que as decisões de compra são arraigadas em princípios éticos, ambientais e da comunidade.
Entretanto, Claudio Silveira lembra que a mudança de comportamento entre os consumidores precisa estar associada a condições para que ele pratique aquilo que entende como um bom comportamento. “Os governos devem prover as boas condições para as pessoas praticarem de forma mais intensa a boa intenção”.
Também segundo ele, a qualidade dos produtos será sempre um fator primordial, ou seja, o consumidor, de qualquer classe, irá seguir o conceito básico de que as empresas tem que dar o primeiro passo na viabilização de uma compra. “A qualidade está associada a uma boa marca e se essas marcas estamparem que são ambientalmente corretas e forem competitivas em termos de preço, sem dúvida terão preferência na compra”, completa.
Cynthia Ribeiro
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