quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

"A morte vai devorar a nossa vida... mas não vai devorar a solidariedade na história", ensina pe. Alfredinho

Em tempos de crises, a Paixão, Morte e a Ressurreição de Jesus Cristo são a fonte para onde o ser humano deve se voltar a fim de renovar a sua fé, despertar a sua esperança e animar a sua ação caridadosa.

Em encontro com as Pastorais Sociais da Arquidiocese de Montes Claros nos dias 18 a 20 de novembro de 2011, no Centro de Pastoral Rosa Mística, o padre Alfredo José Gonçalves esclareceu que “a crise leva os fortes à encruzilhada, à fronteira”. Então “as pessoas estão redescobrindo caminhos de ação”, alertou o sacerdote, que é natural de Portugal.

Para o padre Alfredinho, como a maioria das pessoas o chama, estamos em um “renascimento de iniciativas populares que não estão vinculadas a partidos” políticos, ao Estado. É hora de fortalecer os Círculos Bíblicos, a Economia Popular Solidária, as Novenas de Natal e da Campanha da Fraternidade. É hora de reunir a sociedade civil. “Você pode continuar apostando forças na via parlamentar”, que está viciada, observou padre Alfredinho.

No entanto, “não vamos gastar tantas energias na via eleitoral”, salientou. “A história não é um movimento linear. O coração da história bate assim”, pegou o assessor nacional das Pastorais Sociais a caneta e desenhou, foi riscando no papel morros mais altos, mais baixos, mais altos, mais baixos, hora regulares, hora acentuados. “Este gesto” de descanso, de reflexão “se acumula para um salto qualitativo: fortalecer a sociedade civil”, orientou. “As Pastorais Sociais são agora a criação de laços de, um dia, criar um clima para a luta”.

Padre Alfredinho ainda ressaltou a importância das pessoas comuns e que ajudam a Igreja católica, chamadas de cristãos leigos e cristãs leigas. Segundo ele, a participação dos leigos e das leigas na Igreja é fundamental. O futuro da Igreja na América Latina, no Brasil está nos leigos(as), reforçou. “Quando o trono está vazio, o povo cresce”, declarou. “A tendência é reduzir vocações”, indicou ele que é provincial da Pia Sociedade dos Missionários de São Carlos, em São Paulo (SP). “O leigo traz elementos para uma mudança da Igreja”, afirmou.

Padre Alfredinho, com a caneta na mão e sempre desenhando no quadro, explicou o significado da cruz. Entre a Cruz e a Ressurreição, há um caminho muito grande a percorrer. “Na cruz, morrem os malditos”, era a mensagem que o império romano queria repassar às pessoas com a tortura nela de gente que não concordava com a lógica do poder. Nesse longo caminho entre a Cruz e a Ressurreição, há escuridão. Mas leigos (pessoas simples e comuns), especialmente mulheres, estão sempre ali presentes.

Padre Alfredinho analisava o momento da crucificação de Jesus e as pessoas que permaneceram ao seu lado. “Este grupo carregava uma intuição profunda que este gesto não deveria ficar esquecido”, o gesto mais grandioso para a humanidade. “A cruz é um tremendo choque”, definiu. Porém, para o sacerdote português, “a vingança de Deus é o perdão”. “Este grupo intui que aqui tem uma semente”, que “não vai embora e vai brotar”, crescer e dar bons frutos. É a esperança.

“A morte devorou a vida de Jesus, mas não devora o gesto de amor que a gente deixa na história”, complementou padre Alfredinho. “A morte não devora o amor, não devora o gesto de solidariedade”, acrescentou. “A morte vai devorar a nossa vida... mas não vai devorar a solidariedade na história" entre os homens e as mulheres. Para o sacerdote, que veio à Montes Claros nos dias 18, 19 e 20 de novembro de 2011 para formação das 17 Pastorais Sociais da Arquidiocese de Montes Claros no Centro de Pastoral Rosa Mística, “quem sustentar” extremismos em instantes de perplexidade irá se dar muito mal. “A fé em Jesus nos nutre, nos alimenta”, pensou.

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