terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Documentário À Sombra de um Delírio Verde faz retrato dos Guarani Kaiowá

por Caros Amigos - Gabriela Moncau

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Uma versão em HD do documentário "À sombra de um delírio verde" acaba de ser lançada para a internet. O curta-metragem de 29 minutos retrata a devastadora situação do povo Guarani Kaiowá no Mato Grosso do Sul (MS), na desigual luta por terra contra as grandes transnacionais do agronegócio.

A produção independente, feita conjuntamente pela repórter televisiva belga Na Baccaert, o jornalista brasileiro Cristiano Navarro e o repórter cinematográfico argentino Nicolas Muñoz, chega à internet em mais um dos trágicos momentos da luta política nas terras vermelhas do MS. Os indígenas ainda tentam se recuperar do choque do recente assassinato, feito por cerca de 40 pistoleiros mascarados, do cacique Nísio Gomes, morto a tiros de calibre 12 na manhã do dia 18 deste mês de novembro. O corpo da liderança indígena, levado em uma das caminhonetes dos jagunços, ainda não foi encontrado. Desde o trágico episódio, dois adolescentes e uma criança permanecem desaparecidos. Como de costume, ninguém foi punido.

Colonização

"À sombra de um delírio verde" expõe a frequência das atrocidades praticadas a mando dos fazendeiros sobre esse povo indígena cuja etnia é a de maior população do Brasil: nos últimos 5 anos foram 8 lideranças executadas. A palavra guarani "Kaiowá" vêm esvaziando-se de seu significado original, "povo da floresta": o processo contínuo de colonização fez com que os mais de 40 mil Guarani Kaiowá vivam hoje em menos de 1% de seu território original.

O documentário contextualiza a disputa de terra na região com o acordo feito entre os então presidentes Bush e Lula para a impulsão da produção de biocombustíveis. Estima-se que a produção de etanol aumente até 10 vezes até 2025. Eduardo Correa Riedel, presidente da Federação da Agricultura MGS, entrevistado do filme, expõe com naturalidade a expectativa de que até o ano que vem haja de 900 mil a 1 milhão de hectares de plantação de cana de açúcar no MS (aproximadamente o equivalente a 1 milhão de campos de futebol). Retirados a força de suas terras, muitos indígenas só pisam nela novamente ao verem-se obrigados a trabalhar na mesma monocultura do "ouro verde" que enriquece os latifundiários na produção do etanol, exaustivamente propagandeado pelos governantes e pela imprensa como ecologicamente correto.

Raio-x

O delicado panorama da situação dos Guarani Kaiowá que o filme mostra abarca também a dependência dos indígenas com a cesta básica do governo, o grave problema de desnutrição infantil frente à impossibilidade de usar a terra para a alimentação, os casos de trabalho escravo, entre outras denúncias que os seus realizadores pretendem levar a órgãos internacionais.

Além das versões em espanhol, francês, inglês, alemão e holandês, a versão brasileira conta com a narração da sambista Fabiana Cozza. A trilha sonora é composta pela música "No yankee" do grupo de hip hop Bro'w (formado por jovens indígenas das aldeias de Dourados), e sete músicas compostas especialmente para o filme por Thomas Leonhardt.

Clique e veja À Sombra de um Delírio Verde


Fonte: CEBI

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