quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Pe. Ermanno Allegri aborda reflexões sobre as Jornadas Teológicas Andinas

De 19 a 21 de outubro, comunidades teológicas e pastorais dos países andinos estiveram reunidas em Bogotá (Colômbia) para discutir os desafios atuais e as tarefas futuras para a teologia latino-americana.

A Jornada Teológica Andina foi um dos momentos de preparação para o Congresso Continental de Teologia (CCT), que será realizado em 2012 no Brasil. Além da capital colombiana, as Jornadas Teológicas já passaram por outros três países: Guatemala, México e Chile.

Em entrevista à ADITAL, Pe. Ermanno Allegri, membro da organização do CCT e també
m diretor da Adital, expõe suas impressões sobre o encontro e destaca algumas reflexões que devem ter repercussão no Congresso.

Para ele, as jornadas preparatórias permitiram revelar características próprias de cada região da América Latina. Ele aponta que, enquanto algumas reuniram mais pessoas da prática pastoral, outra aglutinou mais setores acadêmicos e outra teve como foco as transformações da sociedade. "As Jornadas refletiam a situação social em que se desenvolviam", destaca.

Na avaliação dele, a Jornada Andina mostrou-se mais ligada ao mundo acadêmico. Ermanno ressalta a presença de palestrantes dos diversos países andinos, que favoreceu o pluralismo dentre as exposições no encontro. "Isso nos fez perceber que a teologia da libertação está atuante em todos os países. A teologia possui uma vivência interessante em cada uma dessas realidades", afirma.

Pe. Ermanno aponta, no entanto, que o viés acadêmico foi complementado com o olhar da prática teológico-pastoral, a partir das temáticas propostas pelas oficinas. Dentre os assuntos abordados nesses espaços, estiveram as diversas perspectivas da teologia: afro-ameríndia, índia, de gênero, moral, bíblica, sistemática, ecológica para a sustentabilidade e espiritual.

Por outro lado, Ermanno Allegri avalia que a questão da violência, um tema crucial para a realidade colombiana, não apareceu de forma clara nos debates propostos pelos palestrantes. "As intervenções durante as palestras é que provocaram a questão", revela. Nesse sentido, o diretor ressalta algumas falas de participantes que trouxeram contribuições para se refletir sobre o papel da Igreja.

"Falou-se da opção pelos pobres, proposta pela teologia da libertação, mas que essa escolha deveria incluir também a opção pelas vítimas, tendo em vista que Deus ressuscitou seu filho, que era uma vítima", explica. Propõe-se, dessa forma, que Igreja se faça presente também junto às vítimas dos mais diversos tipos de violências, pois se deve tomar como exemplo "a escolha que Deus fez".

Para Ermanno, é tarefa da Igreja estar junto das lutas sociais do mundo, pois significa que estará próximo dos que sofrem e são massacrados. "Mais do que conquistar fiéis, essa ação reflete a missão de solidariedade dos cristãos, como forma de construir a paz", ressalta o diretor da ADITAL.

Outro ponto destacado, a partir das falas dos participantes, foi a importância do envolvimento da Igreja com as Comissões da Verdade, estabelecidas em países como Colômbia e Peru. "É um caminho para se restabelecer a justiça e possibilitar a reconciliação. Não se trata de vingança, pois, para se alcançar a reconciliação, deve-se reconhecer o erro", avalia.

Ermanno ressalta, ainda, as contribuições geradas pela participação das mulheres como teólogas palestrantes. Mesmo com uma maioria de teólogos homens, "percebemos na fala das teólogas palestrantes o preenchimento de uma parte que falta, que somente se completa com uma visão feminina, senão feminista, que foi possível com a contribuição delas", afirma.


Camila Maciel

Fonte: Adital

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