Nos lembrarmos sempre da razão de ser da Igreja, que é a Missão de anunciar Jesus Cristo, a partir do testemunho pessoal, no serviço aos irmãos, principalmente aos pobres. Nós, cristãos, somos chamados a promover a dignidade da pessoa humana, na construção de uma sociedade justa e solidária.
Todos temos conhecimento dos incontáveis escândalos de corrupção e desvios de verbas públicas em nosso país. Parece um câncer que teima em se alastrar pela sociedade, exterminando com a dignidade de um povo honesto e trabalhador, que não perde a esperança de resgatar os seus direitos de Filho de Deus, merecedor de, no mínimo, condições básicas para a sobrevivência.
Causou-me indignação ao ver a reportagem de capa desta semana da revista Veja, que traz o que poderia ser feito com os 85 bilhões de reais desviados pela corrupção no Brasil. A revista lista algumas alternativas como, por exemplo, a erradicação da pobreza e o custeamento de 34 milhões de diárias de UTI nos melhores hospitais.
Parece-me que nós estamos como anestesiados com o que tem acontecido. Tudo parece normal, pois nos acostumamos com a corrupção. Estamos, talvez, à espera de algum “salvador da pátria”, que tenha o poder da honestidade, que não se curve à sutileza de advogados e afins que burlam legalmente a lei, arrastando indefinidamente processos intermináveis. E continuamos esperando...
Os processos tramitando na justiça e os acusados continuam a desfrutar dos milhões desviados dos cofres públicos, rindo dos que têm seus impostos devidamente descontados no final do mês. Qual a razão pela qual os acusados não têm seus bens bloqueados até que se julguem os processos? E se condenados, por que não têm seus bens confiscados para pagar o que devem?
Continuamos vendo pessoas sofrendo nas filas dos hospitais, aposentados vendendo balas nos semáforos, merendas escolares perdidas em galpões, professores mal pagos e maltratados, chefes de famílias desempregados e desesperados por verem faltar o básico para suas famílias e tantas outras situações de miséria humana que não sensibilizam pseudo-cidadãos que são muitíssimo bem pagos para criarem condições mais humanas para a população e administrarem o bem comum.
Lembremos as palavras de Jesus segundo o evangelista Lucas: “A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido” (Lc 12,48b).
Monsenhor João Luiz Fávero
Administrador Diocesano da Arquidiocese de Campinas
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