“Ele foi como um pai para nós. Desde os tempos da JOC, passando pela Pastoral Operária, Comunidades Eclesiais de Base, Movimento Fé e Política. E sempre na causa justa, ao lado dos pobres e trabalhadores. Se não fosse o Pe. Agostinho, muitas das coisas boas que estão acontecendo no Brasil desde o governo Lula e agora no governo Dilma, como o Bolsa Família, o ProUni, não teriam virado realidade. O Pe. Agostinho foi uma referência e um exemplo de vida, por sua dedicação e seu espírito de serviço aos excluídos, em especial aos trabalhadores”. Com estas palavras e de forma emocionada, o ministro Gilberto Carvalho, Secretário Geral da Presidência da República, resumiu quem foi Pe. Agostinho Pretto, no velório e missa na igreja São José de Nova Iguaçu, na presença de D. Luciano Bergamin, D. Valdir Calheiros, dezenas de sacerdotes e centenas de amigos, companheiros e fiéis.
Gaúcho de Encantado, sempre que a gente o visitava, nos recebia com um chimarrão, com um vinho gaúcho dos bons, um salame, um queijo e algum elogio ao Internacional, seu time do coração (Era talvez a única divergência nossa, eu que sou gremista). E muita conversa. Ou reuniões com lideranças, como a última em que participei em sua casa no final de março com cerca de cinqüenta lideranças da Baixada fluminense para fazer análise de conjuntura, discutir política e o trabalho de pastoral.
Amigo sempre, solidário a vida inteira, eternamente preocupado com todos e todas, querendo saber das pessoas, como andavam, que estavam fazendo, se não tinham abandonado o barco, se continuavam na luta.
Escreveu Júlio Lázaro Torma, da Pastoral Operária do Rio Grande do Sul: “Pe. Agostinho, apóstolo da classe trabalhadora.” Júnior, da Pastoral Operária do Ceará: “A cada encontro que tivemos, com tua simplicidade, você filosofava de coisas profundas, que iam além dos mestres acadêmicos. Te ouvindo falar, enriqueceram-se de conhecimento as nossas reflexões, que, tenho certeza, beberemos dessa eterna fonte por todas as nossas vidas, na construção do Reino de Jesus de Nazaré. Pe Agostinho, profeta da classe trabalhadora, leve uma mensagem nossa a Santo Dias, cujo aniversário de martírio celebraremos dia 30 de outubro, e diga a ele: Santo, a Luta vai continuar.” Diz Ferreirinha, companheiro e amigo, vereador de Nova Iguaçu: “Lutador, solidário humanista, libertador, incansável, corajoso, sonhador. Amigo, conselheiro, imprescindível.”
Era um dos nossos monumentos vivos. Quando da celebração dos 50 anos de sacerdócio do seu grande Pe. Armindo Cattelan em Canoas, Rio Grande do Sul, Pe. Agostinho falou em sua homenagem: “Tô contigo e não abro.” É o que dizemos hoje em sua memória eterna. Pe. Agostinho ligou a fé à vida e a vida à fé. Como poucos. O mesmo fervor com que rezava e celebrava com o povo ele transmitia para os companheiros da luta sindical, para os militantes da política, para os lutadores dos bairros, para os integrantes de ONGS. Fé e vida, vida e fé se integravam como se fossem uma só. Era militante e pastor. Militante das boas causas o tempo todo, pastor que cuidava com ternura e carinho de todas as suas ovelhas, para que nenhuma se perdesse pelo caminho.
Sabia viver e ensinava a viver. Com alegria, bom humor, sempre uma carne para o churrasco na casa dos amigos, um bom vinho, uma cerveja, uma caipirinha. Como lembrou Haroldo Gomes, liberado da Pastoral Operária nacional em 1990: “Nos meses que se seguiram à minha chegada na Baixada Fluminense, morando na inquieta Vila São Luís, em Duque de Caxias, quando pensávamos que estávamos só, o telefone tocava. Era dele. Em seu sotaque gaúcho, disparava: ‘Harôlido! Acende o fogo que estou levando uma carne para esquentar...!’ E fecha a ligação numa risada.”
Pe. Agostinho lutou para que o Reino acontecesse já a partir deste mundo. Nas palavras da Coordenação Nacional da JOC: “Lutou até o fim pela dignidade da classe trabalhadora. Estamos de luto pela partida deste grande lutador, que será um grande exemplo de perseverança, fé e compromisso com a juventude trabalhadora. Que o seu exemplo nos motive a cada instante e nos faça perceber que vale a pena lutar.” Como declarou a Pastoral Operária Nacional em sua homenagem: “Assim se vai mais um revolucionário, coisa rara hoje neste nosso país, um homem que lutou, enfrentou a repressão e teve a coragem de denunciar, de gritar sobre o que se passou com ele.” Ou na fala do Senador Lindbergh Farias: “Ele sempre me dizia que eu devia estar no meio do povo, que era o que eu melhor sabia fazer.”
Haveria muito mais a dizer. Termino com a mensagem da Pastoral Operária Nacional: “Tem muito mais sobre Agostinho, mas o que falta cabe a nós fazer, porque: ainda há muito para se aprender e se ensinar, muito caminho para caminhar, com muita pedra para se retirar. Tem muita gente para se escutar, muito projeto para se iniciar, tanto trabalho para se inventar, tantos direitos a se exigir, tanto futuro para construir, tanta alegria para sorrir, tanto caminho para seguir. Não dá para ficar parado/a, porque, Agostinho, VOCÊ ESTÁ PRESENTE!”
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