sábado, 22 de outubro de 2011

1º Seminario para Assessores CEBs do Nordeste

As CEBs se encontram hoje entre o descrédito e a resistência. A condenação da Teoplogia da Libertação coloca em destaque a sua eclesialidade e as CEBs tornam-se excluída e marginalizada com os pobres e isso ilumina a história profética das CEBs que tem como ponto histórico marcante o Concílio Vaticano II que recupera a base das primeiras comunidades cristãs.
O Concílio Vaticano II funda uma eclesiologia ministerial que dinamiza as paróquias a partir da vida das comunidades que são batizadas em Medellin e confirmadas em Puebla. As CEBs são a renovação da vida paroquial, sendo centro de evangelização e motores de libertação: animação comunitária da catequética e missão dos leigos.

Constata-se que a característica marcante das CEBs é o seu profetismo. Elas são um modelo de Igreja emergente, pois, foram responsáveis pela formação política no meio dos pobres e determinante de uma sociedade solidária e não de competição. O documento de Aparecida confirma que a caminhada das CEBs não acabaram; elas precisam estar com os pobres, resistindo pelo espírito profético: livres e gratuitamente. Não precisa inventar luta, basta estar com os pobres e lá se sabe qual a luta dos pobres. Elas serão sempre Igreja dos pobres, considerando sua espiritualidade do martírio e da vida: "os leigos vão aonde os padres não vão, dizem o que os padres não dizem, celebram a memória dos mártires..."

As CEBs não são nem movimento, nem pastoral, mas estrutura da Igreja, Igreja na base, "célula de estruturação eclesial" (Medelliin 10, 15; DAp 178). Elas são identificadas como comunidades de Base: a) testemunho (martiria) firmado pela fé trabalhada nos círculos bíblicos; b) anúncio (kerygma) ministrado na catequese; c) sacramento (liturgia) realizado nas celebrações da comunidade por ministros não ordenados; d) comunhão (koinonia) dentro da própria comunidade, com o pároco, com o bispo através dos conselhos comunitários; e) missão-serviço (diaconia) que confirma o compromisso sócio-transformador da comunidade.

Existem múltiplas formas de relação entre CEBs e as práticas religiosas. Elas estão inseridas num mundo plural e em contextos diversos na história política-organizativa da região, paróquia e diocese. Encontramos nas CEBs animadores da classe pobre, média baixa e os miseráveis são exceção. A participação das mulheres são maioria e as CEBs contribuem com o empoderamento delas através da participação em coordenação, nos ministérios e movimentos populares.

As comunidades sempre tiveram a pedagogia de Paulo Freire. Isso ajudou a implementar políticas públicas no Nordeste em torno da luta pela água, reforma agrária, convivência com o semiárido, conquista do salário mínimo, diminuição da mortalidade infantil. As CEBs contemporânea enfrentam o problema das mudanças que se deram pelos projetos "luz para todos" que trouxe junto a tecnologia; e a mídia religiosa se destaca pela teologia da prosperidade causando uma mudança brusca e violenta em nossas comunidades. O mundo da técnica e da ciência permitiu mudar a economia por conta do financeiro e da globalização que interfere também no mundo da política. Daí, então, se percebe que é preciso discutir a política a partir da fé e não a fé a partir da política. Observa-se que o mundo acumula conhecimento com muita rapidez e toda invenção passa a ser extensão do ser humano. Essa tecnologia avança também sobre a natureza, eliminando o vegetal e sucessivamente o animal. E a defesa da vida e da biodiversidade passa a ser uma das lutas das CEBs no mundo contemporâneo: "nós não devemos nos preocupar em defender a terra porque ela se defende por si mesma, mas precisamos defender é a vida no planeta" (Malvezzi).

PS: Discussão feita nos dois primeiros dias do seminário.

PE. VILECI BASÍLIO VIDAL
Coordenador Nacional para o 13° Intereclesial 2014

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