quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Somos CEBs, UAI, moço!!! Por que o povo foi excluído?

Se é pra ir pra luta, eu vou... Se é pra tá presente, eu tou... Pois na vida da gente o que vale é o amor...


Fiéis vibram com a Entrada da Palavra do 17º Grito dos Excluídos na Praça da Catedral, Centro de Montes Claros, Norte de Minas Gerais

Não fui ao desfile cívico no último dia 7 de setembro, fiquei em casa, trancado no meu quarto a estudar, tentando compreender teorias, algumas das quais pouco ou nada fizeram para melhorar, de fato, a vida das pessoas. Se tivesse ido à Avenida Deputado Esteves Rodrigues nessa data teria gostado de ver a passagem dos populares, dos trabalhadores, dos que não possuem propriedade privada, dos subalternizados, do ser humano comum, enfim, dos excluídos. Eles são mais a cara, o rosto, o jeitão do povo brasileiro. Sinceramente, penso que é melhor ver o povo se manifestar democraticamente a ver desfilar o braço armado do Estado, que detém o monopólio da força, e que, segundo Karl Marx, representa o comitê da burguesia.

O que me deixou estarrecido foi saber que essa manifestação do povo simples, de gente humilde e pacífica, plenamente consciente de seus direitos, não pôde passar pela avenida. Essa informação obtive através do endereço eletrônico
http://www.arquimoc.org.br/noticias.php?id=3975 [sob o título - GRITO DOS EXCLUÍDOS - Manifestantes driblam tropa de choque de policiais militares].

Se esses dados estiverem corretos e representarem os fatos, teremos de repensar a nossa independência, que o desfile comemorava. Mas devemos acima de tudo questionar o nosso modelo de democracia. Cresci aprendendo na escola primária que essa palavra diz respeito a um regime de governo em que o poder de tomar decisões está com o povo. Nessa ocasião do sete de setembro, observo que o sentido do demo/kratos “poder do povo” foi invertido: o povo foi excluído do seu direito de manifestar em plena data cívica de sua nação... excluído. Que ironia!

A primavera árabe mostrou ao mundo que a repressão de tiranos e a não participação do povo do centro das decisões políticas não são mais toleráveis. E, diga-se de passagem, as ruas foram tomadas por populares do Médio Oriente, local distante do berço da libertè, fraternitè, igualitè, ideais que ajudaram a moldar o Ocidente e seus valores. Quando o tamanho do Estado, somado à esfera política partidária, suplantou a importância do povo deixando-o mudo e sem poder de ação, surgiram os regimes totalitários. Vide a história do nazismo na Alemanha, cujo terror não necessito mencionar.

Sinceramente, não vejo razões plausíveis para impedir que o povo se manifeste pacificamente, a qualquer momento ou por qualquer motivo. Quando cidadãos se manifestam a sociedade permanece viva. A população pode e deve reivindicar de forma ordeira em qualquer espaço público, locais construídos com recursos do povo. O Estado não é propriedade de uns poucos, não pode ser instrumento de silêncio ou tortura. Estudei durante anos em Universidade pública, portanto, mantida pelo Estado. Lá, juntamente com meus colegas, aprendi a ser um pouco mais questionador e reflexivo, passei a compreender que o mundo é cheio de contradições que precisam ser superadas para encontrarmos a independência, a independência da obscuridade, da ignorância, do medo de falar e manifestar sobre aquilo que acreditamos.

Em todo caso viva a independência, e quem sabe um dia vamos comemorar também, nas ruas, a chegada da verdadeira democracia. A democracia plena e participativa. E como canta Chico Buarque, em uma de suas composições...
“mesmo calada a boca resta o peito, silêncio na cidade não se escuta”.

Luiz Eduardo de Souza Pinto


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