domingo, 4 de setembro de 2011

Memória - 2008 :Igreja, Comunidade de Comunidades: Experiências e Avanços


Seminário sobre Comunidade reúne lideranças de todo o país

Na esteira de Aparecida, concretamente, no contexto deste tempo de recepção de suas conclusões, está a realização do Seminário – Igreja comunidade de comunidades, Experiências e avanços -, promovido pelo Instituto Nacional de Pastoral, da CNBB, de 27 a 30 de agosto de 2008, no Centro de Pastoral Santa Fé, São Paulo/SP.

O imperativo de uma Igreja “comunidade de comunidades” é decorrência da convocação da Quinta Conferência em nos colocarmos todos “em estado permanente de missão”, no seio de comunidades eclesiais de tamanho humano, constituídas de discípulos missionários que tenham realizado um encontro pessoal com Jesus Cristo.

Quatro objetivos nortearam a busca dos resultados projetados para o seminário:

a) Favorecer uma refl exão crítica a partir da experiência pastoral dos participantes, sobre o que signifi ca ser Igreja-comunidade, hoje, num mundo fragmentado e competitivo;

b) Refl etir, teórica e praticamente, sobre os elementos da estrutura eclesial que impedem ou possibilitam ser Igreja-comunidade, em um contexto de profundas mudanças;

c) Repensar, comunitariamente, a necessidade urgente de “conversão pastoral” e “renovação institucional”, para que, à luz do Documento de Aparecida, se dê novo impulso ao compromisso evangélico de ser Igreja-comunidade;

d) Fortalecer, entre os participantes, a experiência de diálogo e comunicação que valorize as práticas, canais e instrumentos de organização das Igrejas Locais como espaços de realização da Igreja-comunidade.

A riqueza do Seminário, sem dúvida, esteve em seus integrantes. Participaram do evento 234 pessoas, dentre elas, 117 coordenadores diocesanos de pastoral, trazendo a vida das Igrejas Locais e, ao mesmo tempo, levando luzes para o exercício deste importante ministério na Igreja.

Estiveram representadas 164 dioceses, de todas as regiões do país, o que permitiu ter um retrato da situação da Igreja no Brasil e reunir buscas múltiplas, seja no plano da refl exão, seja no campo de experiências inovadoras.

2008

Lideranças de todo o país, em sua maioria padres, chegaram ontem ao Centro de Pastoral Santa Fé, em São Paulo, para o Seminário “Igreja, Comunidade de comunidades. Experiências e avanços”, organizado pelo Instituto Nacional de Pastoral da CNBB (INP). “Teremos aqui a oportunidade de receber toda a energia que vem de Deus. Vamos ouvir os estudiosos, mas cada um também poderá contar sua história”, disse o subsecretário de pastoral da CNBB, padre Ademar Agostinho Sauthier, ao acolher os mais de 260 participantes do evento, que termina no sábado.
O teólogo, padre Cleto Caliman, membro do INP, ressaltou o caráter participativo que deve marcar o Seminário. “Este Seminário deverá ser vivido como experiência eclesial.
Entremos em espírito de partilha, de conhecimento e de interação para o conjunto do trabalho”.
O encontro tem como inspiração o Documento de Aparecida e as novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil aprovadas pela CNBB. “As Diretrizes dão continuidade ao projeto pastoral da Igreja no Brasil que vigora desde os anos 1970 e apresentam como novidade a assimilação do Documento de Aparecida”, esclareceu padre Cleto.
O cientista social e membro do INP, padre Luiz Roberto Benedetti, explicou a metodologia do Seminário que traz como novidade a exibição de filmes e documentários como atividades da noite. “Vamos usar também a linguagem do cinema. Os filmes e documentários não são apenas entretenimentos. Foram pensados a partir do nosso tema”, explicou padre Benedetti. “O mundo de hoje não quer muito discurso, muita verdade pronta, mas sensibilidade. A arte vê a realidade antes dela acontecer”.
Durante o seminário, haverá, pela manhã, mesas redondas com especialistas em vários assuntos e, à tarde, oficinas que darão a oportunidade dos participantes trocarem experiências. De acordo com padre Benedetti, o Seminário funcionará como um caleidoscópio “que nos fará perceber o que temos de diferente e de convergente”. “Além das mesas redondas, vamos ter as oficinas que serão uma construção coletiva de pistas de ação de nossa presença de uma Igreja que seja comunidade”, disse.
A mesa redonda de hoje debate o tema “A comunidade humana circunstanciada”. Dela participarão o cientista sócia, padre Luiz Roberto Benedetti; o psicólogo, padre Antônio Tatagia e a teóloga, Maria Clara Bingemer. O ato de abertura foi encerrado com um show de Nando Penteado e Jorge Cirilo.

Missa

Na manhã desta quinta-feira, 28, o secretário geral da CNBB, dom Dimas Lara Barbosa, presidiu a missa e falou da importância do Seminário para a Igreja do Brasil. Chamou a atenção para o compromisso missionário da Igreja. Para o secretário, em relação à missão, não se trata de criar coisas novas, mas ressignificar o que já é feito “De que modo nossas comunidades podem se tornar mais missionárias”, indagou.

Relação das oficinas e seus respectivos assessores.
  • Comunidade e comunidades virtuais: novas gerações - Drª Brenda Carranza
  • Comunidade e comunidades emocionais: cura, afetividade, interesses pessoais - Pe. Cleto Caliman
  • Comunidade e justiça/ solidariedade - Pe. Ernanne Pinheiro
  • Comunidade e novas comunidades/ movimentos eclesiais - Pe. Luiz Roberto Benedetti
  • Comunidade e ministérios e serviços - Pe. Pedro Bassini
  • Comunidade e CEBs – Prof. Sérgio Coutinho
  • Comunidade e comunidades ambientais: ribeirinhos, quilombos, indígenas - D. Dimas Lara Barbosa e Pe. Ademar Agostinho Sauthier
  • Comunidade e Paróquias: territorialidade / missão - Pe. Wilson Angotti
  • Comunidade e Favelas/ condomínios fechados - Pe. Joel Portella Amado
  • Comunidade e Igreja Local e inculturação - Pe. Agenor Brighenti


Três especialistas participaram da primeira mesa-redonda que abriu, na manhã desta quinta-feira, 28, as atividades do Seminário Igreja, Comunidade de comunidades. Experiências e avanços, no Centro de Pastoral Santa Fé, em São Paulo. “A palavra comunidade tem uma pluralidade de significados”, disse o sociólogo, padre Roberto Luiz Benedetti.
“Comunidade se define por amizade, parentesco, vizinhança, com relações múltiplas”, afirmou o sociólogo. Para ele a comunidade necessita de um código de valores para que os membros tenham senso de identidade. A teóloga Maria Clara Bingemer, por sua vez, apresentou os aspectos teológicos da comunidade. “A fé é uma experiência unicamente humana”, disse Maria Clara. “Não se pode fazer a experiência da fé fora da comunidade”, afirmou.
Já o psicólogo, padre Antônio Tatagiba, destacou as “exigências internas” de uma comunidade. A primeira diz que comunidade de fé deve pensar em comum a fé e a própria missão. Já a segunda está voltada para a experiência mística que deve marcar a comunidade. “Trata-se de ter experiências místicas em comum, junto aos grandes desafios de nosso tempo”, considerou padre Tatagiba.
“Não se pode construir uma comunidade à margem do que são as variadas problemáticas pessoais dos membros que a compõem”, garantiu o psicólogo ao abordar outra exigência da comunidade. “Na formação das lideranças requer-se levar em conta também as realidades complexas pelas quais passam alguns membros da comunidade”.
Padre Tatagiba destacou, ainda, que a vida de comunidade deve levar em consideração a vida real e as relações interpessoais. “Todo grupo tende a favorecer ilusões grupais em torno da comunidade” observou. “Estas fantasias têm relação com a aspiração radical do desejo, que é de eliminar toda distancia e diferença. Isso é uma ilusão muito perigosa porque o objeto do desejo é impossível. Muitas vezes esta fantasia é alimentada pelos nossos planos de evangelização”.
Segundo padre Tatagiba, a questão do poder, “no seu sentido puramente sociológico”, também tem está presente na vida de comunidade. “O poder como expressão do domínio está absolutamente excluído numa comunidade cristã”.
O Seminário Igreja, Comunidade de comunidades reúne 236 lideranças diretamente ligadas à coordenação pastoral das dioceses de todo o país. São 36 leigos, 4 diáconos, 14 religiosas, 180 padres e um bispo. Organizado pelo Instituto Nacional de Pastoral (INP), organismo da CNBB, o encontro termina no próximo sábado, dia 30.

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