quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Missão nas CEBs das ilhas

Queridos amigos compartilho com vocês um pouco da nossa alegria por ter vivido por alguns dias essa experiência juntamente com minha fraternidade Franciscana-capuchinha daqui do Amapá, por estas terras onde os hábitos de vida são bastante diferentes das nossas raízes maternas, já que somos todos de cidades e estados diferentes.

Uma região onde a natureza é um perene testemunho da criação de Deus e que enche os nossos olhos da beleza do criador impressa entre água e céu, botos e ilhas diversas. Portanto, coloco pequenos fragmentos do nosso diário de missão, quase que em forma de crônica, escrito ao longo das visitas às comunidades eclesiais de base das ilhas.

A aurora já estava adiantada, o relógio alcançava as 6:45 da matina, o nosso grupo de missionários punha- se a caminho do Porto do Grego que fica na cidade de Santana-AP, logo que chegamos lá fomos calorosamente recebidos pelo motorista do barco que iria nos conduzir nesta missão.

Partimos por volta das 7:10, as águas do rio Amazonas estavam tranqüilas e favoráveis, ainda despertando para mais um dia do vai-e-vem das marés, facilitando a navegação. Como relatei na introdução, a natureza deste pequeno pedaço amazônico nos surpreendeu, o que não seria mais novidade se insistisse em dizer isso.

O importante é que todos foram conduzidos a um estado de contemplação a respeito da beleza de Deus estampada nas criaturas, testemunho perene da perfeição do nosso criador.

Após duas horas de percurso, chegamos à primeira comunidade, situada no município de Afuá-PA e dedicada à Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Ao avistar-nos na proa do barco o povo reuniu-se na porta da capelinha com cantos de festa e de alegria para nos receber fraternalmente.

Não perdemos tempo, logo iniciamos nosso trabalho de cantar e ensaiar os cânticos da celebração, em seguida iniciou-se a primeira palestra sobre a Lectio Divina dentro da realidade dos círculos bíblicos já propostos pela diocese de Macapá.

Quão profundos foram os colóquios daquela manhã, incrível foi a forma que eles rezaram a parábola do semeador à luz da realidade deles, acredito que conseguiram escutar Deus no nosso hoje e assim reanimá-los no caminho do crescimento da comunidade.

Encerramos o dia com uma bonita celebração ao redor de uma mesa repleta de açaí, peixe e camarões, tudo colhido momentos antes para festejar esse primeiro dia de missão, afinal de contas por essa época do ano há em grande fartura.

Ao deitar-me, no barco, por alguns momentos ficaram passando na minha cabeça as várias histórias que escutei daquele povo. No friozinho da manhã, às sete horas nosso barco deixava a vila rumo à próxima comunidade. Os Freis Elias, Hernane, José e eu subimos para o teto do barco a fim de fazer as orações matutinas enquanto nos deslocávamos. Nada melhor que entoar nossos louvores a Deus contemplando a sua obra criada.

Às 8:15 chegamos na vila de Nossa Senhora de Fátima. Lá fomos recebidos por uma família que prontamente nos ofereceu um bom café. À tarde o sol estava muito forte e o calor era excessivo devido a coberta da igreja. Encerramos o trabalho do dia às 17:20, o corpo já carregava um pouco de cansaço devido as altas temperaturas, mas nossa alma estava docemente alegre por ter trabalhado mais um dia de nossas vidas para o Senhor que também quer se fazer irmão nas comunidades eclesiais das ilhas.

Os dias que sucederam tiveram um ritmo muito parecido com esses que relatei, assim sendo, visitamos mais cinco comunidades, estas já pertencentes ao município de Gurupá-PA bem distantes uma da outra.

A etapa final do trabalho se deu no dia 29/07, completando-se oito dias em que o barco foi a nossa casa e as comunidades uma extensão da nossa igreja. Conhecer a maneira de viver das outras pessoas é muito importante, nos ajuda a crescer, aprendemos muito com eles. Acho que também aprenderam conosco.

Gostaria de inserir-me entre eles para conhecer e viver um pouco mais as suas alegrias e dificuldades. Vivendo a cada dia a dimensão da encarnação do verbo de Deus nas culturas. Desejaria contar-lhes mais coisas, mas acho que já é o suficiente. Um forte abraço! Encerro com um refrão muito cantado pelo povo de Deus da Amazônia: “Sou missionário sou povo de Deus, sou índio, caboclo, mestiço, fazendo da vida missão. Aqui nesta grande tapera da igreja amazônica sou mensageiro de um Deus que é irmão”

Frei Victor OFMcap

Fonte: Jornal do Dia Macapá - Amapá


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