Ao chegar ao local.... a imensidão, a beleza e a grandeza do local já mexem com as emoções...
A caminhada, chegando ao local
O Rio Madeira e a construção das barragens...
Esta fazendo dois anos hoje!
Foi no dia 22 de julho de 2009, no segundo dia do 12º Intereclesial das CEBs, "CEBs: Ecologia e Missão - Do ventre da terra, o grito que vem da Amazônia", em Porto Velho, Rondonia.
Participar do 12º Intereclesial das CEBs, foi uma experiência transformadora em minha existência. No segundo dia do Intereclesial, meu terceiro dia em Porto Velho, aconteceu a Caminhada dos Mártires, uma procissão da terra, da água, dos mártires, do cosmo.
Ao chegar ao local de onde partiríamos em caminhada, local que foi preparado para nos receber, o sol estava alto, fazia um calor intenso. Logo teve inicio a chegada das delegações.Uma imensa multidão.
Começada a caminhada, eu ia buscando compreender o que acontecia... caminhava em um local de rara beleza, me doía saber que aquela era a primeira e ultima vez , que já não haveria um caminhar por aquela estrada, tudo seria inundado dada a construção de uma barragem.
Com muita dificuldade eu caminhava, calçados inadequado, calor, o coração apertado por inteirar-me da destruição que estava acontecendo.
De repente um fortíssimo estrondo se fez ouvir, logo nuvem de poeira se formou e gritos de susto de milhares de pássaros ecoaram no ar. Fora detonada toneladas de dinamite...
Eu parava devido a dificuldade em caminhar e via famílias que "surgiam" por entre as árvores, outras que pacientemente aguardavam aquela multidão passar; pessoas que relataram o seus desesperos, sua angustias: onde há gerações fora seus lares, seria alagado e não sabiam para onde ir, pois não tinham o papel ( escritura das terras) para receber alguma indenização e também que ficariam sem serviço, pois há gerações, sempre foram ribeirinhos... Muitos acreditavam que aquele pessoal que para lá foi, iriam ajudar a resolver seus problemas....
Mais adiante um forte cheiro de morte impregnava o ar, criaturas do rio que foram mortas no processo da construção da barragem e ainda ouvia gritos de pássaros que pareciam choros de dor, pois retornavam a sua casa, arvore para repousar e nada mais havia...
Quando chegamos a Capela Santo Antonio, eu estava muito mal, um aperto enorme no coração, me sentindo tão pequena, como ajudar, que fazer diante do sistema opressor, que fazer se esta energia que virá a ser gerada é para ser consumida em meu estado, que fazer diante dessa realidade imutável de destruição e morte da natureza, que fazer para com os irmãos que serão desalojados e terão apagadas suas estórias???
Teve inicio a Celebração das Boas Aventuranças, sentei as margens do Rio Madeira e chorei, chorei, chorei... neste momento começou a chover e minhas lágrimas foram lavadas pela água da chuva, tive um encontro pessoal comigo mesma e com Ele.
No dia seguinte eu estava bem. Foi uma experiência transformadora, o sentir que é urgente ir a todas as direções para proclamar que o mal e a morte não têm a ultima palavra, que fomos libertos e salvos pela vitória pascal do Senhor da história... que somos testemunhas e missionários nas grandes cidades e nos campos, nas montanhas e nas florestas, na convivência social, nos areópagos da vida das nações, que temos o dever de nos fazermos sempre presente.
M. Matsutacke
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