domingo, 26 de junho de 2011

Digníssima Ministra, ausente

"Gostaríamos de entregar esse documento e falar com a Ministra. Mas como ela não pode estar entregando à senhora esse documento.” Era grande movimentação na escola indígena Tengatui, aldeia Jaguapiru, terra Indígena Dourados. Uma multidão de indígenas estava recebendo seus documentos civis, nos quais consta também o nome do povo. Conforme a imprensa local foram entregues mais de 7 mil documentos. É parte do mutirão de cidadania para ao qual a Ministra viria. Trata-se de uma atividade ampla na qual estiveram envolvidos vários órgãos públicos.

Foram entregues os documentos para a secretária da Ministra Maria do Rosário. Beatriz se comprometeu em fazer chegar os documentos até a ministra. Um dos documentos pedia uma audiência com a ministra em Brasília, e o empenho de Maria do Rosário em agendar também audiência com outros ministros. A proposta é de uma delegação dos indígenas do Mato Grosso do Sul seguirem para a capital federal em breve.

"Em nome dos Terena também gostaríamos de entregar, um documento falando do grave atentado que sofreram alunos nossos”, disse Edson. Ao mesmo tempo questionou "gostaríamos de saber qual é o pensamento da presidente Dilma a respeito dos povos indígenas, pois nesses seis meses de seu governo não ouvimos ela pronunciar a palavra índio, nenhuma vez”.

Acampamento Ta’anga Yvy

Em volta de uma acolhedora sombra de um enorme e solitário Kurupa’y (angico do campo) se espalham 27 barracos, de poucos metros quadrados cada um. É ali que a resistência acampou. Chatelin, Ambrosio e seus companheiros de luta e esperança fincaram ali os direitos sobre seu território. Voltaram a esse seu tekohá no início deste mês.
Receberam a solidariedade de uma comissão do Conselho da Aty Guasu e o representante da Comissão Nacional de Política Indigenista. Quando os indígenas chegaram há duas semanas os fazendeiros se ouriçaram, fecharam o local com seus potentes tratores e luxuosas camionetes, tentando intimida-los. Logo em seguida procuraram o caminho da cooptação. Ofereceram às lideranças significativas somas em dinheiro para que demovessem seus parentes a deixarem o lugar. Getúlio relata as três ofertas em dinheiro e diz que a todas as ofertas as lideranças disseram que não lhes interessava o dinheiro, pois estavam lutando pela sua terra, onde viveram seus antepassados e onde viverão seus filhos.

Lideranças do acampamento vieram trazer sua luta e solicitar o apoio e solidariedade de todos os parentes Kaiowá Guarani e Terena reunidos no 3º. Encontro de acadêmicos indígenas, vereadores e lideranças Kaiowá Guarani, Terena e Kadiwéu.O encontro foi promovido pelo programa Rede de Saberes, integrado por várias universidades do Mato Grosso do Sul.

No dia 19, a comissão que ficou para falar com a Ministra dos Direitos Humanos e entregar documentos, passou antes no acampamento da retomada do tekohá Ta’nga Yvy. Viram os mapas históricos que mostram que o local onde está o acampamento fazia parte da reserva indígena Dourados.

Ação genocida contra os Terena

Edson, representante do povo Terena, dirigiu-se à secretária da Ministra de forma muito direta dizendo "Estamos entregando à senhora um documento relatando a grave agressão aos nossos direitos com o atentado contra um ônibus com nossos estudantes. Queremos que os responsáveis sejam punidos. Também ficamos muito preocupados com o silencia da presidente, pois não ouvimos ela dizer a palavra índio nenhuma vez”

"Nós, representantes indígenas do povo Terena, juntamente com as lideranças, professores indígenas e vereadores Kaiowá e Guarani, presentes no III Encontro de Acadêmicos Índios e Política Partidária, nos dias 17 e 18 de junho, em Dourados, vimos pelo presente documento manifestar nosso repúdio e indignação à ação genocida ocorrida na terra indígena Cachoeirinha (03/06), do povo Terena, onde um ônibus escolar que fazia o transporte de indígenas para a rede escolar de Miranda, na volta para a aldeia, foi atacado por pessoas, ainda não identificadas, que incendiaram o ônibus ferindo gravemente vários estudantes Terena bem como o motorista”. (Nota de repudio...)

Movimento Povo Guarani Grande Povo

Dourados, 21 de junho 2011.


Egon Dionísio Heck
Assessor do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) Mato Grosso do Sul

Fonte: Adital

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