terça-feira, 3 de maio de 2011

CEBs e grupos de reflexão

O que são as CEBs e qual a sua importância para a Igreja hoje? Como elas podem transformar nossas paróquias em verdadeiras redes de comunidades missionárias?

Para responder a essa pergunta iremos refletir sobre as CEBs relacionando-as com a experiência dos Grupos de Reflexão na Paróquia Nossa Senhora da Conceição em Pajuçara.

Entre os grandes contribuições da Igreja na América Latina estão as CEBs (Comunidades Eclesiais de Base).

CEBs são: Comunidades, porque são uma reunião de pessoas que vivem numa mesma região e professam a mesma fé. Eclesiais, pois são comunidades da Igreja (ekklesia), não são independentes, mas formam um só corpo enquanto Igreja-comunitária. E são de Base, enquanto constituídas por pessoas das classes mais populares, das bases.

As CEBs surgiram em torno das décadas de 60 a 80, incentivadas pelo Concilio Vaticano II (1962-65), no Brasil e na América Latina estas comunidades impulsionaram a criação de vários grupos, movimentos, associações, sindicatos, dando grande força à luta contra a ditadura militar (1965-85) e pela redemocratização do país.

Caracterizam-se pelo uso do método VER (a realidade com os olhos da fé) JULGAR (à luz da Palavra de Deus) e AGIR (segundo os princípios do projeto de Jesus Cristo), bem como pela territorialidade, pelos círculos bíblicos, pela formação de ministérios leigos e pastorais, além disso, atuam na formação de conselhos e assembléias para discussão de problemas comunitários.


Nossas paróquias hoje precisam abrir-se e resgatar a experiência das CEBs, pois a paróquia enquanto comunhão de comunidades encontrará nelas a estrutura e a dinâmica para tornar-se uma unidade apesar das diferenças.

Como diz o Padre José Herval, sdn (no seu livro sobre CEBs e paróquia): “É muito importante essa visão positiva de paróquia como comunhão de comunidades (...) Isso tudo supõe base. Base de comunidades, assim, são os grupos de reflexão.

No fundo, a comunidade consciente é um grupo de grupos”. Os Grupos de Reflexão têm o papel primordial de animar as comunidades e catequizar seus membros a partir da leitura e reflexão da Palavra de Deus, isso acontece sempre em clima de oração e em comunidade, respeitando aquilo que diz o documento Dei Verbum, do Concilio Vaticano II, “a Palavra de Deus deve ser lida no mesmo espírito em que foi escrita”, vale dizer, em espírito comunitário.


Na paróquia Nossa Senhora da Conceição, no distrito de Pajuçara (Maracanaú), sob o cuidado dos Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora, a experiência dos Grupos de Reflexão tem sido algo fundamental para a evangelização das comunidades desta grande paróquia. Desde sua fundação em 1992, se tem investido nessa forma de evangelização e organização popular.

O papel dos Grupos de Reflexão na paróquia tem sido essencial na medida em que possibilita uma formação bíblica, espiritual e pastoral continuada dos membros das comunidades, além de contribuir para a atualização sobre as questões discutidas em nossa sociedade e permitir a organização social e política dos paroquianos, como foi, por exemplo, os projetos ‘dizimo sem taxas’ e ‘reciclar para construir’, além dos fóruns de debate sobre a saúde e a violência no município de Maracanaú, bem como os debates com os candidatos a vereador em Pajuçara.


Tudo isso nos leva a crer que a realidade sonhada pela Conferencia de Aparecida (2007), de comunidades de discípulos e missionários de Jesus Cristo, formada essencialmente por cristãos leigos conscientes, animados e dispostos a agir, não é um sonho tão utópico, nem muito menos longe de nosso alcance. É nas periferias do mundo e mesmo nas periferias da América Latina, que o modelo de comunidade cristã tão belamente apresentado nos Atos dos Apóstolos (2,42), poderá ser vivenciado, a partir da fidelidade ao ensinamento dos apóstolos, tendo como centro a Eucaristia, a comunhão fraterna e as orações de louvor ao Deus da vida.


Francisco Jose da Silva

professor Mestre em Filosofia UFC Cariri


Fonte:Jornal O Povo

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