domingo, 3 de abril de 2011

Dom ÓSCAR ROMERO, o arcebispo do povo : Romero Vive!


Eu não acredito na morte sem ressureição, disse o arcebispo. “ se eles matarem-me, eu serei ressuscitado no coração do povo Salvadorenho” Dom Óscar Romero (tal como Luther King),nunca teve dúvidas de que era um alvo a abater pela ditadura, e a exemplo do seu predecessor, preferia falar da morte, pois a coragem esta, presumia-se. E dia-após-dia avançou inexorável no cumprimento da sua missão e do seu destino; DENUNCIAR A INJUSTIÇA, jamais lhe passou pela cabeça ‘recuar’ ou ‘juntar-se’ as forças da ditadura assassina de El Salvador.

O AMIGO DOS POBRES E OPRIMIDOS.

Em cada aniversário (um acontecimento nacional) da sua morte, o povo marcha através das ruas carregando e interiorizando a promessa, impresso em centenas de cartazes. Mães fazem centenas de pupusas (espessas tortilhas feitas com feijão) as 5 horas da manhã, embrulha-os, e preparam as crianças para duas horas de caminhada para a cidade para relembrar o paladino da justiça chamado de Monsenhor Dom Romero.

QUEM FOI ESTE DEFENSOR DA JUSTIÇA?

Óscar Arnulfo Romero Galdámez, conhecido como Monsenhor Romero, nasceu na cidade de Barrios, São Miguel aos 15 de Agosto de 1917, foi morto em São Salvador, aos 24 de Março de 1980 á meio de uma homilia (em plena missa), foi um Sacerdote Católico Salvadorenho, quarto arcebispo metropolitano de São Salvador (1977-1980). Nasceu numa familia de origens humildes, entrou para o seminário de São Miguel em 1930.

Os superiores mandaram-no para Roma, para estudar e aperfeiçoar-se na Pontificia Universidade Gregoriana. Foi ordenado padre em 4 de Abril de 1942.

Em 25 de Abril 1970, é nomeado Bispo Auxiliar de São Salvador, e em 15 de Outubro de 1974 bispo de Santiago de Maria.

ARCEBISPO

Em 2 de Fevereiro de 1977, foi nomeado Arcebispo de São Salvador, escolhido arcebispo por seu conservadorismo, uma vez nomeado aderiu a não-violência, posição que o levou a ser comparado ao Mahatma Ghandi e a Martin Luther King, por isso Òscar Romero, passou a denunciar, nas suas homilias dominicais, as numerosas violações de direitos humanos em São Salvador (no principio com bastante timidez e de forma insipida) e manifestar publicamente sua solidariedade com as vitimas da violência politica, a medida que ia tomando conhecimento cada vez mais real da verdadeira índole da ditadura, tornou-se o porta-voz da angustia e gemido das classes mais desfavorecidas (os pobres, camponeses, marginalizados e humildes) no contexto da Guerra civil Salvadorenha.

Dentro da igreja Católica, defendia a “opção preferencial pelos pobres”

A MORTE

Na homilia de 11 de Novembro de 1977, Monsenhor Romero, afirmou; “a missão da igreja é identificar-se com os pobres. Assim a igreja encontra sua salvação.”

Antes de se efectivar a sua morte, recebeu milhares de ameaças de morte, algumas directas e outras indirectas isto é anónimas, mas tais ameaças ao invés de atemorizarem-no e afrouxar a sua temerária actividade, galvanizaram-no para o destino que inevitavelmente estava previamente traçado para ele. Dom Óscar Romero foi assassinado em 24 de Março de 1980 por um atirador de elite do exército Salvadorenho, treinado nas escolas das Américas, enquanto celebrava a missa. Sua morte provocou uma onda de protestos em todo o mundo e pressões internacionais por reformas em El Salvador.

Foi declarado Servo de Deus pelo Papa João Paulo II.

O DEFENSOR DOS OPRIMIDOS

O povo Salvadorenho estava desprotegido, em 1980 morriam por mês durante a guerra civil cerca de 3’000 Salvadorenhos, as ruas e casas encontravam-se apinhadas de cadáveres. Com uma única excepção, todos os bispos Salvadorenhos voltaram as costas ao povo e consequentemente ao Arcebispo Dom Óscar Romero, que travava uma batalha insólita e invulgar contra a ditadura militar, Evocava David e Golias. Os Bispos Salvadorenhos foram tão longe chegando inclusive de mandar secretamente informações para Roma, difamando o arcebispo, acusando-o de “politizado,” marxista e mais preocupado em ‘buscar’ popularidade.

Com o intuito de ser ‘silenciado’, Romero, recusou um importante cargo governamental, condicionando inteligentemente a sua aceitação á interrupção da repressão contra o povo, tal recusa tornou-o inimigo do governo e da junta militar, ganhando por outro lado um tremendo apoio e admiração popular.

Romero, foi uma surpresa na história de El Salvador, o povo nunca esperou que, pelo seu conservadorismo, ‘tomasse’ partido incondicional pelo povo, os bispos da igreja e os líderes politicos no poder, sentiram-se traídos. Ele tivera sido eleito arcebispo justamente por seu conservadorismo, e precisamente pelo apoio de bispos igualmente conservadores, Romero era um ortodoxo, conhecido por suas criticas contra o progressivo da teologia da libertação, assim alinhou-se com os senhores grandes proprietarios de terras, buscando e apoiando reforma agrária contraria aos ideiais da teologia da libertação com influència marxista. Mas um evento teve lugar três semanas depois da sua eleição que iria definitiva e decididamente transformar o ascético e timido Romero (a semelhança do imprevisto incidente protagonizado por Rosa Parks, de Montgomery na noite de 1 de Dezembro de 1955, fez emergir o intrasigente e indómavel Moisés; Luther King).

O primeiro sacerdote do arcebispo, Rutilio Grande, foi emboscado e morto junto dois outros co-sacerdotes. R. Grande era um alvo a abater pelos militares, porque ele defendia abertamente o direito dos camponeses em organizarem-se em cooperativas agricolas. Ele denunciava que os cães dos grandes proprietarios de terras, comiam melhor alimento que os filhos dos camponeses que trabalhavam para os senhores ‘feudais’. Durante a noite, Romero saiu do seu comódo dirigindo-se a casa mortuária, para ver pessoalmente o cadaver do R. Grande (e prestar o último tributo ao seu companheiro) e de outros mortos com ele, entre eles estava uma criança de apenas sete anos de idade, a casa mortuária estava apinhada de camponeses desesperados com o terror estampados nos rostos, silenciosos e angustiados eles interrogavam com os olhos Romero; “vai apoiar-nos como fez R. Grande?” os camponeses dolorosamente desesperançados rogaram ferverosamente por um novo bom pastor que os guiasse ‘para pastos verdejantes’ e que os tratasse com ternura, como R. Grande o fizera em vida, e naquela noite obtiveram milagrosa e silenciosamente um. Naquela noite emergiu realmente o Arcebispo do Povo, o defensor intrasigente da verdade, e o amigo e irmão dos oprimidos.

Romero, entendeu que a igreja é muito mais do que a hierarquia, Roma, teológia ou clérigos – mais do que uma instituição – naquela noite ele viu claramente o povo como a igreja em si mesma. “Deus necessita das proprias pessoas, ‘disse ele’ “para salvar o mundo... o mundo das pessoas pobres ensina-nos que, a Libertação só chegará quando estas deixarem de estender a mão para o governo e para a igreja, mas quando eles próprios serem os protagonistas da sua propria luta de libertação.”

A enorme e inconsolável consternação de Romero, era constatar de que ele por si só não poderia parar a violência.

No proximo ano observou ou registou que cerca de 200 catequistas e camponeses que o acompanharam na sua caminhada no interior do País foram mortos, cerca de 7.500 Salvadorenhos foram assassinados, um milhão de Salvadorenhos ficaram sem tecto e corriam constantemente de um lado para o outro, fugindo das balas dos beligerantes, e tudo isso num País de cinco milhões e meio de habitantes. Tudo que Romero tinha para oferecer ao povo eram as suas ‘francas’ homilias em defesa e apoio do povo, radiodifundido atravês do País, sua voz assegurava a todos os habitantes de El Salvador, que as suas palavras não iriam parar imediatamente as atrocidades praticadas pelos soldados governamentais, mas que tinha transformado a sua igreja na igreja dos pobres, e que esta igreja viveria com eles e que estava incondicionalmente do lado dos pobres, denunciando a opressão e a injustiça.

“se um dia eles confiscarem a estação de rádio de nós... se eles não nos deixarem falar, se eles matarem todos os sacerdotes e o arcebispo também, e deixarem o povo sem sacerdotes, cada um de vocês deve transformarem-se no microfone de Deus no mensageiro de Deus, cada um de vocês deve tornar-se num profeta.” Exortava amiúde o Arcebispo, antevendo o seu inevitável sacrificio, e preparando o rebanho para o ‘dia seguinte’ após a sua eterna viagem para Junto do Senhor.

Em 1980, quando a violência tornou-se virulenta e extrema, Romero escreveu para o Presidente dos EUA, Jimmy Carter, rogando-o para que ele cessasse de mandar ajuda militar, ele escreveu; “esta sendo usado para reprimir o povo” os EUA, enviava cerca de Um milhão e meio de USD por dia, durante doze anos, sua carta não encontrou ‘eco’ no ‘coração’ empedernido dos dirigentes dos EUA que estavam loucamente obsecados num único objectivo; ‘travar a todo custo a ameaça comunista’. Monsenhor, Dom Óscar Romero, foi assassinado dois meses mais tarde de ter escrito a carta para o Presidente Jimmy Carter.

Aos 23 de Março, Romero caminhou destemidamente sobre o fogo expondo-se corajosamente, abertamente desafiou as forças armadas governamentais, compostos maioritariamente por camponeses, cujo alto comando temia e odiava sua reputação. Finalizando uma longa homilia radiodifundido atravês do País, sua voz (dirigindo-se para o efectivo das Forças Armadas e da Guarda Nacional Republicana)ecoou; “irmãos, vocês fazem parte do mesmo povo; vocês estão matando seus compatriotas,seus irmãos, camponeses como vocês... nenhum soldado é obrigado a obedecer uma ordem imoral e contraria a vontade de Deus...” uma estrondosa ovação de aplausos interrompeu-o, inquestionavelmente ele estava a convidar os soldados das forças governamentais a desertarem e a amotinarem-se. Depois sua voz serena e segura continuou, “no nome de Deus, no nome do sofrimento do povo eu peço-vos, eu rogo-vos, EU ORDENO-VOS no nome de Deus: PAREM COM A REPREENSÃO.”

O assassinio de Romero, foi um aviso selvagem. Mesmo alguns que ‘atenderam’ o funeral de Romero foram mortos a tiro por franco-atiradores do exército que se postaram no telhado do edificio defronte a catedral. Até os dias de hoje, desconhece-se quem atirou contra Romero (mas suspeita-se de quem partiu a ordem para o efeito), o que realmente perdura e vinga é a sua promessa. Dias antes do seu assassinato tinha dito a um reporter, “podes assegurar as pessoas (a junta militar), que se eles forem bem sucedidos em matar-me, eu perdoarei quem o fazer e o abençoarei. Espero assim que finalmente eles possam compreender de que eles perderam simplesmente o seu tempo. Um bispo morre, mas a igreja de Deus, que é pertença do povo, nunca perecerá.”

A opção preferencial pelos pobres é um convite para a Igreja como um todo e para cada seguidor de Cristo. “O cristão, se não viver este compromisso de solidariedade com o pobre, não é digno de chamar-se cristão”, ele dizia. E continuava: “Por isso, os pobres marcaram o verdadeiro caminho da Igreja. Uma Igreja que não se une aos pobres para denunciar, a partir deles, as injustiças que se cometem contra eles, não é a verdadeira Igreja de Jesus Cristo” (Homilia, 23 de setembro de 1979). Nisso, ele reconheceu sua missão como arcebispo: “Creio que fazer esta denúncia, na minha condição de pastor do povo que sofre a injustiça, seja meu dever.- concluiu com tranquilidade.

Isto (a denuncia da injustiça) me impõe o Evangelho, pelo qual estou disposto a enfrentar o processo e a prisão” (Homilia, 14 de maio de 1978).

Dom Óscar Romero, em nenhuma ocasião fez ‘ouvidos de mercador’ as angustias, súplicas e gemidos do povo e de todos aqueles que sofriam com a injustiça, em nenhum momento pactuou com os da classe politica, conviveu vez por outra com dignatários do regime, também era procurado por personalidades da oposição politica de todas as ‘cores e matizes’, mas fez dos pobres, humildes e oprimidos seus companheiros permanentes e habitual, defendendo-os intrasigentemente, em nenhum momento ‘procurou’ negociar esta ‘atitude’ e muito menos procurou influenciar as populações de acordo o pedido da ditadura militar, a cooperar e ‘venerar’ os perpetradores do mal e da injustiça, aqueles que semeavam a dor e o luto implacávelmente no solo Salvadorenho.

Certo dirigente de uma organização partidária marxista, confessou-o (a Romero) abertamente; “estavamos enganados a igreja demonstrou que NÃO É O ÓPIO do povo, tem sido uma enorme ajuda e comforto para o sofrimento e consciencialização das classes mais exploradas e oprimidas” A religião torna-se inevitavelmente o ópio do povo, quando matêm uma atitude dúbia, “não é peixe nem carne” consola hipocritámente o sofrimento do povo em beneficio do regime, ao mesmo tempo que ‘mama sofregamente das tetas’ do regime, fazendo o papel de mais uma ‘correia de transmissão’ do regime para manter o povo silenciado, humedecido e ‘castrado’, exortam hipocritamente; “dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” mas eles próprios (os pastores caudilhistas) deixam de honrar a Deus, para honrar exclusivamente César, prometendo que a hipotética ‘ recompensa’ dos pobres está nos Céus, e que o ‘dever’ do cristão é HONRAR A CÈSAR, ‘castrando’ a mente e o coração, buscando eles próprios a recompensa imediata junto de César.

EPÌTETO

A cada ano que passava, as suas homilias/profecia se tornava mais incisiva. No dia 11 de maio de 1978, fazendo eco às palavras de Dom Helder Câmara: «Se damos uma esmola aos pobres, somos considerados bons cristãos; mas se defendemos seus direitos e sua dignidade, somos taxados de comunistas» -, Dom Oscar retrucava a seus acusadores: «Podem chamar-nos de loucos, subversivos e comunistas, mas nada fazemos senão anunciar o testemunho revolucionário das bem-aventuranças, que proclamam felizes os pobres, os sedentos de justiça e os que sofrem».

GALERIA DOS SANTOS

O século XX foi sem sombras de dúvidas, o mais sangrento da história da humanidade. E o século de gigantes lutadores contra a injustiça; Martin Luther King, Oscar Arnulfu Romero Galdámez, Mahtma Ghandi, Madre Elisabeth da Russia, Madre Teresa de Calcutá, pastor Dietrich Bonhoeffer, Conego Manuel das Neves, Joaquim Pinto de Andrade, Desmond Tutu e tanto outros.

• 1994. – abre-se o processo de canonização de Dom Óscar Romero, em El Salvador.

• 1997. – O processo passa para a Congregação das causas dos Santos em Roma.

• A doutrina central de Jesus Cristo, consiste na aplicação inequivoca da Justiça.

EM ANGOLA

Qual a leitura que podemos fazer da actuação em Angola, das maiores confissões Cristâ? Utilizam o pulpito das respectivas igrejas para Fazerem o papel de JUDAS? Que traiu o mestre com 30 moedas? (carros luxuosos, mansões de luxo, contas bancarias chorudas, bolsas de estudo no exterior para os filhos (muitos deles ‘batizados’ de afilhados) enteados, sobrinhos etc.

Não se espera que as igrejas, conduzam manifestações públicas ou incitem a violência pura e gratuita, mas que TOMEM POSIÇÔES JUNTO DO POVO. Estão ALHEIOS ao que que se passa na sua volta? Será que observam bem e com atenção os rostos dos milhares de pessoas, em especial os jovens e os idosos que a eles recorrem em busca de refrigério espiritual?.. são pessoas felizes? Alegres? E com confiança no Futuro?.. Porque fingem não ‘ver’ o desenfreado enriquecimento ilicito dos caudilhistas de JES, a corrupção endémica? (causa do empobrecimento de milhões de cidadãos), As prisões arbitrárias? Os assassinios de inocentes? Etc etc.

Os pastores das referidas denominações podem usar o metódo do Arcebispo do Povo, e mais podem ser os porta-voz do povo, comecem por visitar os bairros mais miseraveis onde se encontram os verdadeiros FILHOS DE DEUS e oiçam os seus gemidos e súplicas, tentem contabilizar o nr de enterros que diáriamente ocorre em Luanda e nas grandes urbes de Angola, e sintam em primeira mão, na primeira pessoa a atroz miséria, a vida que mais parece o ‘inferno’ aliás pior que no ‘inferno’, a que eles se encontram submetidos, pela vontade de um punhado de individuos que se dizem ser ‘eleitos de Deus’ e proprietários de Angola, os causadores do enorme martirio do povo... com a benção das igrejas e dos seus Pastores.

As igrejas Angolanas hoje, defendem a opção preferêncial da oligárquia, há muito abandonaram inescrupulosamente o povo, (pois estes, na sua execrável, desgraçada e putrida miséria não têm nada a oferecer. A oligarquia têm milhões de toneladas de ouro a oferecer; AGORA).

Os cães dos governantes e caudilhistas do MPLA-JES, alimentam-se melhor que os filhos do povo. Tudo isso sob o olhar silencioso e cumplice das igrejas.

Romero Vive!... no interior de cada alma, vitima da injustiça e opressão.

Tentei amar a humanidade e servi-la. Fui o Tambor da Justiça e da paz. Após a morte ficara a minha vida que entreguei toda a causa”. – Luther King

“Não temeis aqueles que podem matar o corpo, mas não podem matar a alma, temei antes AQUELE que pode destruir o corpo e a alma…” – Mateus 10; 28


Nguituka Salomão

Angola

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